Sporting-Benfica: a importância da Supertaça
O tempo passa muito rapidamente. A sensação que tenho é que a última época acabou de terminar e já estamos a começar uma nova. Sporting e Benfica abrem a temporada com um jogo que vale um troféu. Um dérbi é sempre uma partida especial, mas o que está em jogo é a validação das opções e estratégias que os dois clubes estão a seguir, sendo que os dois estão a implementar mudanças importantes. No Sporting, a saída de Gyokeres gera apreensão. No Benfica, as eleições de outubro estão a gerar um ataque agressivo neste mercado de verão.
Sporting: a oportunidade
O Sporting parte para este jogo com uma mudança muito relevante: a saída de Gyokeres. A poucos dias da final da Supertaça e depois de finalmente ter este dossier fechado, o Sporting decidiu atacar o alvo que tinha referenciado no mercado: Luis Suárez. Em termos estratégicos esta opção peca por tardia. A partir do momento que todos percebemos que Gyokeres iria sair, estrategicamente, teria sido importante garantir Suárez numa fase mais prematura. Refiro isto porque o jogo da Supertaça pode ter uma influência muito relevante na temporada que agora começa.
Por um lado, é importante que o jogo corra bem para o Sporting poder validar a forma como Frederico Varandas, e a sua equipa, estão a preparar a época, sendo que esta é a primeira temporada, em muitos anos, que o fazem sem a presença de Ruben Amorim. Por outro lado, se o Sporting vencer a Supertaça irá colocar uma pressão sobre um já pressionadíssimo Benfica.
Em termos estratégicos, para o Sporting, este jogo deveria ter sido preparado ao pormenor, uma vez que é uma clara oportunidade de criar instabilidade num adversário direto, que tem pela frente um ano de muitos desafios, dentro e fora do relvado. Por estes motivos, teria sido importante, para Rui Borges, ter contado mais cedo com Suárez nas suas opções. Tal possibilidade teria dado ao treinador leonino a adaptação, criação de rotinas e mecanização que a pré-época permite.
Benfica: tudo ou nada
Num ano eleitoral, estes próximos três meses são fundamentais para Rui Costa. O resumo do mandato não é positivo em várias áreas, mas todos temos a noção de que, para os adeptos, o mais importante é o que se passa dentro das quatro linhas. Assim, o jogo da Supertaça é realmente importante.
Depois de (mais) uma época abaixo das expetativas a revolução na Luz é real. O investimento que está a ser realizado nesta temporada pode ser o maior de sempre. Este facto apenas aumenta a pressão sobre todos. Rui Costa e a sua equipa diretiva estão a apostar tudo para poderem ser reeleitos.
Dentro do relvado, a bola passa para Bruno Lage que tem cada vez mais soluções à sua disposição. Adicionalmente, o jogo da Supertaça antecede a pré-eliminatória da Liga dos Campeões que é um objetivo fundamental do Benfica pela vertente financeira e desportiva. Desta forma, o Benfica só pode ter um resultado em vista. Uma vitória irá reforçar a confiança e corresponder às expetativas que estão a ser criadas.
Por outro lado, uma derrota poderá fazer com que instabilidade e dúvidas se apoderem da nação benfiquista. Para Bruno Lage, um cenário de derrota poderá ditar o seu afastamento. Para os jogadores, um cenário negativo trará maior pressão para os embates frente ao Nice. Para Rui Costa, uma derrota frente ao Sporting irá aumentar o descontentamento dos adeptos, o que poderá ter um impacto importante no resultado das eleições em outubro.
Por fim, depois do bicampeonato leonino, uma vitória do Benfica poderá também ser importante para criar dúvidas sobre a capacidade de Frederico Varandas tomar decisões sem a companhia de Ruben Amorim e Hugo Viana. Por todos estes motivos o jogo da Supertaça é, sobretudo, determinante para Rui Costa.
Parecer ou ser
Para se ter sucesso no desporto tem de se ser e não parecer. Dentro do relvado, das quadras ou das pistas só sobrevive quem tem valor e quem se dedica a 100%. A indústria do futebol tem vindo a crescer e a ser cada vez mais atrativa por todos os motivos: financeiro, entretenimento e social. Este facto faz com que cada vez mais pessoas queiram entrar neste mundo fascinante que é o futebol.
Para que o futebol continue a ser mágico e fascinante é importante que não se percam as suas bases e valores. Quero com isto dizer que o futebol não é política e que a política não se pode apoderar do futebol. Neste ponto refiro-me diretamente ao folclore que foi criado na apresentação do Benfica District, que se trata de uma ideia (e não de um projeto) conforme referiu Joana Almeida, vereadora do urbanismo de Lisboa. O evento teve como objetivo apresentar uma ideia (sem projeto apresentado e aprovado, sem financiador definido e sem entidades que irão explorar os espaços comerciais), que ainda está longe de ser efetivada, até porque não passa de um esboço bem-apresentado.
O que critico é o objetivo que lhe está associado, que é o de ganhar margem eleitoral, tanto de Rui Costa como de Carlos Moedas. Até porque, se pensarmos bem, esta ideia que foi apresentada terá de ser validada numa Assembleia Geral pelos sócios. Quando é que essa Assembleia será marcada? Antes ou depois das eleições? Logicamente será depois das eleições! Então se assim é, qual a justificação para toda a pompa e circunstância da apresentação de uma ideia como se fosse uma realidade?
O futebol é tão atrativo que todos querem tirar proveito deste fenómeno. Neste caso, estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e a Ministra da Cultura, Juventude e Desporto que validaram, politicamente e publicamente, algo que não passa de uma ideia, ou de um esboço, e que ainda necessita de muitos passos para poder ser concretizada. Quem dirige um clube nunca se deveria levar pela pressão do momento e deveria ter a capacidade de separar o real do aparente.
Por outro lado, se quem dirige as instituições não tem essa capacidade, deverão ser os agentes políticos a ter a perceção do seu papel, algo que não aconteceu. A grande conclusão é que apresentação da ideia do Benfica District não foi mais do que um momento de propaganda eleitoral.
A valorizar: André Villas-Boas
A venda de Otávio foi incrivel, assim como a ultrapassagem ao Sporting na contratação de Alberto Costa.
A desvalorizar: Kokçu
Estreou-se com uma derrota em casa frente ao Shakhtar. Será que vai voltar a desapontar?