Protesto durante jogo do Mundial de Clubes
Protesto durante jogo do Mundial de Clubes - Foto: IMAGO

Organizador do Mundial enfrenta críticas pelo abate em massa de cães

Marrocos, que irá receber a competição em 2030, em conjunto com Portugal e Espanha, enfrenta críticas de organizações de defesa dos animais

Marrocos, que vai receber o Mundial 2030, em conjunto com Portugal e Espanha, está debaixo de fogo e tem enfrentado críticas de organizações de defesa dos animais pelo alegado abate em massa de cães vadios. Enquanto ativistas afirmam que o país está a tentar livrar-se dos cães vadios antes da competição, as autoridades marroquinas negam as acusações e enfatizam que estão a priorizar o método não letal TNVR (capturar, castrar, vacinar e devolver à rua).

Uma nova lei de proteção animal, aprovada este mês e que aguarda ratificação no parlamento, prevê multas de até 1.300 euros ou pena de prisão de até três meses por maltratar cães vadios. No entanto, vídeos que circulam nas redes sociais mostram cães a serem baleados ou envenenados com estricnina, alguns com marcas nas orelhas, indicando que foram esterilizados e vacinados.

«Ouvi-a ganir até a ver morrer», relatou um morador de Tânger que testemunhou o envenenamento de uma cadela conhecida na vizinhança.

Uma petição para acabar com as mortes violentas de cães em Marrocos já reuniu quase 75 mil assinaturas e, durante um jogo do Mundial de Clubes nos EUA em junho, um ativista invadiu o campo com uma faixa com a mensagem «Marrocos: parem de matar cães e gatos».

O Ministro do Interior, Abdelouafi Laftit, rejeitou os «ataques da comunicação social», classificando as informações como falsas e retiradas do contexto. Segundo os ativistas, existem cerca de três milhões de cães vadios em Marrocos, com aproximadamente 100 mil mordidas registadas anualmente, e 33 mortes por raiva em 2024.

Salima Kadaoui, fundadora do projeto Hayat em Tânger, que utiliza o método TNVR, elogiou os esforços do governo e sublinhou que é «essencial não abater cães com a marca TNVR e devolvê-los ao seu local de origem».

O governo investiu mais de 20 milhões de euros em clínicas para implementar o TNVR. Uma delas já está em funcionamento perto de Rabat, onde mais de 500 cães foram tratados este ano. As autoridades marroquinas também lançaram uma aplicação móvel para reportar cães vadios e informar o público sobre as atividades das clínicas. Kadaoui destacou a necessidade de educar o público sobre o comportamento adequado com animais vadios e desmistificar crenças, como a cura de mordidas com saliva.

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