Lesões, Otamendi e uma garantia para o Santa Clara: tudo o que disse Bruno Lage

NACIONAL14.02.202515:00

Treinador do Benfica esteve em conferência de imprensa, antevendo o duelo deste sábado nos Açores. Lamentou o pouco tempo de descanso da equipa e falou sobre as soluções que tem de encontrar para colmatar as ausências

- Como antecipa o jogo com o Santa Clara, nos Açores?

- O Santa Clara está a fazer uma Liga muito boa. Sabemos das dificuldades que é enfrentar o Santa Clara. Sabemos que jogam com uma linha de cinco, com bons mecanismos, muito agressiva no ataque à profundidade, os três homens da frente com uma dinâmica muito boa e muitas trocas posicionais. Sinto que a nossa equipa se dá bem a enfrentar linhas de cinco. Estou bastante otimista em relação ao jogo e estamos preparados para fazermos um bom jogo.

- No espaço de cinco dias, o Benfica faz quatro viagens, como é que gere o plantel com esta sobrecarga e este jogo com o Santa Clara obriga-o a dar minutos a quem tem jogado menos?

- Vou socorrer-me da minha cábula [mostra caderno com várias anotações]. O que mais custa é o intervalo de tempo entre os jogos. Jogámos às 21.00 horas no Mónaco e ao terceiro dia jogamos às 17.00 horas nos Açores. Nem teremos o mínimo de 72 horas para prepararmos este jogo. Temos de olhar para todos os dados e escolher o melhor onze em cada momento. É perceber quem está fresco e disponível para fazer o jogo em função do que é a estratégia.

- Di María faz hoje 37 anos e lesionou-se na coxa esquerda novamente, frente ao Mónaco. Como foi feita a gestão de Di María e se o regresso do jogador não terá sido demasiado rápido? E já agora, já viu as imagens do alegado penálti de Florentino frente ao Moreirense?

- Começo por aí, depois do dia do jogo com o Mónaco, a minha agenda foi chegar aqui, almoçar, treinar, chegar a casa às 20.00 horas e estar com a família e estar aqui hoje para preparar o jogo. Ainda não tive a oportunidade de ver as imagens e quando percebi que são imagens da bancada, nem vou ver. Eu sou licenciado em Educação Física, Saúde e Desporto. Até sei o que é o esternocleidomastóideo. Nós tomamos decisões em cima de factos. Para além do meu conhecimento, tenho dados objetivos do treino e as sensações dos jogadores. Na primeira que saiu de campo, Di María não esteve lesionado, sentiu um desconforto. Fizemos uma ecografia que foi analisada por radiologista de dentro e de fora do Benfica e o jogador não tinha qualquer tipo de lesão. Depois, fez todos os testes que entendemos ser necessários, atingiu os 30km/h no treino, exercícios próprios de mecanismos, fizemos as mesmas solicitações que costumamos fazer no jogo. Tenho um elemento na equipa técnica, o Alexandre Silva, só focado nisto. O jogador não tinha dor passado dois dias, fez mais um treino e estávamos seguros para o utilizarmos o mais rapidamente possível. E assim foi. Sempre que colocamos 11 jogadores em campo, ou até no aquecimento ou no treino, qualquer um está sujeito a lesão. No nosso trabalho, as decisões são tomadas por base em dados científicos, nos resultados de exames que os jogadores fazem e nas sensibilidades do jogador.

- Sobre as declarações de Di María num podcast, em que fala de propostas que recebeu da Arábia Saudita e que rejeitou para assinar pelo Benfica. Espera que a continuidade dele no Benfica fique rapidamente fechada?

- Este assunto tem de ser tratado no tempo certo, mas o que mais importa é o sentimento do jogador. Conheço vários jogadores com esse sentimento: ao invés de irem para campeonatos de dimensão menor, preferem acabar a carreira num sítio que seja especial. Oi no mesmo sentido que vi as declarações do João Cancelo. Têm essa ideia na carreira e no tempo certo, será tomada a melhor decisão, quer para o Benfica, quer para o jogador.

- Quem é opção para lateral direito frente ao Santa Clara e como está a gerir esta situação?

-A opção de lateral direito para amanhã é o Leandro Santos. E a gestão dele foi feita desde o início da minha entrada. Tentar identificar um potencial jogador para cada posição, porque essa também é a tarefa do treinador do Benfica, tendo em conta o passado que tenho na formação, de identificar em três mercados: internacional, nacional e a nossa Academia um potencial jogador para cada posição. Esse jogador foi identificado, começou desde cedo a trabalhar connosco, passou a jogar mais tempo na equipa B e está pronto para jogar. Vai ser o titular amanhã.

- Arrepende-se de não ter tido uma postura mais agressiva e compradora no mercado de janeiro, tendo em conta as lesões que há na equipa?

- Tínhamos Bah, Tomás Araújo, Aursnes podia jogar lá, ainda há o Leandro e o Diogo Spencer. Temos cinco soluções sólidas [para lateral-direito]. Fizemos o mercado que tivemos de fazer, fomos em busca dos acertos que eu achava que podíamos fazer, em função também do mercado. Acho que fizemos um mercado bom.

- Com a sobrecarga de jogos, teme que isso possa agudizar a onda de lesões da equipa e se os colegas terão receio de jogar com mais intensidade, quando veem que tantos colegas estão a lesionados?

-Os jogadores quando entram em campo só pensam em jogar. Cada vez que há uma lesão em qualquer plantel do mundo, partindo de uma ideia em que existem dois jogadores por posição, numa equipa como o Benfica que joga a cada três dias, e agora nem vamos conseguir fazer isso. A partir do momento em que um jogador deixa de poder contribuir por lesão, os outros jogadores serão sujeitos a uma solicitação maior e também estão mais sujeitos a lesionarem-se. Amanhã, o que eu não quero é colocar jogadores em risco. Isso faz parte da vida, cabe-me a mim encontrar soluções, que existem no nosso plantel, que diariamente trabalham comigo. Já trabalharam comigo praticamente todos os jogadores da equipa B e de sub-23, com uma grande rotatividade. Conheço perfeitamente os dois plantéis e eles também vão tendo um conhecimento cada vez melhor do que eu quero para cada posição e é ali que vamos encontrar soluções para cada momento.

- Tomás Araújo está apto para o jogo com o Santa Clara?

- Não sabemos, ainda teremos tempo para analisar a situação do Tomás.

- A cada jogo sente-se a influência de Otamendi no Benfica, ele que é totalista de minutos na UEFA Champions League, preocupa-o perder o central que está em final de contrato e gostava que este renovasse com o Benfica?

- Sobre o Nico, dou a mesma resposta que dei sobre o Di María. Têm os dois 37 anos, aproveito para lhes dar os parabéns publicamente, são dois profissionais excelentes, com uma dedicação muito grande. O que eu quero realçar como exemplo é a forma como os dois, que já ganharam o que ganharam, celebraram a conquista da Taça da Liga. A seu tempo, o presidente, com a minha opinião e consoante o que for o melhor para o Benfica e para os jogadores, será tomada a melhor decisão para todos.