Especialista em arbitragem analisa o lance entre St. Juste e Mutombo em que foi assinalada grande penalidade que Félix Correia converteu no primeiro golo do jogo entre Sporting e Gil Vicente

Análise de Pedro Henriques à arbitragem do Sporting-Gil Vicente

Quase tudo certo com a ajuda do VAR mas há falha importante. Num jogo em que quase todas as decisões foram boas, divididas entre árbitro e videoárbitro, o caso maior foi a não expulsão por acumulação de amarelos de Maxi Araújo

3' Faltou cartão amarelo para Buatu, que ao rasteirar Trincão na zona central e já perto da área gilista acabou por cortar um ataque prometedor.

Positivo
Intervenção positiva e assertiva do videoárbitro no lance do penálti contra o Sporting e ainda o número reduzido de faltas assinaladas (24).

22' Pontapé de penálti bem assinalado após boa intervenção do VAR. Na ocasião, St. Juste ao esticar a perna direita para tentar jogar a bola acaba por tocar e derrubar a perna direita do jogador gilista, conforme explicou o árbitro aos microfones. O cartão amarelo que foi exibido ao central leonino foi por anular uma clara oportunidade de golo e como foi na tentativa de jogar a bola acabou por se enquadrar na chamada dupla penalização, que nesta situação baixa o cartão vermelho para amarelo. Decisão correta técnica e disciplinar.

45' O cartão amarelo mostrado a Maxi Araújo foi correto, pois o jogador leonino teve uma entrada fora de tempo. Quando a bola já tinha sido pontapeada por Félix Correia, o uruguaio não parou o seu movimento e entrou com o joelho à perna do seu adversário.

45+1' Pablo viu bem o cartão amarelo por não permitir a marcação rápida de um pontapé livre por parte de St. Juste. Este impedir de recomeço de jogo foi bem punido pelo árbitro.

51' Entrada negligente de Elimbi sobre Trincão, onde o árbitro não assinalou de imediato a falta, dando a lei da vantagem, mas como esta não se concretizou, de forma correta voltou atrás e marcou o livre direto e exibiu o respetivo cartão amarelo.

63' Não há motivo para pontapé de penálti sobre Maxi Araújo. O jogador uruguaio estava a recuar e chocou com as suas costas contra o peito de Mutombo, que foi empurrado pelas costas por Gyokeres. O árbitro deixou seguir o lance, mas se tivesse interrompido teria de assinalar a falta atacante dos leões.

67' Andrew, guarda-redes gilista, viu de forma correta o cartão amarelo por demorar a executar o pontapé de baliza. Boa decisão do árbitro que procurou assim evitar perdas de tempo e antijogo.

Negativo
O segundo cartão amarelo que ficou por mostrar ao internacional uruguaio Maxi Araújo. Início do jogo três minutos depois da hora.

78' Efetivamente, Zé Carlos estava fora de jogo, que foi de imediato assinalado, mas mesmo com o jogo já interrompido, o gesto e ação de Maxi Araújo, que de forma deliberada e intencional levantou o seu braço direito e com a mão acertou em cheio no rosto do capitão gilista, deveria ter sido sancionado com o cartão amarelo, que na ocasião seria o segundo e consequentemente daria a sua expulsão. De relembrar que mesmo com o jogo interrompido mantêm-se as ações disciplinares se ocorrerem e são para ser sancionadas e punidas. O VAR não pode intervir de acordo com o protocolo em segundos cartões amarelos, só em cartões vermelhos diretos. 

80' Lance legal e sem penálti de Andrew sobre Gyokeres, que ao saltar mais alto defendeu a bola com a sua mão esquerda. Chegou primeiro, não atingiu o seu adversário e jogou apenas o esférico. 

81' No golo de Maxi Araújo não houve qualquer infração de fora de jogo, pois no momento do remate de Harder o jogador uruguaio estava em linha com o penúltimo adversário. De realçar que não obstante a bola ter tocado num jogador gilista após remate de Harder, esse toque é considerado como ressalto e, portanto, nunca se considera que a bola vem do adversário (de forma deliberada) e é por isso que se houvesse fora de jogo o mesmo era assinalado. Golo legal dos leões. 

90+3' Segundo golo dos leões foi legal com três momentos para analisar: primeiro, após o pontapé de canto, Andrew saltou à vontade para a bola defendendo-a para a frente sem que Conrad Harder, que saltou com ele, o tivesse impedido ou carregado; segundo, após o remate de Quaresma, há dois jogadores leoninos em fora de jogo posicional (Gyokeres e Harder) mas que nunca tomaram parte ativa no jogo, não tendo, portanto, qualquer impacto ou interferência com os adversários ou a jogada; terceiro, por ter tirado a camisola para festejar o golo obtido, Quaresma viu o cartão amarelo de acordo com o que está previsto na lei.