Yolanda Hopkins - Foto: Pedro Mestre
Yolanda Hopkins - Foto: Pedro Mestre

«Yolanda Hopkins tem muito mais mérito... Eu lancei-me às feras, abri caminho»

Patrícia Lopes foi a primeira portuguesa num circuito mundial de surf

Patrícia Lopes, primeira portuguesa a competir no circuito mundial de surf, há mais de 30 anos, afirma em entrevista à agência Lusa que «houve uma evolução brutal» no surf em Portugal — «nunca pensei que atualmente as mulheres tivessem melhores resultados do que os homens, isto não acontecia no meu tempo, os homens estavam léguas à frente» —, um dia depois da inédita qualificação de Yolanda Hopkins para o circuito principal da modalidade em 2026, ao apurar-se para as meias-finais do Saquarema Pro, quinta das sete etapas das Challenger Series (CS) da Liga Mundial de Surf (WSL).

«Ela agora tem muito mais mérito [do que eu tive]. Não só porque o nível de competição é muito mais elevado, mas porque são muito menos a conseguirem qualificar-se», disse a antiga surfista de 59 anos, sem esquecer Francisca Vaselko e Teresa Bonvalot: «As três têm muito mérito, estão ali na frente, a dar cartas, elas podem ganhar qualquer campeonato, e os homens não (...) Eu lancei-me às feras, abri caminho e elas estão a percorrê-lo.»

«Acho que [Yolanda Hopkins] deve continuar o trabalho, é um miúda lutadora, guerreira, muito focada, e que trabalha que nem uma louca. É isso que é preciso: trabalho e foco nos objetivos», afirmou Patrícia Lopes, que competiu entre 1993 e 2005 e foi campeã nacional 11 vezes.

«Atualmente, qualquer que seja a prova, todos têm um treinador. Essa figura ajudou muito na evolução da técnica de surf e da maneira de competir. Eu não tive ninguém para me ajudar. A dada altura comecei a ter um treinador na Austrália, porque fiz amizade com uma australiana e ela apresentou-me o treinador dela e ia lá treinar uns dias, mas era muito caro», recordou, Patrícia Lopes, que é juiz de surf, lembrando que algumas amigas foram a sua «salvação».

«Ficava em casa das australianas, depois da sul-africana, da americana e da brasileira quando havia provas lá, mas havia países onde não tinha amigas e tinha de pagar tudo (...) Davam 300 contos (cerca de 1.500 euros) para ir para a Austrália, onde havia cinco provas, e só a viagem custava mais de 200», contou.