Sporting: Gonçalo Inácio por quem o descobriu
Gonçalo Inácio, 23 anos, tem estado em plano de destaque nos últimos jogos com golos madrugadores que têm adiantado o Sporting no marcador.
Após uma cabeçada perfeita diante do Estoril, em cruzamento perfeito de Debast na conversão de um livre direito na meia-direita, logo aos cinco minutos, repetiu a dose frente ao Casa Pia, também na sequência de um lance de bola parada, mas desta feita após um canto curto para Geovany Quenda, que colocou a bola milimetricamente na cabeça do internacional português.
Contas feitas, o canhoto já leva cinco golos, igualando o seu melhor registo ofensivo de sempre, que tinha alcançado em 2021/22, mas nessa temporada chegou a esta marca em 45 encontros pela equipa então orientada por Ruben Amorim, enquanto agora está na fasquia dos 32 jogos. Por isso, esta meta de remates certeiros pode ser suplantada, pois ainda faltam aos leões nove jogos até ao final da Liga, mais dois da Taça de Portugal referentes às meias-finais da prova nos confrontos com o Rio Ave e, eventualmente, outro, caso os verdes e brancos cheguem à final da prova, marcada para 25 de maio, no Estádio Nacional, no vale do Jamor.
Gonçalo Inácio tem mostrado apetência goleadora, numa característica apenas evidenciada quando chegou ao futebol profissional, pois na formação não era assim, tal como conta Luís Dias, durante muitos anos coordenador técnico do polo sportinguista do Estádio Universitário de Lisboa (EUL) e um dos responsáveis pelo ingresso do futebolista nas camadas jovens leoninas, em 2012, quando tinha apenas 11 anos. «Ele não mostrava esta veia goleadora, pelo que houve evolução na componente dos esquemas táticos ofensivos. Por isso, mesmo quando se chega ao futebol profissional, há sempre margem para progredir», adianta.
Conforme explica Luís Dias, numa fase inicial Gonçalo Inácio, mais concretamente até aos sub-14, denotava algumas dificuldades em termos de coordenação. «Ele já era alto e com uma compleição física assinalável e isso complicava-lhe um bocadinho a vida em termos de coordenação motora. No entanto, nunca desistiu e é um exemplo de resiliência e determinação. Ele é a prova provada de que são raros os casos dos jogadores que são lançados com 17 anos e depois vingam no futebol profissional. Alguns, como ele, chegam mais tarde e demonstram regularidade [Inácio foi lançado por Ruben Amorim em 2020, quando tinha 19 anos]», sublinha.
A chegada ao Sporting
Gonçalo Inácio ingressou no Sporting proveniente do Almada, ele que sempre morou na margem sul do Tejo e a chegada ao clube de Alvalade deu-se não por aquilo que já era mas pelo que poderia vir a ser. «Ele foi detetado por um observador do Sporting que o identificou. A partir desse momento, foi fazer treinos de captação e foi dado o aval para a sua contratação. E esta aconteceu muito pelo seu potencial, pois era alto, forte fisicamente e com uma técnica interessante no seu pé dominante, o esquerdo. Sempre foi muito focado, não entrando muito nas brincadeiras naturais naquelas idades. Em termos de características pessoais, sempre foi introvertido e muito educado», assinala o treinador, de 50 anos.
Gonçalo Inácio, em termos de características pessoais, sempre foi introvertido e muito educado
Quanto a desejos para o futuro profissional de Gonçalo Inácio, apenas um. «Que continue a demonstrar consistência, em virtude deste ser aspeto fundamental ao mais alto nível», conclui.
Entrou no top-5 de centrais mais goleadores de sempre
A supersónica cabeçada que deixou o guarda-redes do Casa Pia, Patrick Sequeira, praticamente sem reação constitui o vigésimo golo de Gonçalo Inácio desde que chegou à equipa principal dos leões e conferiu-lhe o direito a entrar no top-5 de centrais mais goleadores de sempre do Sporting, ocupando o quarto posto deste ranking particular do clube de Alvalade.
O jogador do eixo central mais concretizador da história do clube de Alvalade é alguém que deixou muitas saudades entre os adeptos sportinguistas: o uruguaio Sebastián Coates, que regressou ao clube de origem, o Nacional de Montevideu depois de 37 golos de leão ao peito, mas isto em oito épocas e meia, enquanto Inácio está a meio da quinta.
O segundo desta hierarquia é o luso-brasileiro Lúcio Soares, das décadas de 50 e 60 do século passado, futebolista conhecido pelo seu forte pontapé que balançou as redes adversárias em 35 ocasiões. O pódio fecha com Beto Severo, com 25 golos apontados ao serviço do clube de Alvalade.
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