Olá, Dragão, está tudo bem?
Desfrutam os jornalistas de um bom jogo de futebol? Claro que sim. Desfrutam tanto como os adeptos? Não, claro que não. Os adeptos gritam o golo sem a preocupação de saber em que minuto foi, quem fez a assistência e quem iniciou o ataque. Invejo os adeptos desde 25 de fevereiro de 2004. Uma coisa é estar de folga a ver o clube da terra; outra é estar em trabalho e, de repente, por qualquer chatice da vida, um diligente funcionário nos indicar o caminho da bancada, com ordem para só regressar no final do jogo para a cobertura da conferência de imprensa.
Aconteceu no FC Porto-Man. United, na data acima citada. Fomos três. Eu, o António Casanova e o Rui Amorim, três ou quatro degraus acima da relva, com belíssima visão para a baliza sul do Dragão, sentados no meio de milhares de portistas e com as malas dos computadores religiosamente fechadas. O que fazer com um rio imenso de carateres por escrever? O óbvio: desfrutar e atacar o assunto no final do jogo. E como desfrutámos, caros leitores.
A atmosfera do primeiro jogo europeu no Dragão contagiou-nos de tal forma que, ao intervalo, surgimos nos ecrãs gigantes do estádio. Primeiro, cristalizámos; depois fizemos o que qualquer adepto faria: acenamos e sorrimos. Para quem nos enviou para a bancada foi um golpe baixo, admito, mas também não sou um tipo alto. Conseguimos, com o maior rigor, quase em câmara lenta, ver a rotação no ar de Benni McCarthy e o fantástico cabeceamento do sul-africano. O 2-1 arrebatador do FC Porto. A reportagem? Fez-se bem, obrigado, até saímos cedinho.