Abel Ferreira (Palmeiras) é um dos quatro treinadores portugueses no Brasileirão
Abel Ferreira (Palmeiras) é um dos quatro treinadores portugueses no Brasileirão (Foto: Imago)

Brasil: 0s 20 por cento

OPINIÃO22.02.202510:45

'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

Com a contratação de Vasco Matos pelo Botafogo, o número de treinadores portugueses no Brasileirão de 2025, caso ninguém seja despedido ou contratado a um mês e uma semana do início da competição principal do calendário local, subiria para cinco. Como Matos, afinal, não vem, ficamo-nos pelos 20%.

E Matos, como o seu substituto, que até pode ser português e aumentar a percentagem de treinadores nacionais para 25%, entraria logo com a obrigação natural de lutar pelo título, no caso, pela revalidação dele, depois de outro português, Artur Jorge, ter levado o alvinegro à glória que lhe escapava há 29 anos.

Assim como Abel Ferreira, do Palmeiras, que venceu as duas edições anteriores e lutou pela do ano passado até à última jornada.

Filipe Luís, o muito promissor treinador do Flamengo, está, como Abel e o futuro treinador botafoguense, seja ele quem for, na pole position da prova.

Os três clubes, entretanto, não foram, pelo menos para já, reis do mercado, como em anos anteriores.

O campeão perdeu mesmo os dois jogadores mais fora da caixa do plantel, Luiz Henrique, a caminho do Zenit, e Almada, para o primo Lyon, outro clube sob administração de John Textor; o vice-campeão, por outro lado, contratou Paulinho, ex-Atlético Mineiro, mas não consegue encontrar o ansiado 9 — será Vítor Roque? — para o acompanhar e vai perder Estêvão em julho; e o vencedor da Copa do Brasil reforçou-se com Danilo mas negociou Gabigol, a caminho do Cruzeiro.

Por falar em Cruzeiro, o recém-chegado Leonardo Jardim e Pedro Caixinha, também em início de aventura no Santos, partem atrás daquele trio, tendo em conta o passado recente, mas viram os seus clubes serem os protagonistas no mercado.

Além de Gabigol, a raposa contratou Dudu, pilar do ataque palmeirense nos últimos anos. Já no peixe é incontornável falar em Neymar. E um e outro contrataram ao Botafogo os ex-portistas Eduardo (Cruzeiro) e Tiquinho (Santos).

Falta Pepa, do promovido Sport Recife, cujo objetivo, mesmo com Gonçalo Paciência e Sérgio Oliveira, será fugir da descida.

O quarteto Abel, Jardim, Caixinha e Pepa, entretanto, não constitui recorde, longe disso. Em maio do ano passado seis portugueses conviveram no Brasileirão, os mesmos Abel e Caixinha, o citado Artur Jorge, e ainda Álvaro Pacheco (Vasco da Gama), António Oliveira (Corinthians) e Petit (Cuiabá).

Paulo Bento, Jorge Jesus, Vítor Pereira, Bruno Lage, Ivo Vieira, Renato Paiva, Armando Evangelista, Ricardo Sá Pinto e Jesualdo Ferreira também passaram pela Série A nos últimos anos.

Lá atrás, o lisboeta Joreca chegou a ser selecionador brasileiro por dois jogos, ambos frente ao Uruguai, em 1944.

A atração dos brasileiros pelos treinadores portugueses é um fenómeno recente que, paradoxalmente, vem de longe.