Os novos reis do ténis que este ano estarão na Arábia Saudita

Seis ‘reis’ vão ganhar milhões na Arábia Saudita que tem muito mais para dar

Carlos Alcaraz confirmou a presença no evento de ténis organizado na Arábia Saudita e fecha o lote de estrelas que fazem parte deste restrito clube de seis 'reis magos' que receberá um prémio das 'Arábias'! Mas há muito mais para ver nesse novo Mundo

O italiano Jannik Sinner, número 1 do ranking ATP, foi o vencedor da primeira edição do Six Kings Slam, organizado no ano passado pela Arábia Saudita e este ano foi desde logo confirmado como presença na segunda vez que o torneio milionário vai realizar-se.

Esta semana, foi a vez do seu maior adversário, o espanhol Carlos Alcaraz, confirmar e fechar o lote de estrelas que vão jogar em Riade, na capital, entre 15 e 18 de outubro.

A estes dois repetentes juntam-se Novak Djokovic, que também esteve em 2024, e três estreantes, Alexander Zverev, Taylor Fritz e Jack Draper, que substituem Daniil Medvedev, Holger Rune e Rafael Nadal, que se retirou entretanto.

Durante a semana do torneio, Riade torna-se na capital mundial do ténis, em mais um esforço para tentar que o ATP permita que acolha um Masters 1000. Enquanto tal não acontece, os sauditas reúnem os melhores tenistas do mundo da atualidade que jogam (sem pontos para ranking) e participam numa série de atividades que promovem a capacidade de organização do país.

Não amealham pontos para o ranking, sim, mas ninguém sai de mãos a abanar da Arábia Saudita; pelo contrário. No ano passado, cada um dos seis tenistas recebeu um prémio de participação de 1,5 milhões de dólares (1,3 milhões de euros) e o finalista, no caso o italiano, levou para casa seis milhões de dólares (5,15 milhões)! O Open dos Estados Unidos acabou de anunciar o maior prémio de sempre num torneio ATP e o vencedor do último Grand Slam da temporada vai receber 5 milhões de dólares (4,3 milhões em euros).

A Arábia Saudita e as 40 modalidades

Há anos que a Arábia Saudita trabalha em grandes eventos do desporto mundial com prémios de outro campeonato e parcerias com imensas modalidades. Os mais críticos dizem que é sportswashing (uso do desporto para limpar a imagem de violador de direitos humanos), mas a realidade é que aos poucos o desporto vai ficando rendido ao admirável mundo novo dos sauditas.

Se no futebol a influência saudita é evidente e bem publicitada, com estrelas mundiais como Cristiano Ronaldo a abrir as portas a muitos outros jogadores que estão a fazer carreira na Arábia Saudita e cada vez mais novos, como é o caso recente de João Félix, a realidade é que há centenas de acordos de patrocínio entre entidades sauditas e desportivas, desde o futebol aos motores, passando pelo golfe, boxe, ténis, etc.

Segundo um estudo publicado no ano passado por um instituto dinamarquês, existem mais de 1400 posicionamentos estratégicos no desporto mundial da Arábia Saudita, que mudou o seu posicionamento em 2017, com a subida ao poder do Príncipe Mohammed bin Salman, que decidiu tomar as rédeas do Fundo de Investimento Público e passar a investir no desporto.

Além da chuva de estrelas presentes no seu campeonato, a Arábia Saudita saiu de casa e está em clubes como Newcastle, Atlético de Madrid, Roma, etc. No ano passado, por exemplo, observaram-se  movimentos como a Riyadh Season patrocinar a La Liga e antes, em 2020, o conselheiro real Turki Al-Sheikh comprou o Almería. Abdullah bin Musaid Al Saud, membro da família real, é dono de Beerschot VA (Bélgica), Al Hilal United (Emirados), LB Châteauroux (França), Kerala United (Índia) e Sheffield United (Inglaterra)!

Serão, de acordo com o estudo, 194 os patrocínios sauditas no futebol, incluindo o patrocínio da gigante petroleira Aramco à FIFA.

Mas a influência não se esgota no futebol, bem pelo contrário.

Um dos donos da Aramco lidera a Federação Saudita de Golfe, a Golf Saudi e o tour LIV Golf realizando eventos como Saudi Open, Saudi International, Team Series, Saudi Ladies International. Os dois últimos, da Ladies European Tour, têm prize money de cinco milhões de dólares!

Se no futebol, segundo os dinamarqueses que elaboraram o documento 'Play the Game', há 194 patrocínios, no boxe existem 123, no golfe 92, hipismo 41, bilhar e snooker 40, ténis 36, atletismo 22, ciclismo 14, corridas de camelo 10 e por aí fora, com xadrez, ténis de mesa, escalada e muitas outras modalidades a fazerem parte da lista.

No ténis, o Six Kings Slam pode ser o mais espetacular, mas tem de competir, por exemplo, com o Rali Dakar que desde 2020 se mudou de armas e bagagens para a Arábia Saudita, numa lista interminável de grandes eventos desportivos, que vão desde um Grande Prémio de F1, uma etapa do Mundial de Ralis já este ano, Mundiais de clubes de andebol, Mundial de bilhar, Finais WTA do ténis feminino.