Phelps furioso: «Funeral ou novo começo? A natação dos EUA tem três anos»
Michael Phelps, o maior nadador americano da história, lamenta o estado da modalidade no seu país, apontando problemas antigos a nível organizacional. Pai de quatro rapazes, afirmou não ter a certeza se gostaria de os ver a competir em natação.
O lendário Michael Phelps continua a criticar fortemente a natação americana, dirigindo um ataque duro à liderança da USA Swimming, a federação da modalidade, que considera débil. O atleta olímpico mais condecorado da história, com 28 medalhas, exige medidas drásticas para reabilitar o que vê como um declínio organizacional de longa data.
Phelps usou as redes sociais para expressar as suas opiniões, numa longa publicação no Instagram. Durante o recente Campeonato Mundial em Singapura, comentou a story de outra grande estrela da natação americana, Ryan Lochte, que partilhou a imagem de uma lápide onde se lia: «Em memória da natação dos EUA. Viveu entre 1980 e 2025, até à idade de 45 anos. Elevaram a fasquia - até pararem e não conseguirem mais alcançá-la», lia-se.
A imagem sombria foi acompanhada por um alerta que tendo em conta autoridade de Phelps deve ser entendido como um sério alerta: «Podem assistir a este momento como um funeral ou como um novo começo. Temos três anos», defendeu, referindo-se aos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, concluindo: «Será este o alerta de que a natação dos EUA precisava? Vamos descobrir...»
No final da competição, os EUA terminaram no topo do quadro de medalhas, com um total de 29, distribuídas por 9 de ouro, 11 de prata e 9 de bronze, o que não fez diminuir as críticas de Phelps.
Como pai de quatro rapazes, custa-me dizer que não tenho a certeza se gostaria que eles fizessem parte deste desporto a nível competitivo. Sim, a natação mudou a minha vida, mas também me causou muitas dores de cabeça, e o seu estado atual deixa-me triste e furioso.
O antigo nadador, porém, esclareceu que é ao «sistema» que dirige os reparos e não aos atletas.
«Alguns de vocês podem não concordar com a minha perspetiva, mas fico feliz por ver que esta discussão está a gerar um debate mais amplo. Sei o quanto [os nadadores norte-americanos] trabalham e o quão honrados se sentem por representar a equipa nacional dos EUA. As minhas críticas são dirigidas ao sistema, à sua liderança e ao facto de ter falhado», apontou.
Phelps indicou que sempre existiram falhas no sistema, mas que nos últimos nove anos, desde que se reformou, estas aumentaram. Nos Jogos Olímpicos do Rio, os nadadores americanos conquistaram 57% das medalhas que tinham a oportunidade de conquistar. Em Paris 2024, apenas 44%.
O antigo atleta sublinhou também que passou grande parte da sua vida dentro do sistema que deveria apoiar os atletas, mas que nem sempre é assim. «Dei tudo de mim, mas muitas vezes a minha voz não foi ouvida. Vi demasiados colegas a lutar para competir num desporto que amo sem o apoio de que precisam. Também vi o desporto a lutar para recuperar o número de praticantes para os níveis pré-pandemia e estou farto de fingir que este sistema funciona só porque produz medalhas», escreveu.
A terminar, o antigo campeão olímpico, de 40 anos, disponibilizou-se para ser parte da solução a encontrar.
«Como pai de quatro rapazes, custa-me dizer que não tenho a certeza se gostaria que eles fizessem parte deste desporto a nível competitivo. Sim, a natação mudou a minha vida, mas também me causou muitas dores de cabeça, e o seu estado atual deixa-me triste e furioso. Quero ver este desporto a florescer e quero fazer parte da solução. Sempre disse que queria mudar a natação nos EUA e continuo a defender isso. Ainda me importo e não quero desistir. A minha porta está aberta e há muito a fazer», concluiu.
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