Rui Costa e Di María no dia do regresso do argentino ao Benfica (Sérgio Miguel Santos/A BOLA)

Rui Costa, 'pai' de Di María

Responsável pelo final da história, o maestro tem a batuta do mercado, poder que só cabe ao presidente em exercício.

O Fideo foi-se. Como num drible, esgueirou-se no Mundial de Clubes, deixou o Benfica e o seu futebol partiu para Rosário. O resto ficou. Não com tantos títulos como clube e argentino desejariam, mas, ainda assim, com legado enorme de um futebolista que tocou o topo do futebol mundial. O rendimento de Di María no Benfica pode ser analisado de várias formas. Ele próprio as lembrou na entrevista aos canais do clube. Por exemplo: se já devia ter sido ele a principal aposta de Camacho e Quique Flores; para onde ia no final de uma época 2009/2010 que ficará para sempre na memória coletiva encarnada como um dos expoentes futebolísticos que o clube teve na sua História; o regresso, sabendo-se que perdera capacidades, mas que aquelas que mantinha fariam — fizeram — a diferença.

Já do ponto de vista emocional nunca houve dúvidas na análise. Di María e Benfica amam-se. Mesmo quando a titularidade foi questionada na opinião de bancada — dúvida justa, porque era questão de gestão física e não de talento — a sua dedicação nunca esteve em causa e a relação com adeptos muito menos. Di María concluiu a sua história de jogador no Benfica, mas leva o clube na pele e na alma, como aqueles que o viram jogar o levarão na memória. E é aqui que a História faz uma curva. Com essa ligação emotiva, Di María levará o Benfica por onde quer que passe, falará dele onde estiver, recordá-lo-á de forma positiva, porque esta foi uma relação de sucesso: como o próprio disse, nem sempre com títulos, mas com felicidade.

Afirmou o Fideo que, quando chegou, Rui Costa tornou-se seu ‘pai’. O maestro acolheu-o e foi, também ele depois, responsável pela parte final da história, em que a crítica, talvez, tenha sido por vezes injusta, olhando mais para aquilo que Di María não deu, em vez do que ainda conseguia dar.

Partindo dali, do retorno do Fideo e agora que está prestes a anunciar decisão de uma recandidatura, Rui Costa terá de usar os melhores argumentos para afastar a oposição até outubro. Um presidente deve ser julgado por todo o seu mandato, mas de entre candidatos, só o maestro teve uma carreira de jogador ao mais alto nível e essa será uma diferença que o ‘pai de Di María’ terá de acentuar. Como? Porque só o presidente em exercício o pode fazer, ganhando o mercado. Convencendo Di Marías e Otamendis (no que toca a qualidade internacional) daquilo que ganham em vir para a Luz, seja qual for a idade. E isso pode não ser o dinheiro que ganhariam noutras paragens, pode simplesmente ser uma história de felicidade. Como aquela do Fideo.

Galeria de imagens 10 Fotos