Braga já vencia por 2-0 ao oitavo minuto, sofreu mais do que devia, mas agarrou vitória importante
«Vamos correr riscos». O anúncio de Carlos Carvalhal na véspera prometia um SC Braga audaz para tentar somar a segunda vitória na Liga Europa. O adversário prometia ser duro, e o treinador avisava que uma equipa a jogar a 99% podia não ser suficiente.
Mas aquela pressão até ao guarda-redes logo na primeira posse de bola alemã nem parecia ser risco desmesurado. Ainda assim, foi suficiente. Com 78 segundos de jogo, Bruma já dava vantagem aos bracarenses. Porque Baumann também quis correr riscos, deixou-se pressionar por El Ouazzani e depois colocou a bola nos pés do extremo português, que traçou logo ali o primeiro arco do triunfo.
E perante aquele cenário, se calhar não seria necessário correr assim tantos riscos, terão pensado os jogadores. Mas para garantir que assim era, Bruma decidiu dar mais força à entrada fulgurante do SC Braga na partida. Roubou uma bola a meio-campo, galgou metros na ala esquerda e serviu Ricardo Horta no meio. Com a equipa alemã descompensada, o capitão serviu Roger na ala direita e o jovem traçou novo arco para dar contornos de vitória na Pedreira, com apenas oito minutos decorridos na partida.
O que aconteceu depois, porém, é difícil de explicar. Apesar da entrada perfeita, a equipa de Carvalhal ficou nervosa. Inesperada e incompreensivelmente nervosa. Os erros arsenalistas começaram a suceder-se. Matheus teve uma saída sem nexo e foi salvo por Niakaté. Mas depois desse teste falhado, tornou-se um autêntico líbero a cortar o espaço nas costas da defesa e varrer o que podia. Porque a bola parecia que queimava nos pés dos jogadores bracarenses e as posses de bola eram demasiado fugazes. Depois, já nem espaço havia para Matheus cobrir, porque os alemães encostaram o SC Braga ao último reduto.
A equipa portuguesa sofria com a pressão adversária. Sofria ainda mais nas bolas paradas, nas quais o Hoffenheim conseguia encontrar sempre alguém solto. E aí assim, viu-se risco arsenalista. Risco de colocar em causa um jogo que tinha começado da melhor forma possível.
Na linha lateral, Carvalhal desesperava. Olhava para o relógio insistentemente, ansioso para falar aos jogadores. E apesar de o Hoffenheim ter criado oportunidades para tal, ao intervalo a baliza bracarense continuava a zeros.
Avançado português voltou a marcar e ainda abriu o livro num par de momentos; Vítor Carvalho fez uma grande exibição, coroada com um golaço; Roger também faturou, com um belo golo de primeira
Depois, não se sabe o que Carvalhal disse no balneário. Adivinha-se, porém. E as palavras que atirou no túnel instantes antes do recomeço da partida dá ainda mais força à suspeitas. «Vamos segurar a bola! Vamos segurar a bola!»
E resultou! Com o adversário a correr atrás da bola e o SC Braga à frente do tempo, a partida mudou de figura. E nem foi preciso arriscar muito. Bastou controlar aquilo que já estava bem feito para assegurar a vitória que estava encaminhada.
Bruma foi tendo os seus fogachos de magia para manter o respeito do adversário, como aquele aos 68’, com uma espécie de roleta encostado à linha lateral, a lançar Roberto Fernández. Só que com tudo para fazer o terceiro, o espanhol fez um passe ao guarda-redes adversário.
Ainda assim, os calafrios defensivos passaram. E já nos descontos da partida, a tranquilidade da vitória foi abalada por uma bomba de Vítor Carvalho. Depois de mais uma bela jogada individual de Bruma – haja fôlego! – o médio brasileiro apanhou uma segunda bola à entrada da área e encheu-se de fé para arrancar um grande golo.
E sem riscos em excesso, o SC Braga soma três pontos, chega aos sete e sobe ao 18.º lugar, uma posição bem mais confortável quando há três jornadas por jogar.