José Mourinho, treinador do Benfica - Foto: Miguel Nunes
José Mourinho, treinador do Benfica - Foto: Miguel Nunes

O ouro do Sporting e a mina do Benfica

Se Francisco Trincão é ouro puro na montra do Sporting, José Mourinho tem de acelerar a exploração mineira do Seixal e olhar para um menino de Aljustrel. Vem aí mais um dérbi...

Cumpriu-se ontem o 118.º aniversário dos dérbis entre Benfica e Sporting, rivalidade inaugurada a 1 de dezembro de 1907, em duelo do Campeonato de Lisboa que terminou com vitória leonina, por 2-1, graças a autogolo de Cosme Damião.

Na sexta-feira será acrescentada mais uma página a esta história, com o Benfica a receber o Sporting com três pontos de atraso para o rival (e seis para o líder isolado da Liga, o FC Porto). De um dérbi tudo se espera, mas a jornada do passado fim de semana reforçou a ideia de um Sporting naturalmente mais consolidado, capaz de jogar de olhos fechados, mesmo dentro da rotatividade habitual do plantel que é assumida por Rui Borges.

Com Pedro Gonçalves a regressar de lesão, de olhos postos no dérbi, o vianense Francisco Trincão voltou a mostrar que é ouro puro no coração tático da equipa leonina, tal o requinte discreto que coloca na definição das jogadas, como se viu na assistência para o segundo golo do Sporting ao frágil Estrela da Amadora (apontado por Luis Suárez), já depois de ter servido Eduardo Quaresma no canto que abriu a contagem em Alvalade.

O Benfica sentiu muito mais dificuldades, na Choupana, mas uma vitória arrancada assim, do fundo da alma, até pode moralizar mais para o dérbi do que um triunfo folgado sobre o Nacional.

Não apaga os problemas da equipa, em todo o caso, e o jogo da Madeira mostrou que José Mourinho não pode dar-se ao luxo de prescindir de certas peças raras. É verdade que Andreas Schjelderup e Gianluca Prestianni têm sido pouco consistentes, mas não deixam de ser filigrana na montra desequilibrada que é o plantel do Benfica.

Também existem pedras preciosas nas mãos de Mourinho, mas parece inevitável que tenha de investir na mina que é o Seixal. O técnico encarnado tem olhado para a formação, mas talvez precise de acelerar a peneira e, porventura, recrutar o mineiro aljustrelense José Neto, que acaba de ajudar Portugal a conquistar o título mundial de sub-17.

O golo em Amesterdão permitiu que Dahl recuperasse algum crédito, mas falta uma alternativa válida para a lateral esquerda do Benfica, até porque Obrador não tem contado para Mourinho. Outro campeão mundial sub-17, o lateral-direito Daniel Banjaqui, pode justificar também a promoção, até porque tem sido já utilizado na equipa B, mas José Neto, que deve estar às ordens de Nélson Veríssimo em breve, pode chegar mais cedo ao patamar principal.