Roberto Martínez, selecionador nacional, em conferência de imprensa
Roberto Martínez, selecionador nacional explicou os desafios com a nova geração de jogadores. (Miguel Nunes)

Roberto Martínez: «Notícias más têm de ser dadas cara a cara»

Selecionador nacional falou sobre liderança em palestra na Universidade do Minho e referiu como lida com os jogadores; técnico também falou sobre o seu estilo e de como a nova geração exige uma adaptação constante

Roberto Martínez, selecionador de Portugal, ao ser confrontado com a forma como tem de lidar com as decisões que têm enorme influência na carreira de um jogador, explicou que é sempre necessária honestidade.

«Notícias más têm de ser dadas cara a cara, as boas podem ser com o grupo, porque é motivo de celebração. É fácil dizer não jogas e ficar por ali, mas isso é má liderança», referiu o técnico espanhol no evento Alto Desempenho em Ambientes Exigentes, realizado no polo bracarense da Universidade do Minho, na qual também marcaram presença Jorge Braz, selecionador de futsal, e Paulo Jorge Pereira, selecionador nacional de andebol.

O treinador, de 51 anos, também falou sobre a nova geração de jogadores e de como esta exige uma adaptação constante, sendo um dos principais desafios para um líder do balneário nos dias que correm.

«Hoje, esta geração necessita de saber porquê, precisa de estímulo, de clareza e de uma exigência alta. Já não há autoridade, o líder tem de ser respeitado. Agora temos de convencer o atleta de que precisa do que lhe podemos dar para melhorar. O que tentamos acompanhar ou controlar, é a qualidade, a experiência e o compromisso. Com a geração nova há mais uma que é a fome, mas é difícil olhar para um atleta e identificar essa fome. Os jogadores querem tudo no imediato e alguns em seleções jovens não acreditam no processo e querem já a seleção A.»

Roberto Martínez que anunciou a convocatória da Seleção Nacional para a Final 4 da Liga das Nações há poucos dias, também abordou o tema do stress.

«A minha paixão é juntar pessoas que procuram o mesmo objetivo. Temos medo e não somos curiosos, gostamos de hábitos, mas mudar hábitos é ser curioso. O stress é bom, porque é assim que tomo as melhores decisões. Mas, também impede de dormir ou comer e isso é mau. O stress é que permite o sucesso. O mais importante no alto desempenho é fazer as coisas simples de uma forma excecional.»

O treinador ainda explicou aquilo que é mais complicado de obter, enquanto líder de homens.

«Clareza é essencial e não é fácil deixar 26 jogadores à vontade para errarem e para se relacionarem. As equipas começam com o eu, com cada um a pensar porque que é que está nesta equipa. A chave para nós é mostrarmos o caminho individual para se atingir o objetivo coletivo. Ganhar um Mundial é isso mesmo, ganhar, mas melhorar o processo é outra coisa. Criar competitividade em coisas pequenas, ajuda bastante.»