«Ninguém perderá, sairão todos a ganhar com a centralização»
O segundo ato que teve como presidente da Liga foi a tomada de posse de Pedro Proença na Federação Portuguesa do Futebol.
Verdade e não me surpreendeu de todo o discurso que teve por que são matérias que há muito, já como presidente da Liga, vinha reivindicando, nomeadamente junto do Governo. Ele não deixará de ter preocupação e compromisso com o futebol profissional. Alguns dos pontos que tocou são desafios que ele tem a convergir e são lutas conjuntas que irá fazer com a própria Liga. Foi um bom discurso com as preocupações conjuntas para Liga e Federação.
O que é que a Liga ganha daqui para frente, ao ter na Federação Portuguesa de Futebol alguém que durante 10 anos fez toda essa caminhada com a Helena Pires na Liga Portugal?
A Liga, o futebol profissional, tem muito a ganhar. Eu acho que somos muito mais fortes juntos, nas lutas, do que separados. E, portanto, o presidente Pedro Proença, presidente da Federação, é o homem certo, no lugar certo. Vai fazer a defesa intransigente daqueles compromissos e das lutas que ele sabe que tem que fazer entre Liga e Federação. E já o disse às sociedades desportivas antes de sair da própria Liga. É um interlocutor importante, que conhece muito bem o futebol profissional e as suas necessidades. Temos todos a ganhar com esta união, num novo paradigma e é um tempo de viragem. Diria que é um momento histórico para o futebol português.
Neste tempo de viragem, vai iniciar-se a campanha eleitoral para a Liga Portugal e em breve serão assumidos candidatos às eleições de 11 de abril. Que conselhos pode dar para aqueles que nos próximos dias se vão dar a conhecer?
Que honrem todo este legado que nós aqui deixamos, e que é fruto do trabalho desenvolvido nos últimos 10 anos pelo presidente Pedro Proença. O presidente que aí vier vai encontrar uma casa muito arrumada, fruto de todas estas dinâmicas que foram implementadas na Liga, que está preparada para continuar a crescer e a enfrentar os grandes desafios que temos pela frente, e que são muitos.
Que Liga é que gostava que tivesse seguimento quando entregar a pasta e rumar para outro desafio?
Aquilo que eu espero que o novo presidente traga é o cumprimento deste nosso plano estratégico, que é muito importante. É um desafio grande para o futebol português e para o desenvolvimento do futebol profissional. Espero que seja um presidente que mantenha esta ligação que é muito importante da Liga com a Federação, no sentido de haver esta união do futebol português. Penso que o presidente que vier terá que saber aproveitar muito bem todas estas novas dinâmicas que a Liga tem. O facto do presidente Pedro Proença ter estado como presidente das Ligas Europeias deu uma projeção diferente ao nosso futebol profissional. Espero que seja uma pessoa que procure convergências, união e que continue esta defesa intransigente dos interesses comuns.
Como é que se consegue um futebol português com mais valor?
Há um tema muito importante, e que está a ser trabalhado, que é a centralização dos direitos audiovisuais, que será o game changer desta nossa atividade e que fará toda a diferença. Até lá é importante continuarmos a ter um campeonato a decorrer com a maior normalidade possível. É importante valorizarmos a nossa imagem. É importante que todos os clubes estejam e continuem unidos. Temos que valorizar aquilo que é o nosso produto, valorizar a nossa marca e só o conseguimos com a valorização daquilo que é a nossa imagem e a nossa competição.
Nessa questão da centralização dos direitos audiovisuais, teme que seja um tema que separe mais os clubes?
Acho que todos vão compreender que a nossa competitividade também está muito ligada a um maior equilíbrio e a centralização vai trazer este equilíbrio ao nível das infraestruturas, ao nível da competitividade do jogo. Os estudos que nós temos, apontam que ninguém vai ficar a perder. Este é um processo de criação de riqueza global, não apenas para um, que levará necessariamente ao aumento da competitividade, quer nacional, quer internacional.
Este é um processo de criação de riqueza global, não apenas para um, que levará necessariamente ao aumento da competitividade, quer nacional, quer internacional.
Ninguém ficará a perder, mas vão ficar todos a ganhar?
O campeonato português é feito por todos e penso que, daquilo que é a sensibilidade que nós vamos tendo as sociedades desportivas estão todas a trabalhar em conjunto. Todas compreendem a importância para o futebol português de fazermos a defesa da centralização. Ninguém perderá, sairão todos a ganhar, este é um ponto que eu posso afirmar com segurança.
Se pudesse mudar alguma coisa no futebol português o que é que mudaria?
Neste momento há a necessidade de trabalhar os modelos competitivos, mas em conjunto. É um dos oito pontos a trabalhar com a Federação. Não dá só para olhar para o nosso campeonato de futebol profissional, acho que é preciso de uma vez por todas começar da base até o topo da pirâmide e criar um modelo e um quadro competitivo adequado. Temos também de olhar para o calendário internacional, que nós não conseguimos controlar e tanto ouvimos os treinadores reclamarem pelo excesso competitivo. A Liga, naquilo que lhe compete, já foi fazendo o seu trabalho. Não sei se se recorda, mas há bem pouco tempo tínhamos uma Taça da Liga com 37 jogos e passámos para 7 jogos. Temos sempre a base regulamentar de nenhuma equipa jogar com menos de 72 horas, a não ser que a própria equipa decida que o quer fazer. Nós Liga, temos criado alguns ajustes para combater essa carga competitiva, mas também acreditamos que é preciso pensar nisto de forma macro.
Sou uma mulher realizada e feliz. É uma honra servir o futebol profissional
O que é que mais se orgulha de ter contribuído ao longo destes quase 25 anos na Liga?
Tenho orgulho em muita coisa. Tenho orgulho em conseguido ter a relação que tenho com os diversos agentes esportivos, tenho orgulho em ter tido um presidente que me valorizou, que me deu a oportunidade de crescer e de desenvolver aquilo que eu faço. Tenho orgulho em ter à minha volta as pessoas que tenho. Sou uma mulher realizada e feliz. Tenho muito orgulho em ter contribuído ao longo destes últimos 25 anos para que hoje consigamos olhar para o futebol profissional e perceber que sou uma pessoa respeitada. O que fica mesmo é o orgulho e o respeito que mereço de todos os agentes desportivos, pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver. Até mais do que orgulho, vou-lhe dizer que é uma honra servir o futebol profissional. Está tudo a fazer sentido.