Editorial Sporting: não há campeões sem mérito

É hora de felicitar o campeão nacional e, quem sabe?, tentar ver um copo meio cheio numa Liga tão competitiva que teve sete jogos decisivos (em nove) na última jornada

Manda a boa educação — como Bruno Lage e Rui Costa fizeram, aliás, questão de demonstrar — que se comece qualquer intervenção sobre o tema, em dias como este, por saudar o campeão nacional, neste caso bicampeão.

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Na certeza de que não há campeões sem mérito, há que endereçar os parabéns ao Sporting, após uma temporada mais atípica que outras, mas que acabou por sê-lo também para os seus principais adversários, nomeadamente o que chegou até ao último ato da Liga em condições de conquistar o título, o Benfica.

Ambos viveram mudanças de treinador — por razões distintas que bem conhecemos —, ambos se viram a braços com mais lesões do que esperariam (mais fustigado o Sporting, neste ponto), ambos tiveram altos e baixos de rendimento e resultados em número superior ao expectável quando se fala de equipas com orçamentos chorudos. Ambos foram primeiros e segundos, com quedas abruptas de pontuação em poucas semanas.

Existe uma ideia feita de que o Sporting, caso Ruben Amorim tivesse continuado, seria campeão há algumas jornadas. É lícito ver assim as coisas, porque de facto o arranque de época foi muito bom e trouxe-nos, no final das contas, o melhor Sporting de 2024/2025. Mas isso é algo que nunca saberemos ao certo.

Sabemos que temos um campeão com menos pontos do que muitas outras equipas conseguiram quando o não foram em anos anteriores. Mas quererá isto dizer, necessariamente, que se trata de um campeão menor, uma espécie de menos mau dos dois?

Ou será possível tentar ver o copo meio cheio e pensar que se calhar a Liga portuguesa não é tão pouco competitiva quanto isso? Constatar que, à parte dos outros dois ditos grandes (cada um deles mais FC Porto), o SC Braga e o Vitória de Guimarães (mais diretos perseguidores dos últimos anos), cada um dos candidatos finais ao título perdeu 12 pontos com as restantes equipas, uma das quais, o Santa Clara, brilhantemente qualificada para a Europa? Perceber que se chegou à última jornada da Liga sem qualquer posição definida na tabela e que sete dos nove jogos tiveram influência no título, na Europa e na manutenção?

Talvez seja altura de valorizar uma Liga que ficou resolvida depois de quatro das chamadas Big Five, só restando Itália para os últimos momentos. Não será certamente a dizer mal de nós próprios que conseguiremos vender direitos televisivos, casos eles venham mesmo a ser centralizados.