Benfica: Kika e João Neves revelam segredos
João Neves e Kika Nazareth. Foto: D.R.

Benfica: Kika e João Neves revelam segredos

NACIONAL12.03.202419:55

Avançada e médio contam como tudo começou no futebol, falam do apoio dos pais e da alegria do primeiro golo pelo Benfica

Kika Nazareth e João Neves, 21 e 19 anos, figuras mais queridas das equipas feminina e masculina de futebol do Benfica contam alguns segredos, em entrevista partilhada pelo canal de YouTube Futbol Emotion PT.

Dos primeiros pontapés na bola pelo prazer à felicidade pelo primeiro golos nas equipas principais das águias e outras revelações.

— Sempre quiseram ser jogadores?

João Neves – No início, jogava mais como hobbie e fui criando a paixão. Ainda não vejo o futebol como uma profissão, isso é bom. Só há três/quatro anos, quando me apercebi que isto era algo sério. No início do futebol profissional, os meus colegas foram muito prestáveis, ainda me ajudam a crescer. Tive sorte.

Kika Nazareth – Ao início era tudo muito natural. Costumo dizer que não tenho sonhos. Só me apercebo quando olho para trás e penso: ‘Joguei um Mundial. Ok, isto era um sonho.’ No início era diversão, na desportiva, agora que estamos neste contexto é que as coisas começam a ser mais sérias e começamos a ter mais noção de que isto é real.

— Qual foi a sensação de marcar o primeiro golo oficial como sénior?

João Neves- Foi um misto de emoções, curiosamente contra o rival [Sporting]. Como foi o golo do empate e queríamos ganhar não deu muito tempo para festejar. Foi aquele momento de ver a bola entrar na baliza, dar dois ou três gritos e festejar.

Kika Nazareth – Foi ainda na II Divisão, contra o Amora, o jogo estava resolvido, acho que fiz o 8-0. Lembro-me de ter os meus pais na bancada, o meu pai é superbenfiquista. Lembro-me do nervoso miudinho, mas, mais uma vez à procura da felicidade e da alegria e não: «‘Marquei um golo’. Foi o desfrutar do momento.

— Que o apoio que vos deram os pais?

Kika Nazareth – A minha mãe, ao início não foi a maior fã, porque [o futebol] ainda era considerado um mundo muito masculino. Agora, e bem, as coisas estão a mudar. Hoje, tanto a mãe como o pai são pessoas presentes, não em demasia, porque também gosto que haja um bocadinho de distância, mas são as pessoas que mais me apoiam e são os maiores fãs.

João Neves – Também vou recuar alguns anos. No início, a minha mãe não era tão apologista do futebol, vim para cá [Seixal] com 11 anos. Ela era a minha tutora na parte escolar do que no futebol. Vivia aquilo mais no improviso, ‘se der, dá’. O meu pai, não, acompanhava-me mais, ia aos jogos fora, ainda agora vai a Áustria, Barcelos, Chaves.

- Alguma vez sentiram discriminação no futebol?

João Neves – Não tenho muito a reclamar. Quando vim para cá, era mais à base do rendimento que do potencial. Faz sentido porque queríamos ganhar jogos. Nunca deixei de jogar apesar da estatura mais baixa, equilibrar inteligência com o físico. Esse é um ponto muito forte no meu jogo.

Kika Nazareth – Acabo por ser um elo entre as gerações passadas e futuras. Tenho muitas colegas de equipa que passaram e vivenciaram essa discriminação, que também eventualmente vivenciei, mas sempre lidei com isto de forma natural. Estava a borrifar-me se jogava com rapazes ou raparigas, queria era jogar futebol. As bocas que ouvia entravam a 100 e saíam a mil. Sou, um pouco, privilegiada pelo contexto em que cresci, a mulher nunca foi desvalorizada.