Ruben Amorim está a caminho de Estocolmo para o jogo com o Leeds
Ruben Amorim falou da nova cultura do United (Imago) - Foto: IMAGO

Ruben Amorim faz juras de amor ao Man. United: «Quero ficar 20 anos»

Treinador português acredita que o clube está finalmente no caminho certo para voltar ao topo do futebol inglês

Apesar de um início conturbado em Old Trafford, onde não conseguiu evitar a pior época do Manchester United em mais de meio século e o pior resultado da história do clube na era da Premier League, Ruben Amorim garantiu que está empenhado em permanecer por muitos anos como treinador dos red devils.

«Quero ficar. Quero ficar 20 anos,» afirmou Amorim, à BBC. «Esse é o meu objetivo e acredito verdadeiramente nisso. Acredito sempre. Algo vai acontecer. Em certos momentos vou ter sorte. Tive muita sorte durante a minha carreira como treinador e a minha ideia é ficar durante muitos anos. Mas sabemos que serão os resultados a ditar isso. Sei que na época passada gastei todos os créditos, mas estou pronto para começar de novo. Quero ser treinador do Manchester United durante muito tempo. E levei cinco anos até chegar a este clube, por isso não quero falhar.»

Amorim reconheceu que está grato à direção do Manchester United por ter mantido a confiança nele, mesmo após uma série de maus resultados - 14 derrotas em 27 jogos na Premier League - e do desaire na final da UEFA Europa League, frente ao Tottenham, que impediu o clube de garantir um lugar na UEFA Champions League. «Eles mostraram sempre apoio», disse. «E se tentares lembrar-te de uma equipa, uma grande equipa, que perdeu tantos jogos e manteve o treinador, não vais encontrar. Por isso isso mostra mais do que palavras que me apoiam.»

O treinador acredita que o clube está finalmente no caminho certo com os novos donos minoritários, a INEOS, e a liderança futebolística a cargo do CEO Omar Berrada e do diretor desportivo Jason Wilcox. «Não tenho dúvidas porque há coisas que não se podem comprar e este clube tem-nas: a herança, a história, os adeptos. Temos isso, acho que é claro. Depois o dinheiro, temos dinheiro. Temos dinheiro sem a Champions. Vamos ter dinheiro e mais dinheiro no futuro.»

«Estamos a fazer tudo. Falas com o Omar e todos esses, eles estão a delinear toda a estratégia para termos mais dinheiro no futuro. Por isso isso não será um problema. Depois, claramente, é a cultura. Se tivermos uma cultura diferente, com tudo isso, com toda a herança, o dinheiro, todas essas coisas, podemos voltar ao nosso lugar, isso é claro», acrescentou.

«Não posso fazer tudo sozinho»

O treinador português assumiu como missão a mudança de cultura em Old Trafford, tendo já tomado decisões marcantes como dispensar Marcus Rashford e excluir Alejandro Garnacho, Jadon Sancho e Antony da digressão de pré-época. Amorim também instituiu um novo grupo de liderança no balneário, com seis jogadores responsáveis por manter a ordem e a disciplina. O capitão Bruno Fernandes lidera esse grupo, que inclui Lisandro Martínez, Harry Maguire, Diogo Dalot, Noussair Mazraoui e o guarda-redes Tom Heaton.

«Acho que a mudança de cultura é mais uma questão do clube do que apenas do treinador. Não posso fazer tudo sozinho. O que sinto este ano é que tenho mais pessoas para fazer isso. Temos agora um grupo de liderança. Não é só o Bruno. Não é só o Harry. São seis jogadores agora. Eles são responsáveis pelo grupo. Houve coisas no ano passado que tive de resolver. Este ano disse-lhes: vocês resolvem isso. Questões pequenas são vossas. Vocês são os responsáveis. Todas estas pequenas mudanças estão a ajudar o grupo.»

«Temos o Bruno, temos o Licha [Martínez], temos o Harry, temos o Diogo, temos o Tom e temos o Nous [Mazraoui]. Por isso não é só os mais velhos. O Nous está no grupo porque tem uma personalidade que eu gosto. E tento perceber a dinâmica do grupo. Tentar chegar a todos os espaços. Eles são os responsáveis por manter todos alinhados.»

O técnico implementou também um conjunto de novas regras - desde a pontualidade até à intensidade nos treinos - com o objetivo de melhorar o ambiente e a exigência dentro do clube. Insiste que não trata os jogadores como «bebés», mas garante que quem não corresponder às suas exigências será confrontado com provas visuais em frente ao grupo. «Temos novas regras. Temos regras, e não são para tratar os jogadores como bebés. Eles têm filhos. Trato-os como homens, mas agora têm regras. E isso pode mudar a forma como se treina. Se não treinares da forma certa, tenho imagens para te mostrar. E mostro-te à frente de todos. Se treinares mal uma vez, eu mostro-te a imagem. Não falo só contigo. Mostro tudo.»

Sugestão de vídeo