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David Neres, Benfica (IMAGO / Avant Sports/Pedro Loureiro)

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OPINIÃO29.09.202312:06

«Papoilas e girassóis», a opinião de António Bagão Félix

Hoje vai jogar-se o clássico Benfica-Porto. Sendo na 7.ª jornada, a sua importância é sobretudo anímica para as 27 que ainda faltam. Nas primeiras 6 rondas, o Benfica exibiu um bom futebol, ainda que com insondáveis oscilações e muita cerimónia para matar o jogo. E, em tese, tem o melhor plantel da Liga, se considerarmos um núcleo duro de 18 jogadores (como, aliás, se viu em Portimão). Mas a derrota com o Salzburgo evidenciou grande dificuldade sempre que o adversário é capaz de manietar a saída da equipa para o ataque organizado. Mesmo já contando com os 8 pontos que o rival produziu nas sempre oportuníssimas compensações, o Benfica (que jogou 4 dos 6 jogos fora da Luz) terá de ultrapassar o fantasma das recorrentes derrotas na Luz por razões próprias ou alheias. 

Com a regra das 5 substituições, a ideia de um onze titular tornou-se mais variável e difusa. Em bom rigor, poderemos falar de um dezasseis titular. No caso do Benfica, António Silva e Otamendi são indiscutíveis, já Morato dá a ideia de, por vezes, se relaxar nos passes entre os defensores e o guarda-redes. Bah é um jogador muito útil, mas, aqui ou acolá, sofre do mesmo tique de Morato (vide a jogada que origina o 1.º golo dos austríacos). As opções para defesa-esquerdo estão, até ver, longe de fazer esquecer Grimaldo. No meio-campo, Kökçü vem consolidando a sua boa influência. João Neves é o tesouro do plantel e Florentino um elemento precioso numa temporada longa e exigente. Não entro na discussão de falsas opções nas alas. É que Di María, Neres, João Mário e Aursnes (e falta Gonçalo Guedes!), todos e cada um, são valiosos, dependendo dos jogos e dos momentos. Rafa é talento e velocidade com lugar assegurado atrás do ponta-de-lança. 

A questão mais crítica tem que ver com o primeiro e o último postos: o que salva golos e o que os marca. Não consigo entender como Vlachodimos foi despachado sem justa causa. Afinal, dizia-se - e bem - que ele precisava de um concorrente à altura, como seria Trubin. Não é aceitável que o campeão nacional nos primeiros 5 jogos tenha tido 3 keepers na baliza. O risco aumentou sem necessidade e colocou Trubin numa delicada posição. 

Quanto ao avançado, sabendo-se há muito que Ramos iria sair (o próprio Rui Costa o confirmou), custa-me a entender que o seu substituto tenha surgido no fim do mercado, por um preço elevado, com um perfil muito diferente do português, dando a ideia de tudo feito à pressa. O certo é que o Benfica português e europeu terá ficado com este lugar-chave algo abaixo do necessário. Há o voluntarioso e oportuno Musa, o ainda quase desconhecido Tengstedt e Arthur Cabral que, por agora, está longe de justificar a sua aquisição. Espero que não seja uma reedição dos fiascos de Ferreyra, Raúl de Tomás ou Yaremchuk.