Minhotos estiveram sempre por cima do jogo, mas lisboetas resgataram um ponto - Foto: Carlos Barroso/LUSA
Minhotos estiveram sempre por cima do jogo, mas lisboetas resgataram um ponto - Foto: Carlos Barroso/LUSA

Kelian Nsona fugiu à gripe: 'calma, não há Espiga(res)'

Extremo franco-congolês estreou-se a marcar com a camisola dos gansos e conseguiu anular a vantagem dos galos, que surgira através de um fantástico livre direto apontado pelo central espanhol. Jejum... geral

As posições ocupadas por Casa Pia e Gil Vicente são muito (mas mesmo muito) diferentes, a qualidade do futebol apresentado pelas duas equipas ao longo do campeonato tem tido diferenças absolutamente indiscutíveis, mas a verdade é que nem isso permitiu ao Gil Vicente regressar aos triunfos — quarto jogo consecutivo sem ganhar, depois dos empates com Vitória de Guimarães (0-0) e Aves SAD (1-1), e da derrota frente ao Tondela (0-1).

Do outro lado, o Casa Pia tinha em mente colocar fim a um jejum ainda maior — com este resultado, já são nove (!) encontros consecutivos sem qualquer triunfo na Liga (a última vitória aconteceu há três meses, diante do Arouca, por 2-0.

Os minhotos foram melhores durante quase todo o desafio, desbravaram vários caminhos para desbloquearem a (bem) montada teia defensiva dos lisboetas, mas só por uma vez conseguiram bater Ricardo Batista: Antonio Espigares, num livre direto que levou a bola a entrar junto ao ângulo superior esquerdo da baliza contrária (38'). Antes desse golo — perdão, golaço — do jovem defesa-central espanhol (estreou-se a marcar pelos gilistas ao segundo jogo a titular), já Joelson Fernandes tinham deixado um aviso bem sério, com um remate em arco que só foi travado pelo poste esquerdo.

O Casa Pia, não só pelo momento que atravessa, mas também porque durante a semana foi afetado por um surto gripal que limitou vários dos seus jogadores, nunca conseguiu criar grande perigo, e na primeira parte apenas Oukili (29') e Kelian Nsona (45+1') colocaram Andrew em sentido, ainda que ambos os remates não tenham sido enquadrados.

A entrada na etapa complementar ofereceu como que um balão de oxigénio aos casapianos: livre batido de forma rápida por Jérémy Livolant, Larrazabal fugiu pela direita e cruzou na perfeição ao segundo poste, onde Kelian Nsona apareceu de rompante e rematou certeiro. Foi (também) a estreia a marcar do jovem extremo franco-congolês pelo Casa Pia.

A reação do Gil Vicente foi enérgica e pouco depois houve penálti a favor dos forasteiros. Santi Garcia caiu na área e Márcio Torres apontou de imediato para a marca dos 11 metros. Porém, depois de alertado pelo VAR para ir ver as imagens, o árbitro da partida decidiu reverter a decisão. Balde de água fria para os galos.

César Peixoto dotou a equipa de mais frescura, com unidades de cariz atacante, mas a avalanche dos de Barcelos acabou por não surtir efeitos práticos. Ainda que Konan (71'), Murilo (75') e Tidjany Touré (90+2') tenham tentado...

Quando não se consegue ganhar é importante não perder e o Casa Pia levou o chavão à letra. Para o efeito, Kelian Nsona fugiu à gripe e disse: calma, não há Espiga(res).

O melhor em campo: Antonio Espigares (Gil Vicente)
Tinha logrado a estreia a titular no campeonato na jornada anterior, diante do Vitória de Guimarães, rubricou, nesse dérbi do Minho, uma exibição bastante competente e, como tal, voltou a merecer a confiança de César Peixoto para o duelo com o Casa Pia. Diante dos gansos, repetiu a serenidade no eixo da retaguarda, mas conseguiu saltar para a ribalta... junto à baliza contrária. Livre direto apontado como mandam os livros e estreia a marcar com a camisola do Gil Vicente. Formado no Villarreal, o jovem defesa-central, de apenas 21 anos, começa a deixar água na boca...
A figura: Kelian Nsona (Casa Pia)
As suas ações incidiram maioritariamente sobre o corredor esquerdo e foi a partir desse flanco que, astuto, partiu para perto da baliza contrária aquando do cruzamento (açucarado) de Larrazabal. Quando a bola lhe chegou aos pés não teve rodeios e rematou de primeira para o golo que deu o empate e consequente ponto conquistados pelos gansos. Aos 23 anos, o extremo franco-congolês parece estar a querer despontar no futebol português...

As notas dos jogadores do Casa Pia:

As notas dos jogadores do Gil Vicente:

Gonçalo Brandão (treinador do Casa Pia):

O que levo deste jogo e que é muito importante é que a equipa soube reconhecer os momentos. Defensivamente estivemos bem. O Gil teve alguns remates, mas o Batista não fez muitas defesas. Defrontámos um adversário com muita qualidade e que muitas vezes nos empurrou para trás. Mas conseguimos estar compactos, unidos e conquistámos um ponto que nesta fase é importante. O Gil Vicente teve mais volume ofensivo, é verdade, mas a nível de oportunidades claras de golo foi um jogo equilibrado. Não concordo com a opinião do mister César Peixoto, mas respeito, claro. Tivemos uma semana difícil, com uma gripe que tomou conta de Pina Manique. Alguns jogadores recuperaram e fizeram um grande esforço, pelo que é de ressalvar essa atitude, depois de uma semana adversa. Os jogadores esgotaram todo o oxigénio que tinham na botija.

César Peixoto (treinador do Gil Vicente):

Não saímos nada satisfeitos com o resultado, mas saímos muito satisfeitos com a exibição. Foi um jogo de sentido único, fomos a única equipa que quis jogar e não permitimos praticamante nada ao Casa Pia. O golo do adversário surge praticamente no único lance de perigo que criaram. Fomos uma equipa compacta, coesa e organizada, com muita qualidade a desbloquear a primeira fase de pressão do Casa Pia. Eles defenderam com muitos atrás e retiraram-nos o espaço. Acho que o resultado é injusto, jogámos como equipa grande. Saio muito satisfeito com o trabalho dos jogadores. Desta forma, estamos mais perto de ganhar, este é o Gil Vicente que eu quero.