Kelian Nsona fugiu à gripe: 'calma, não há Espiga(res)'
As posições ocupadas por Casa Pia e Gil Vicente são muito (mas mesmo muito) diferentes, a qualidade do futebol apresentado pelas duas equipas ao longo do campeonato tem tido diferenças absolutamente indiscutíveis, mas a verdade é que nem isso permitiu ao Gil Vicente regressar aos triunfos — quarto jogo consecutivo sem ganhar, depois dos empates com Vitória de Guimarães (0-0) e Aves SAD (1-1), e da derrota frente ao Tondela (0-1).
Do outro lado, o Casa Pia tinha em mente colocar fim a um jejum ainda maior — com este resultado, já são nove (!) encontros consecutivos sem qualquer triunfo na Liga (a última vitória aconteceu há três meses, diante do Arouca, por 2-0.
Os minhotos foram melhores durante quase todo o desafio, desbravaram vários caminhos para desbloquearem a (bem) montada teia defensiva dos lisboetas, mas só por uma vez conseguiram bater Ricardo Batista: Antonio Espigares, num livre direto que levou a bola a entrar junto ao ângulo superior esquerdo da baliza contrária (38'). Antes desse golo — perdão, golaço — do jovem defesa-central espanhol (estreou-se a marcar pelos gilistas ao segundo jogo a titular), já Joelson Fernandes tinham deixado um aviso bem sério, com um remate em arco que só foi travado pelo poste esquerdo.
O Casa Pia, não só pelo momento que atravessa, mas também porque durante a semana foi afetado por um surto gripal que limitou vários dos seus jogadores, nunca conseguiu criar grande perigo, e na primeira parte apenas Oukili (29') e Kelian Nsona (45+1') colocaram Andrew em sentido, ainda que ambos os remates não tenham sido enquadrados.
A entrada na etapa complementar ofereceu como que um balão de oxigénio aos casapianos: livre batido de forma rápida por Jérémy Livolant, Larrazabal fugiu pela direita e cruzou na perfeição ao segundo poste, onde Kelian Nsona apareceu de rompante e rematou certeiro. Foi (também) a estreia a marcar do jovem extremo franco-congolês pelo Casa Pia.
A reação do Gil Vicente foi enérgica e pouco depois houve penálti a favor dos forasteiros. Santi Garcia caiu na área e Márcio Torres apontou de imediato para a marca dos 11 metros. Porém, depois de alertado pelo VAR para ir ver as imagens, o árbitro da partida decidiu reverter a decisão. Balde de água fria para os galos.
César Peixoto dotou a equipa de mais frescura, com unidades de cariz atacante, mas a avalanche dos de Barcelos acabou por não surtir efeitos práticos. Ainda que Konan (71'), Murilo (75') e Tidjany Touré (90+2') tenham tentado...
Quando não se consegue ganhar é importante não perder e o Casa Pia levou o chavão à letra. Para o efeito, Kelian Nsona fugiu à gripe e disse: calma, não há Espiga(res).
As notas dos jogadores do Casa Pia:
Ricardo Batista (6), André Geraldes (5), José Fonte (5), David Sousa (6), Larrazabal (6), Seba Pérez (5), Oukili (5), Abdu Conté (6), Jérémy Livolant (5), Dailon Livramento (5), Kelian Nsona (6), Rafael Brito (5), Cassiano (5), Renato Nhaga (5), Tiago Morais (5) e João Goulart (-).
As notas dos jogadores do Gil Vicente:
Andrew (5), Zé Carlos (6), Antonio Espigares (6), Jonathan Buatu (6), Konan (6), Facundo Cáseres (6), Luís Esteves (6), Murilo (6), Santi Garcia (5), Joelson Fernandes (6), Gustavo Varela (5), Tidjany Touré (5), Sergio Bermejo (5), Carlos Eduardo (5), Zé Carlos Ferreira (-) e Hevertton Santos (-).
Gonçalo Brandão (treinador do Casa Pia):
O que levo deste jogo e que é muito importante é que a equipa soube reconhecer os momentos. Defensivamente estivemos bem. O Gil teve alguns remates, mas o Batista não fez muitas defesas. Defrontámos um adversário com muita qualidade e que muitas vezes nos empurrou para trás. Mas conseguimos estar compactos, unidos e conquistámos um ponto que nesta fase é importante. O Gil Vicente teve mais volume ofensivo, é verdade, mas a nível de oportunidades claras de golo foi um jogo equilibrado. Não concordo com a opinião do mister César Peixoto, mas respeito, claro. Tivemos uma semana difícil, com uma gripe que tomou conta de Pina Manique. Alguns jogadores recuperaram e fizeram um grande esforço, pelo que é de ressalvar essa atitude, depois de uma semana adversa. Os jogadores esgotaram todo o oxigénio que tinham na botija.
César Peixoto (treinador do Gil Vicente):
Não saímos nada satisfeitos com o resultado, mas saímos muito satisfeitos com a exibição. Foi um jogo de sentido único, fomos a única equipa que quis jogar e não permitimos praticamante nada ao Casa Pia. O golo do adversário surge praticamente no único lance de perigo que criaram. Fomos uma equipa compacta, coesa e organizada, com muita qualidade a desbloquear a primeira fase de pressão do Casa Pia. Eles defenderam com muitos atrás e retiraram-nos o espaço. Acho que o resultado é injusto, jogámos como equipa grande. Saio muito satisfeito com o trabalho dos jogadores. Desta forma, estamos mais perto de ganhar, este é o Gil Vicente que eu quero.