John Textor esclarece papel no Lyon
Numa entrevista ao programa Rothen s’enflamme, da RMC Sport, John Textor, proprietário do Lyon através do Eagle Group, que controla também o Botafogo, explicou a sua decisão de nomear a empresária americana Michele Kang como presidente do clube, garantindo que atualmente não interfere na gestão diária.
A 24 de junho, a DNCG, entidade de controlo financeiro dos clubes em França, condenou o Lyon de Paulo Fonseca à descida à Ligue 2, por incumprimento de normas sanções determinadas anteriormente. Dois dias após o anúncio da sanção, John Textor, então presidente e proprietário, decidiu afastar-se e foi substituído por Michele Kang. O empresário norte-americano detalhou agora as razões por trás dessa mudança estratégica, sublinhando que, embora continue a ser o dono do clube, a governação está entregue a Kang.
Textor começou por clarificar a estrutura acionista: «Sim, a Eagle Football é acionista do Lyon com 93 ou 94%, o acionista maioritário.» O empresário revelou que os problemas com os órgãos reguladores do futebol francês já eram evidentes antes da decisão da DNCG.
«Cerca de 30 dias antes da audiência na DNCG, eu já sabia que tinha problemas com a governação do futebol francês. Tomei um chá com a Michele Kang, uma noite em Paris, e pedi-lhe que considerasse a ideia de ser, no mínimo, copresidente, por causa desses problemas», explicou. «Sabíamos que, politicamente, a minha natureza divertida e disruptiva não era benéfica para a minha relação com a DNCG. Com a descida de divisão, a mudança tornou-se uma necessidade. A única forma de reverter a situação era mudar de líder.»
A estratégia resultou. Com Michele Kang ao leme, o clube viu a sua despromoção administrativa ser anulada a 9 de julho. Desde então, Textor afirma manter-se à margem das decisões, embora conserve o poder final como acionista maioritário. «A Michele é a presidente do Lyon e presta contas ao conselho de administração. E o conselho de administração presta contas ao acionista. Não preciso de me envolver no dia a dia, mas se uma decisão tiver de ser tomada e ultrapassar essa estrutura, é aí que o acionista intervém», detalhou.
Questionado sobre se continua a ser «o patrão», Textor foi categórico: «Não, não sou o patrão. Neste momento, não tomo rigorosamente nenhuma decisão, a não ser, por exemplo, se ligo ou não a televisão. Desejo o melhor à Michele.»
O empresário não poupou elogios à sua sucessora, destacando a sua competência. «O proprietário é a Eagle Football», insistiu. «Ela é uma acionista minoritária, mas importante, dentro da Eagle. É ela quem dirige o Lyon. Ela vai gerir muito melhor as relações aqui, já o faz melhor do que eu. Dedica tempo a isso, constrói essas relações. Já fazia esse trabalho pela secção feminina, estava frequentemente em Paris e em Lyon. Tinha vontade de se envolver nesta área e é melhor do que eu nisso.»
Textor concluiu com uma observação sobre a mudança de perceção da DNCG após a troca na presidência: «Penso que, nas próximas semanas, todos começarão a ver os números, à medida que eu partilhar mais sobre o que foi realmente apresentado à DNCG. Não vejo qualquer diferença entre o orçamento que apresentei em maio-junho de 2024 e o orçamento que temos hoje. No entanto, um foi despromovido e a líder seguinte obteve a promoção logo a seguir. Para mim, parece claro.»