Luciano Spalletti foi o treinador de Itália durante quase dois anos - Foto: IMAGO

O percurso sem brilho de Spalletti em Itália que chega agora ao fim

Passagem marcada por dois apuramentos no limite que, no final, não mostraram a inspiração necessária para repetir o Euro em 2021

Quase dois anos e 23 jogos depois de assumir o cargo de selecionador de Itália, Luciano Spalletti anunciou que deixará o comando da squadra azzurra após a próxima partida, frente a Moldávia. O técnico, que sucedeu a Roberto Mancini em agosto de 2023, chega assim ao fim de uma passagem com pouco brilho ao comando dos italianos.

O eterno segundo lugar (e sempre por pouco)

Tudo começou para Spalletti com a caminhada até ao Euro 2024. Com a vontade de revalidar o título conquistado em 2021, a squadra azzurra ficou às portas de... nem sequer se apurar, depois de chegar à última jornada da ronda de qualificação em igualdade pontual com a Ucrânia. Um empate a zero com os ucranianos permitiu que a diferença de golos deixasse a Itália em segundo lugar, com os mesmos 14 pontos que o adversário, que ficou em terceiro e só se apurou para o Europeu graças ao play-off. O primeiro lugar pertenceu a Inglaterra, com mais seis pontos conquistados, num grupo em que a Itália também partilhava com Malta e Macedónia do Norte.

Na Alemanha, a Itália teve o azar de calhar no grupo da morte, com Espanha, Croácia e Albânia. Depois de vencer os albaneses e perder com os espanhóis — que se sagrariam campeões europeus —, o adversário era a Croácia. Aos 90'+8 da última jornada, os italianos estavam fora da prova, mas um golaço de Zaccagni valeu o empate a um golo com os croatas e a passagem aos oitavos de final. A felicidade transalpina foi, porém, efémera: a fragilidade resultou em fratura total frente à Suíça, que, nos oitavos, dominou e venceu por 2-0.

Dois grupos, dois segundos lugares conquistados por pouco por parte da Itália de Spalletti. E, como diz o ditado, não há duas sem três, só que, desta vez, pelo lado teoricamente positivo. O arranque da Liga das Nações começou da melhor maneira para os transalpinos, com a vitória por 3-1 na França. Foi precisamente por esse resultado que, na última jornada... perdeu em casa com a França. Com 13 pontos para cada uma das nações e com o confronto direto anulado, foi necessário recorrer à diferença de golos: +6 para os franceses, +5 para os italianos. Resultado final: a Itália ficou em segundo e, nos quartos de final, foi eliminada pela Alemanha.

O trauma do Mundial (ou da falta dele)

É possível que a Federação de Itália também tenha temido que não houvesse dois sem três. Neste caso, os dois são mesmo os dois Campeonatos do Mundo em que a squadra azzurra, quatro vezes vencedora, não participou. A última participação italiana num Mundial foi em 2014, em que caiu na fase de grupos. Não estando na final four da Liga das Nações, a seleção italiana começou o percurso para a prova de 2026 já nesta paragem para seleções e o início dificilmente podia ser melhor: frente à Noruega, não houve inspiração nem orientação de Itália, que acabou derrotada por 0-3.

Assim, depois deste desaire, a federação italiana decidiu que a ligação entre Luciano Spalletti deveria terminar depois da próxima segunda, após o jogo frente à Moldávia. Nos 23 jogos em que já comandou Itália — serão 24 —, venceu 11 vezes, perdeu seis e empatou outras tantas.