Benfica: Schmidt mais fragilizado
Roger Schmidt volta a estar sob pressão no Benfica Foto: Maciej Rogowski/IMAGO

Benfica: Schmidt mais fragilizado

NACIONAL08.04.202407:45

Eliminação na Taça de Portugal e cada vez mais improvável revalidação do título reforçam insatisfação em elementos da SAD; continuação do treinador será avaliada, apesar de ter contrato até 2026

Há um ano e oito dias, Roger Schmidt, na última pausa para as seleções até ao final da época, prolongou o contrato de 2024 para 2026. O Benfica liderava o campeonato com mais dez pontos que o FC Porto e preparava-se para jogar os quartos de final da Liga dos Campeões com o Inter. Conquistou o título com mais dois pontos que os dragões. Desde então muita água correu sob a ponte e os primeiros sinais de preocupação com a baixa de rendimento da equipa transformaram-se em insatisfação — entre adeptos mas também entre alguns elementos da SAD.

Os dois últimos dérbis — empate na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, na Luz, e derrota em Alvalade, para o campeonato — significaram o adeus sem glória a mais uma competição e, provavelmente, o adeus à revalidação do título. «Está nas mãos do Sporting», reconheceu o treinador. Mas, além disso, reforçaram a convicção, em quem na Luz já estava descontente, de que o treinador é o principal responsável por uma época que começou bem, com a conquista da Supertaça, e pode acabar mal, sem mais troféus.

O momento, por agora, é de cerrar fileiras. Desde logo pela importância do segundo lugar, que até poderá dar acesso direto à Liga dos Campeões, desde que o vencedor da Liga Europa se apure para a Champions através do seu campeonato. E, depois, porque o Benfica entra já em cena, quinta-feira, na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa, contra o Marselha, através da qual, se a vencer, também entra diretamente na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Nenhuma decisão, porém, será tomada sem o final da época e sem a devida ponderação sobre os resultados finais. Mas o futuro de Roger Schmidt, que ganha €4 milhões limpos por época, será discutido na SAD. A questão de eventual rescisão sem justa causa é importante e implicaria, incluindo impostos, o pagamento de cerca de €16 milhões. Mas poderia haver entendimento, como aconteceu com outros treinadores, para o pagamento de salário até Schmidt encontrar outro clube. Tudo, por agora, apenas possibilidades.

Os 'pecados' de Schmidt

O Benfica investiu perto de €100 milhões esta temporada, mas a aposta desportiva não tem sido correspondida no desempenho da equipa. Na SAD há quem entenda que não está a ser retirado o rendimento do valor do plantel, em particular de alguns jogadores, como Orkun Kokçu ou Arthur Cabral. E alguns dos reforços indicados pelo treinador, como David Jurásek, este com um custo de €14 milhões, não corresponderam ao esperado.

O plantel tem estado ao lado do treinador, mas alguns jogadores já partilharam em círculos próximos — sabem também alguns elementos da SAD e outros que acompanham o futebol profissional — alguma insatisfação pelas opções de Schmidt.

«Dêem-me o papel certo no Benfica!»

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Orkun Kokçu sente que as suas maiores qualidades como jogador não têm sido potencializadas na Luz e está revoltado por não conseguir mostrar realmente que tipo de jogador é

Orkun Kokçu foi o único a manifestar publicamente a insatisfação, acusando Schmidt de não lhe dar o papel certo, reclamando mais liberdade e lamentando nunca se ter sentido importante no clube. E não teve receio de partilhar que sentiu raiva e deceção por ter sido substituído tantas vezes.

A própria metodologia, que, por exemplo, não valoriza a partilha à equipa de vídeos da análise dos adversários, a gestão da equipa e a forma como o técnico utiliza as substituições também causam algum desconforto em alguns jogadores.

Milhões no banco

Nos dois dérbis com o Sporting, por exemplo, apenas dois reforços contratados esta época entraram de início — Trubin, que custou €10 milhões, e Di María, que chegou a custo zero, depois de acabar contrato com a Juventus. Na segunda parte, Schmidt apostou em Arthur Cabral, contratado à Fiorentina por €20 milhões para substituir Gonçalo Ramos, aos 71 minutos, enquanto Kokçu, investimento mais elevado de sempre (€25 milhões), e Marcos Leonardo (€18 milhões) só entraram na compensação.

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