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Euro 2025: Navegadoras de raça ainda sonham com passagem (crónica)
GENEBRA — Uma mão cheia de mudanças em relação ao onze usado no jogo inaugural, em que Portugal foi goleado por Espanha (0-5), e também outro sistema de jogo.
Francisco Neto apostou numa equipa mais afoita, menos afunilada no seu reduto, com as Navegadoras a apresentarem-se num 4x4x2, em vez do 3x5x2. Patrícia Morais assumiu as redes, relegando Inês Pereira para o banco — uma alternância que tem sido frequente —, tendo pela frente Ana Borges, Diana Gomes, Carole Costa e Joana Marchão. No miolo um losango: Fátima Pinto a 6 (mais recuada), Andreia Norton e Fátima Pinto interiores e, a surpresa na equipa titular, Kika Nazareth, de regresso à competição após paragem desde março, nas costas das avançadas, Ana Capeta e Diana Silva.
Certo é que, em termos de comparação com o duelo ibérico, a equipa portuguesa mostrou-se mais agressiva, a conseguir pressionar mais a portadora da bola e defensivamente mais coesa. Ainda assim, até ao intervalo, Portugal viu as transalpinas acertarem no travessão — aos 21', na sequência de um livre cobrado por Boattin, Salvai acertou no ferro — e terem um golo anulado — aos 37 minutos, por fora de jogo assinalado a Severini, após defesa incompleta de Patrícia Morais a cabeceamento de Girelli.
Com mais posse de bola, é certo que as Navegadoras rondaram a baliza à guarda de Laura Giuliana, mas não conseguiram nenhum remate enquadrado.
No reatamento, com o avançar dos minutos, as italianas foram ficando mais desconfortáveis, a falhar passes, a perder lances no um para um, com Kika Nazareth, nesse capítulo, a fazer a diferença.
Até que, no melhor momento de Portugal, um rasgo de individualidade, com um golaço de Itália, num pontapé fortíssimo, cruzado, colocando a bola ao ângulo superior esquerdo de Patrícia Morais... Um verdadeiro balde de água fria.
Reagiu bem a equipa das Quinas, que já havia sido refrescada, com Jéssica Silva a fazer valer-se da sua velocidade e, combinando com Kika Nazareth, a puxar Portugal para o último terço do campo. Até que Portugal pensou mesmo ter chegado ao golo — aos 80 minutos, com Diana Silva a rematar na recarga de um livre cobrado por Kika Nazareth, mas a camisola 17 estava em fora de jogo, determinou o VAR.
Ainda assim, diga-se, este golo que não contou galvanizou a equipa lusa, e as entradas de Dolores Silva e Telma Encarnação trouxeram sangue na guelra, até que o estádio quase veio abaixo, aos 89', quando após cruzamento de Dolores Silva, da esquerda, Diana Gomes rematou de primeira, de pé direito, assinando o empate.
Os últimos minutos — sete de tempo extra — foram de cortar a respiração: Patrícia Morais negou golo a Severini; bola que saiu dos pés de Fátima Pinto rasou o poste esquerdo; e Ana Borges viu duplo amarelo e foi expulsa.
Agora, de calculadora na mão, Portugal tem (obrigatoriamente) tem de ganhar à Bélgica e fica a depender do resultado de Espanha contra Itália: só uma vitória das espanholas serve, e a Seleção ainda tem de recuperar de seis golos de desvantagem para as italianas...
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