O que Vieira quer é guerra e nem percebe que já a perdeu
O estilo é antigo, daqueles que se encontram nas bibliotecas do futebol português, na secção dos livros que já ninguém quer ler, perdidos no pó e no bolor bafiento de outros tempos, daqueles a que ninguém (ou muito poucos) quer voltar.
Luís Filipe Vieira está numa guerra sem quartel. Sozinho numa batalha contra moinhos de vento, a disparar em todas as direcções, acossado num canto da batalha, de onde decidiu sair para atirar as derradeiras granadas que ainda guardava no bolso, quiça na esperança de que tão pífios recursos ainda consigam levá-lo à vitória contra o exército que, nos seus atormentados pensamentos, quer dizimá-lo. Está sozinho no campo de batalha, qual D. Quixote contra moinhos de vento que julga serem os gigantes que querem derrubá-lo.
Mas há pior: está a lutar como pode, mas… a verdade é luta contra nada. Porque no verdadeiro ringue, Vieira não entra. Ou adia a entrada, se é que alguma vez entrará. Ao invés, o antigo presidente do Benfica aproxima-se da zona quente e parece um daqueles heróis de capa e espada que grita aos quatro ventos: «Segurem-me, se não eu vou-me a eles!»
E não vai. Vai só à televisão. Grita, esbraceja, acusa, dispara a torto e a direito na direção de Rui Costa, de Pedro Proença e de quem mais lhe fizer frente, mas… não faz ele próprio frente a ninguém. Ameaça que vai a jogo e não vai. Ou arrasta o tabu, apenas no seu interesse, sabendo que arrastando-o continuará a ter palco para mostrar ao mundo os seus moinhos de vento.
Garantem-nos (garante o próprio Luís Filipe Vieira) que, mais cedo ou mais tarde, anunciará que vai a eleições, que está mesmo a preparar uma candidatura forte e que, quando avançar será. definitivamente, para ganhar, para voltar a triunfar, em glória, elevado pelos sócios encarnados. Como São Tomé, só acreditarei nesta ressurreição quando ela for oficial.
Até lá, o que vejo é um homem derrotado, afogado em mágoa e ressentimentos, e que ainda nem isso percebeu. O único resultado à vista é, para já, um mais do que provável processo em tribunal, movido por Pedro Proença e pelo organismo a que preside, a FPF, por alegada difamação. Apenas mais um na lista de Vieira.