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Rui Borges não conseguiu guiar o V. Guimarães a bom resultado diante do FC Porto (Grafislab)

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OPINIÃO24.09.202410:00

Este é o momento para recordar aquela frase muito feliz de Rui Borges no início da época: «Não basta dizer que queremos ser grandes.». 'Sentido de pertença' é o espaço de opinião quinzenal de André Coelho Lima, adepto do V. Guimarães

Escrevo após a vitória (2-0) em Braga e após a derrota (0-3) em Guimarães, contra o FC Porto. Uma vitória inequívoca do FC Porto, quão inequívoca havia sido a nossa vitória em Braga. Uma vitória, em Braga, que não é suficiente para nos fazer tirar os pés do chão e uma derrota em casa que não nos pode fazer esmorecer. Muito embora, é preciso dizê-lo, há conclusões a serem retiradas.

Intitulei a minha crónica de 13/08/2024 com a frase de Rui Borges, na antevisão do primeiro jogo do campeonato: «Não basta dizer que queremos ser grandes.» E essa é talvez a principal conclusão a retirar do jogo do passado sábado. Mais do que termos perdido contra o FC Porto, devemos refletir sobre a forma como perdemos; não pelo resultado, mas pela postura passiva e amorfa que apresentámos. Um amigo portista, após o jogo, comentou comigo «confesso que esperava mais do Vitória», e nós também! Nós todos, adeptos, mas estou certo de que sobretudo jogadores e equipa técnica. Porque temos visto o Vitória jogar, sabemos aquilo que tem demonstrado e o jogo de sábado não fez jus àquilo que sabemos ser capazes de fazer. A impressão com que fiquei foi que tememos demasiadamente o adversário o que, diga-se, não é compreensível.

Num jogo de gala, com mais de 26 mil espectadores no estádio e um espetáculo magnífico antes do jogo, vários jogadores apresentaram-se demasiado nervosos e temerosos. Há um exemplo paradigmático. Há poucas semanas, na receção ao Famalicão, Kaio César teve pela frente Francisco Moura, o defesa-esquerdo do Famalicão. Esteve constantemente a tentar driblar, a fazer aquilo que tão bem sabe fazer, partindo sem receio para cima do adversário. Este sábado, Kaio César voltou a ter Francisco Moura pela frente e não fez quase nenhuma tentativa de drible. São os mesmos jogadores, só mudaram as camisolas. Por isso mesmo este é o momento para recordar aquela frase muito feliz de Rui Borges no início da época: «Não basta dizer que queremos ser grandes.»

Tal como sucedeu com a derrota nas Aves, estou certo de que este jogo servirá como exemplo, servirá para dele serem tiradas conclusões e que o Vitória prosseguirá o brilhante percurso que tem feito, com confiança, com o seu modelo de jogo independentemente do adversário e que nos continuará a orgulhar no tanto que ainda temos para construir, no campeonato e sobretudo na Europa. Para isso deram os adeptos do Vitória um sinal inequívoco e tocante: após uma derrota pesada como a que nos foi infligida, aplaudiram a sua equipa de forma bastante ruidosa durante largos minutos. Um momento tocante de comunhão e apoio. Os vitorianos estão com a sua equipa, só temos de prosseguir.

Uma nota adicional. É impossível dizer-se que não há insultos num jogo de futebol, para mais com esta rivalidade e expectativa. Mas eu que defendo que os cânticos coletivos devam ser punidos, queria manifestar que neste jogo, com uma ou outra exceção, quase não houve cânticos coordenados de insulto à outra parte, 90 por cento do tempo foram cânticos de apoio ao respetivo clube, como deve ser. E isto também tem que ser assinalado como um caminho de progressão que se está a fazer. Este depoimento contraria em absoluto fantasiosas versões que surgiram isoladamente num só órgão de entre os que cobriu o jogo. Destaquemos o que é positivo e deixemos de procurar criar factos onde eles não existem.