Samuel Barata na Maratona de Roma 2024 (foto FPA/Sportmedia)

Samuel Barata e o novo recorde nacional dos 10 km após longa paragem: «Inesperado!»

Atleta do Benfica surpreende ao superar marca do campeão mundial de 1500 metros Isaac Nader, após ter estado vários meses lesionado: «Estou de volta e motivado»

Depois de várias lesões e uma paragem prolongada, Samuel Barata voltou às competições em grande forma. No último domingo, na cidade romena de Brașov, estabeleceu um novo recorde nacional dos 10 quilómetros, com o tempo de 28.00 minutos, retirando um segundo à marca anterior, que pertencia a Isaac Nader. Um feito que o próprio assume ter sido «inesperado».

«Foi um recorde inesperado. Também o bati só por um segundo. Mas o que interessa neste momento foram as sensações. Estou de volta e motivado para outras provas que estão a ir à porta», afirmou Samuel Barata à Lusa.

O resultado foi alcançado durante a prova tRUNsylvania, onde terminou em 11.º lugar da geral, sendo o primeiro não africano a cortar a meta, a 1.06 minutos do vencedor, o etíope Khairi Bejiga.

«Foi um verão muito complicado, com muitas lutas. Não foi só uma, foram várias lesões. Só comecei a treinar no fim de julho e, a começar do zero e só com dois meses de treino, tive de abdicar da maratona dos Campeonatos do Mundo. Em agosto, fiz um estágio em altitude e fui convidado para correr em Brașov», explicou.

Natural da Bouça, em Cortes do Meio (Covilhã), Barata regressou assim ao local onde, há dois anos, também tinha feito uma marca recorde nos 10 km – que, no entanto, acabou por não ser homologada devido a um erro na medição do percurso, que tinha menos 25 metros do que o exigido.

Agora, aos 32 anos, conseguiu retirar quase quatro segundos à sua melhor marca oficial, algo que credita ao rigor e ao foco com que encarou o regresso aos treinos.

«Às vezes é uma questão mental. Quando treinamos sem dores… agarrei-me ao treino, foram dois meses e meio a treinar certinho e quando é assim as coisas correm bem», disse. E confessou que, com mais confiança durante a prova, poderia mesmo ter descido dos 28 minutos: «Se tivesse acreditado mais que ia bater o registo de Isaac Nader, teria sido possível. Mas acredito que é muito possível se mantiver o nível dos treinos».

Apesar do novo recorde nos 10 km, Barata sublinha que é a meia-maratona que continua a trazer-lhe maior satisfação. Ainda assim, o grande objetivo permanece inalterado: bater o recorde nacional da maratona (2:06.36 horas), fixado por António Pinto em 2000, em Londres.

«O recorde mais saboroso ainda é o da meia-maratona e, se conseguir, espero bem, um dia vai ser o da maratona, algo que me deixaria muito satisfeito», afirmou.

Quanto ao futuro, o atleta já tem planos definidos, embora com algumas condicionantes físicas ainda em análise. Vai correr uma meia-maratona «em breve», em local ainda por anunciar, e admite a possibilidade de voltar também à distância da maratona. Quanto à presença nos Europeus de corta-mato, agendados para dezembro, em Lagoa, ainda é uma incógnita.

«Vai tudo depender da forma como o meu corpo reagir à carga de treino», concluiu.