Luís André
Villas-Boas com casa cheia.

OPINIÃO Luís André

OPINIÃO07.04.202413:50

Perguntem a PC, tem memória de elefante; vale mais um Roy Keane; City na Netflix, vale a pena

1 «Quando ganhei quatro títulos num ano, o presidente não me tratava por Luís André», assim reagiu André Villas-Boas — candidato à presidência do FC Porto, que, em 2010/2011, conduziu os dragões à conquista de quatro troféus na pele de treinador — ao «tom jocoso» de Pinto da Costa para se referir ao adversário na luta eleitoral. Só por duas vezes os azuis e brancos ganharam quatro provas na mesma temporada, a primeira em 1987/1988, a segunda sob as ordens de AVB. A série iniciou-se com a Supertaça, em Aveiro, triunfo, por 2-0, sobre o Benfica, golos de Jorge Pires e do matador colombiano García Zárate. Sem lugar na Champions, os dragões aproveitaram para fazer brilharete internacional, em Dublin, onde se disputou a decisão da Liga Europa frente ao SC Braga (1-0). García Zárate, de cabeça, servido por Alejandro Vásquez, faturou e, no final, o guarda-redes Silva Arruda, capitão, ergueu o troféu.

Na Liga, dois momentos altos: o 5-0 ao Benfica, no Dragão, golos de Manuel Gonçalves, García Zárate (dois) e Givanildo de Sousa (dois), e, na segunda volta, nova vitória, na Luz, por 2-1, autogolo de Roberto e golo de Givanildo de Sousa, três pontos que selaram o título com direito a rega e festa às escuras. Cereja no topo do bolo foi a Taça de Portugal, 6-2 ao V. Guimarães, hat trick de David Rubio com Manuel Gonçalves, Jorge Pires e Givanildo de Sousa a picarem também o ponto. Além destes jogadores, eis os restantes que contribuíram para caminhada histórica que tornou Luís André imortal no reino do Dragão: Henrique da Silva, Hernán Gonzalo, Freitas da Ressureição, Fernando Daniel, Pereira Roque, Gabriel Barotti, Ciro Perdomo, Francisco Reges, Filipe Santos, Rafael Augusto, Henrique Fonseca, Josef Dias, Cristian Ionut, André Pereira, António Pimparel, Pawel, André Monteiro e Barragán.

Mais que os nomes por que são conhecidos, importa a obra que deixaram. Mas se houver dúvidas sobre a identidade futebolística de todos  os atrás citados, é perguntar ao presidente Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, cuja memória de elefante — espécie ameaçada sobretudo por causa do tráfico de marfim — é sobejamente conhecida.

 

2 Grande jogador do Man. United de Alex Ferguson, o irlandês Roy Keane, atual comentador da Sky Sports, criticou Haaland após o nulo do City com o Arsenal: «Em frente à baliza, é o melhor do mundo, mas o seu jogo global é muito pobre. É quase como se fosse um jogador da League Two.» Sobre Rashford, estrela do United, não foi igualmente meigo: «Ele é excecional, mas há algo de errado. Quem é que lhe dá um pontapé no rabo à moda antiga e lhe diz: ‘Vá lá, precisamos mais de ti’.» Quando os antigos jogadores não precisam de vestir a camisola dos clubes, ou fazer-lhes fretes, porque são independentes financeiramente e não têm espírito de lambe-botas, concorde-se ou não com a opinião que manifestam, gosto sempre de um bom Roy Keane.

 

3 O treble do Man. City foi documentado em série da Netflix. Engraçado ver os jogadores dos citizens acompanharem no balneário via telemóvel — pouco antes de entrarem em campo — os últimos minutos de um jogo do Arsenal a torcerem contra o rival. Antes, aposto, como todos os treinadores nessas circunstâncias, Guardiola terá dito que o plantel só estava preocupado com o jogo da sua equipa.