O caminho mais difícil para motivar adeptos do FC Porto
Os treinadores nunca têm tempo para nada. Não têm tempo para dar treino porque jogam de dois em dois dias, mal sobra para recuperar. O calendário pesado vai engolindo as equipas e a cada jogo correspondem duas conferências de imprensa. Seguramente tanto eles como os jornalistas pensam: «Já vai falar outra vez?»
Do lado de cá também é preciso imaginação para ter coisas para perguntar, por isso muitas vezes socorremo-nos de dados estatísticos que podem estimular respostas. Muitos dizem que querem perguntas sobre futebol, mas depois não gostam de explicar certas opções, veja-se os exemplos recentes de Rui Borges e Jorge Jesus.
Outros não gostam que lhes levem os tais dados, como é o caso do treinador do FC Porto.
Antes de fazer a ligação entre México e Portugal, correu um vídeo de Martín Anselmi a motivar os jogadores do Cruz Azul. Diria que ainda lhe falta não desmotivar mais os adeptos portistas. Se não vejamos: primeiro os remates. «Os remates à baliza não contam, não são dados... se foi um ou se foram mil. Os dados certos são o perigo à baliza», disse a 14 de março.
Depois não conta a tabela classificativa. «Lá estão vocês a falar na tabela e nos pontos. Já sabem como funciono. Fazer contas tira-nos o foco do plano de jogo», disse a 5 de abril.
Convenhamos que é um pouco confuso e certamente para os adeptos são dois indicadores, bastante reais, do que está a sua equipa a fazer, e como isso tem depois reflexo em maio, quando tudo acaba. Ele mesmo disse que os adeptos «são a namorada mais difícil», pelo que mais terá de fazer para a conquistar.
PS: Os miúdos começam a competir nas escolas e clubes, a estrear-se nas equipas principais cada vez mais novos - veja-se Jeremy Monga, que na semana passada, com apenas 15 anos, se estreou no Leicester. Isso é benéfico para um adolescente? No sábado Rodrigo Mora marcou um golaço ao Casa Pia, ninguém tem dúvidas. A pouco menos de um mês de fazer 18 anos, protagonizou depois um daqueles festejos que, para mim, estão reservados a quem já nada tem a provar. Numa altura em que a época do FC Porto se faz mais de baixos do que de altos, pedia um pouco menos de 'olhem o que eu fiz'..