Agora, palavra ao tribunal da Luz
Roger Schmidt durante o jogo Farense-Benfica. Foto: GRAFISLAB

Agora, palavra ao tribunal da Luz

NACIONAL27.04.202409:30

António Simões e Jorge Castelo comentam relação entre Schmidt e benfiquistas; criticam adeptos mas também a reação do treinador

Com o ambiente entre adeptos e treinador a aquecer a cada semana que passa, António Simões considera que é «extremamente desagradável assistir a tudo isto».

António Simões (Miguel Nunes/ASF)

O campeão europeu pelo Benfica é contra «este tipo de situações seja em que clube for», mas revela uma tristeza particular por ser o seu clube e por não gostar de ver «um treinador a ser contestado através de atitudes agressivas e desagradáveis.» O antigo extremo das águias, 80 anos, é da opinião de que «este tipo de atitudes não é justificável» e reforça a ideia: «Só porque se perde um jogo ou até um campeonato? Acabou o mundo? Só revela que há falta de cultura desportiva em Portugal.»

Por sua vez, Jorge Castelo, embora considere que as ações que se desenrolaram no final do jogo em Faro tenham sido excessivas, confessa entender o que motivou a reação dos adeptos. «Não se pode aceitar certos tipos de manifestações, mas é preciso perceber porque é que os adeptos se manifestam. Se me perguntarem quem iniciou esta situação, diria que Roger Schmidt não conhece os adeptos do Benfica, porque quando diz que quem ‘ama o futebol, ama o Benfica’, então essa frase deveria prevalecer para tudo à volta do clube. Dizer que só quer os adeptos que batem palmas no estádio e os que assobiam que fiquem em casa… foi muito infeliz», afirmou o treinador de 67 anos, que destaca ainda que «o futebol só tenha a dimensão que tem no mundo porque existem adeptos».

Jorge Castelo. Foto: Miguel Nunes/ASF

Sobre o que esperar de quem vai estar no Estádio da Luz para assistir ao encontro frente ao SC Braga, António Simões acredita que «se as coisas começarem a não correr bem, possivelmente por intolerância, poderá haver manifestações de desagrado», relembrando, ainda assim, o que aconteceu «em Faro, mesmo depois de a equipa ter vencido», frisando que «parece que até mesmo ganhando não há tolerância».

Jorge Castelo acredita que «poderá haver uma parte que reagirá negativamente logo no início», mas que, em caso de vitória, a insatisfação «poderá atenuar-se». Destaca, no entanto, que «os sócios do Benfica gostam de se manifestar quando não gostam do futebol que estão a ver e agora qualquer fósforo faz rebentar a dinamite».

Os dois concordam num aspeto: quanto mais se discutir a situação, pior esta se tornará. «O que penso é que quanto mais se fala no assunto, quanto mais se escrutinar, mais desagradável vai ser. Isto tem de parar, mas não é só Roger Schmidt e os sócios que têm de parar, são todas as pessoas envolvidas, inclusive outros clubes e dirigentes», disse António Simões, ao que Jorge Castelo acrescentou que «quanto mais se falar da situação, maior será o divórcio».