Benfica e o silêncio do Sporting
Nuno Catarino, vice-presidente do conselho de administração da Benfica SAD, esteve esta terça-feira na 3.ª Conferência Bola Branca, organizada pela Rádio Renascença. O dirigente foi confrontado com vários temas relevantes da atualidade benfiquista, e do futebol nacional.
COMUNICADO DO BENFICA
Os encarnados emitiram segunda-feira um comunicado forte, na sequência da derrota na final da Taça de Portugal, para o Sporting, e da exibição da equipa de arbitragem.
Nuno Catarino abordou a questão.
«O Benfica tem uma visão institucional, quer valorizar o produto, promover consensos, tentar que todos caminhemos para a valorização e comercialização do produto. A grande questão aqui, daí o comunicado de ontem, parece-nos que nem todas as instituições estão preparadas, que nem todas as instituições querem avançar nesse caminho, melhorar o produto. Queremos, claramente, um novo rumo, uma nova forma de estar, mas tem que haver alterações. A natureza do comunicado, que fala por si, temos de avançar para novos rumos se queremos ter um produto melhor.»
Não é razoável que tenhamos jogos em que se passa vinte vezes mais tempo a discutir incidências do jogo.
«Não devemos centrar isto em pessoas, mas em políticas e formas de trabalhar. Temos um recém-eleito conselho de arbitragem, que tem de olhar para os problemas de frente e ver o que é preciso alterar. Não é razoável que tenhamos jogos em que se passa vinte vezes mais tempo a discutir incidências do jogo, relacionadas com as arbitragens, relacionadas com a heterogeneidade como o VAR atua, e como é o protocolo do VAR, passamos vinte vezes mais tempo a discutir incidências do que o jogo, que é o que as pessoas querem ver, é o nobre.»
Quando as coisas são inexplicáveis, as pessoas têm de explicar. Têm de ser divulgadas as notas dos árbitros, as notas do VAR, os áudios, como pedimos.
«A participação está concluída, tem os seus objetivos, isto é chamar as pessoas à responsabilidade. As pessoas têm de ser chamadas à responsabilidade. Do ponto de vista do Benfica, está na participação, falhou a equipa de arbitragem como um todo, tem um chefe, que é o árbitro principal, e falhou o VAR, de uma forma totalmente inexplicável. Quando há coisas que são à vista de todos e vistas por todos, cada um pode responder por si próprio. Até pessoas que não gostam de futebol viram... também são só 33 câmaras e uma equipa inteira a ver... Não vale estarmos a perder tempo. Quando as coisas são inexplicáveis, as pessoas têm de explicar. Têm de ser divulgadas as notas dos árbitros, as notas do VAR, os áudios, como pedimos.»
SPORTING
«O silêncio do Sporting? O Sporting terá as suas razões. Se esperava outra atitude? Não fizemos o comunicado à espera de um contra-comunicado, fizemo-lo porque achámos que era a atitude e momento certos, não dava para esperar mais, tínhamos motivos para o fazer.»
CENTRALIZAÇÃO DIREITOS TV
«Queremos trabalhar para a valorização do futebol português como um todo. Obviamente queremos valorizar o Benfica, é o objetivo principal, mas isso implica também valorizar o futebol português. Mas sem darmos um passo atrás, que é o que temos de fazer, fazer ma reflexão sobre vários elementos essenciais, e não é só o tema da arbitragem, ou da videoarbitragem, também a reformulação dos quadros competitivos, há de facto vários elementos que temos de discutir... dar um passo em frente, temos de pensar se não estaremos a dar um passo para um precipício. Acho que temos de dar um passo atrás, refletir, e depois poderemos dar dois passos em frente.»
«Sempre estabelecemos princípios básicos que parecem razoáveis em relação à centralização dos direitos. O Benfica tem as condições que tem. Correu riscos que mais nenhum clube correu na altura, a criação de um canal, tem investimentos de monta feitos nesta área; estamos disponíveis para participar num projeto de valorização do futebol português e que comece com o valor que o Benfica tem hoje e vai ter no futuro. A partir daí, o que for para melhorar e distribuir por outros, tudo bem. A forma como se vai distribuir é talvez o menos importante. Em Portugal, passamos demasiado tempo a discutir como vamos distribuir coisas que ainda nem sequer criámos. Vamos criar primeiro um melhor produto, há condições para isso. Temos o exemplo das apostas desportivas, que começou ao contrário e foi criada uma chave de distribuição do dinheiro, que é já é pouco, mas ninguém sabe para onde vai esse dinheiro.»
SUGESTÃO DE VÍDEO: