Pedro Álvaro: «Evoluí bastante nestes três anos»
Foram quase 100 jogos pelo Estoril nas últimas três épocas, depois de cortado o cordão umbilical que o ligava ao Benfica, mas Pedro Álvaro está pronto para virar a página e começar a escrever o novo capítulo da carreira. O central de 25 anos, em entrevista a A BOLA, passou em revista o período na Amoreira, recordou os ensinamentos no Benfica e anunciou que o novo clube será conhecido em breve.
Anunciou recentemente a despedida do Estoril, em final de contrato, e com uma mensagem de carinho e cumplicidade com todas as pessoas que fazem parte da estrutura. Sentiu o clube como uma família?
- Sinceramente, o Estoril é um clube bastante familiar. As pessoas receberam-me muito bem logo desde o primeiro dia e fui criando relações com todas elas, fazem-nos sentir em casa, o sentimento foi, principalmente, o de me sentir em casa. Dava gosto ir para o clube todos os dias e isso é algo único, porque nem sempre se consegue, por vezes há jogadores que não estão tão confortáveis onde estão e eu ia para o Estoril sempre com um sorriso na cara, adorava estar lá e conviver com as pessoas.
O balanço é bastante positivo, tive um período difícil no ano em que fui emprestado à BSAD e estive todo o ano lesionado e não joguei, depois regressei ao Benfica e continuei a jogar. Precisava de um passo firme, de um clube que me desse a oportunidade de jogar, de evoluir e foi isso que o Estoril me deu. Evoluí bastante nestes três anos e este clube foi mesmo muito importante para mim.
Quando não existe acordo para a renovação, o jogador começa a ser encostado e deixa de jogar. No Estoril, o Pedro manteve, inclusivamente, a braçadeira de capitão. Esse facto, de continuar a jogar independentemente de não ser um ativo a valorizar, simboliza a relação de respeito mútuo entre as duas partes?
- Acho que sim, que tem muito a ver com isso. Sou uma pessoa muito séria a nível de trabalho, ninguém me pode apontar nada, era uma peça importante para a equipa sendo também capitão e o Estoril deu-me essa oportunidade de poder jogar. Felizmente, sempre que estive disponível, a não ser por lesões ou por cartões, estive lá dentro e consegui dar o meu contributo, às vezes melhor, outras vezes pior, faz parte. Acho que foi muito por aí também, o respeito mútuo que existiu e também agradeço muito ao Estoril, por me ter dado esta oportunidade e por me deixar continuar a jogar mesmo estando nesta situação de não renovação de contrato.
A boa relação é visível e mantém-se, mas certo é que acaba por não continuar. Houve convite para continuar? Porquê esta decisão? Sente que foi uma etapa que terminou?
- Sinto, primeiro, que estou numa idade que é boa para poder sair, não sou jovem nem velho, estou ali no meio. Ou seja: acho que o passo certo agora é poder ter também outro estímulo e experiência e também outras questões contratuais. Vou poder também auferir outros valores e sinto-me preparado para dar outro passo, quero também ter outra experiência, nomeadamente lá fora, no estrangeiro.
Teve uma longa passagem pelo Benfica, onde cumpriu praticamente toda a formação e de onde saiu já em idade sénior e conviveu com grandes jogadores, incluindo capitães de equipa com peso no clube. Retirou daí ensinamentos para a sua própria liderança?
- Quando ia treinar à equipa principal, nessa altura acabei por obviamente aprender bastante. Ainda muito novo, apanhei o Luisão na primeira equipa - eu, com 16 anos, ia lá treinar de vez em quando e obviamente aprendemos muito, são sempre bons exemplos. Também aprendi bastante com o Ruben Dias, porque acabei também por encontrá-lo ainda na Youth League e na equipa B, é sempre bom beber disso e também crescer com isso.
Nessa passagem para o Benfica, encontrou também alguns jogadores que se tornaram mais tarde seus colegas no Estoril - na formação, encontrou o João Carvalho. Foi importante revê-lo e reeditar algum entendimento que ambos já tinham no passado?
- Foi ótimo, porque é uma cara conhecida, também o [Tiago] Gouveia esteve na minha primeira época de Estoril e tínhamos acabado de jogar juntos no Benfica no ano anterior. É sempre bom porque assim, num sítio novo, eu tinha sempre uma cara conhecida e dou-me muito bem com ambos, dou-me muito bem com o João Carvalho.
As gerações das quais fez parte no Benfica são muito fortes, com jogadores que chegaram a nível de seleção e motivaram grandes transferências, como João Félix. Coloca-o entre os maiores talentos que encontrou na formação do Benfica? Que outros nomes acrescentaria à lista?
- Lá está, felizmente na formação do Benfica existe muita qualidade e ao longo dos anos apanhei vários nomes e obviamente uns foram-se afirmando. Tenho de dizer nomes como João Félix, Ruben Dias e o próprio João Carvalho acho que tem uma qualidade muito acima da média, e acabou por não chegar, se calhar, a um patamar tão alto como alguns desses nomes que referi, mas penso que, por vezes, há a questão da oportunidade e de quando as coisas aparecem.
Em relação ao João Carvalho, estas distinções que teve, de melhor médio da Liga em Janeiro e em Fevereiro refletem o nível que pode atingir no seu melhor?
- Acredito muito que o João tem uma qualidade, como já disse, acima da média e é um jogador que se enquadraria facilmente em qualquer equipa deste campeonato. É uma pessoa bastante inteligente e também está numa fase da vida dele em que se nota que está muito mais estável e isso reflete-se também dentro de campo, acho que tem tudo para ter sucesso nos próximos anos e vai continuar a ter muito sucesso.