Ioannidis tenta passar por Djé Tavares (Foto Eduardo Costa/LUSA)
Ioannidis tenta passar por Djé Tavares (Foto Eduardo Costa/LUSA)

Ioannidis tinha a bóia para salvar o leão do naufrágio (as notas do Sporting)

Grego voltou ao lugar onde foi infeliz e desta vez foi tremendamente feliz. João Simões foi protagonista do momento mais do jogo. Trincão muito tempo adormecido, acordou e foi crucial. A frieza de Luis Suárez
O melhor em campo: Ioannidis (7)
Há uma canção de Rui Veloso que diz que não se deve voltar ao lugar onde se foi feliz. Mas Ioannidis provou outra versão provando voltar a um lugar onde se foi infeliz e ser tremendamente feliz. Há mais de um mês, o grego lesionou-se, em Ponta Delgada, com alguma gravidade no joelho esquerdo, recuperou em tempo recorde, voltou aos relvados no dérbi e marcou um golo absolutamente decisivo num golpe de cabeça muito bem medido. Afinal, chegou da Grécia a bóia que salvou o leão de um naufrágio que chegou a ser anunciado ali bem no meio do Oceano Atlântico. Ao contrário do que é normal, jogou ao lado de Luis Suárez na frente de ataque e empurrou o Santa Clara para o seu meio terreno de jogo, valendo-se da compleição física como arma importantíssima. Não jogou muitos minutos mas os suficientes para ser decisivo.

João Virgínia (5) — Só se tivesse asas conseguiria chegar à bola rematada por Lucas Soares no primeiro golo do Santa Clara, uma vez que esta saiu muito chegada, demasiado chegada, ao poste esquerdo. No segundo golo foi completamente traído pelo toque da bola em Quaresma. De resto, apenas fez uma defesa complicada e logo aos quatro minutos.

Fresneda (6) — Mostrou-se por uma vez no primeiro tempo e com cruzamento para João Simões fazer o golo. O centro nem lhe saiu muito bem, mas o algarvio não se importou muito e fez o resto. Depois tentou tapar os caminhos para a baliza leonina com algum sucesso.

Eduardo Quaresma (6) — Na ausência de Diomande na CAN terá oportunidade nos próximos tempos de se mostrar e pelo visto dá algumas garantias de segurança a Rui Borges, pois no primeiro tempo executou alguns cortes de muita qualidade, como aquele sobre Gabriel Silva aos 16 minutos. Muito rápido e com sentido posicional apurado, se houve alguém na defesa leonina que não merecia tocar naquela bola que traiu Virgínia era ele… Mas os deuses do futebol nem sempre são justos.

Gonçalo Inácio (5) — Tem como uma das principais armas a capacidade de quebrar linhas logo na primeira fase de construção com passes longos, mas na período inaugural sentiu muitas dificuldades nesse capítulo e não foi melhorando com o passar do tempo.

Matheus Reis (5) — Erro de posicionamento e de abordagem à bola recolhida por Lucas Soares redundou, para mal dos seus pecados, no primeiro golo dos açorianos. Além de ter permitido uma receção limpa ao compatriota brasileiro não o conseguiu acompanhar no movimento da direita para o meio até ao remate final. Subiu um pouco de rendimento após o intervalo, mas aquele lapso deixou marca indelével.

 Hjulmand (6) — Falhou o jogo diante do Aves SAD por estar fortemente constipado e sentiu-se, pelo menos no primeiro tempo, que ainda não está no ideal da condição física, pois o raio de ação foi muito mais comedido do que o normal. No entanto, como por vezes o futebol é um lugar estranho, foi subindo de rendimento com o andar do relógio e depois de estar envolvido no momento polémico do jogo, culminou a atuação com uma assistência para o golo de Ioannidis.

João Simões (7) — Não haverá muitas dúvidas de que o momento mais do jogo pertenceu ao jovem algarvio, com aquela receção de costas para a baliza a um toque, viragem rapidíssima e remate certeiro de pé esquerdo para o primeiro golo da partida. Mas não resumiu a ação a esse lance e numa equipa que falhou muitas vezes o timing de pressão, foi ele o primeiro a saltar em cima dos adversários. Quando saiu, se lhe tapassem a boca, explodiria, tal o cansaço. Aos 18 anos, está a levantar o braço a uma convocatória para a Seleção Nacional…

Maxi Araújo (6) — Deslocado das suas posições naturais porque foi desviado para a direita do ataque, não protagonizou exibição brilhante, longe disso, mas como é daqueles que de antes quebrar do que torcer, não deu um único lance por perdido e subiu de rendimento quando passou para defesa esquerdo.

Trincão (6) — Os génios são assim e por vezes têm o condão de irritar o mais calmo dos adeptos, daqueles que tomam dois ou três ansiolíticos antes de cada partida. Falhou na pressão, o segundo golo do Santa Clara nasce dum lance em que não acompanha o movimento do adversário, mas depois de um sono profundo, acordou após o 2-1 para os de Vasco Matos e ainda a tempo de fazer um cruzamento carregado de açúcar que deu o terceiro golo leonino.

Alisson (4) —  Sem Quenda, Geny ou Pote, desperdiçou a oportunidade de se mostrar. Colado à direita, entre tanta inconsequência apenas se viu num remate por cima (32’) e em dois bons trabalhos sem perigo de maior para os açorianos. Pouco, muito pouco.

Luis Suárez (6) — O colombiano viu-se  e desejou-se muitas vezes para se libertar da floresta de pernas que a defesa do Santa Clara colocou em seu redor, mas na hora decisiva, demonstrou gelo nas veias na forma como bateu o penálti, na compensação, que levou o jogo para prolongamento.

Blopa (5) — Provou-se que não é fácil para um menino de 18 anos ainda muito inexperiente entrar num jogo escaldante e ter a cabeça no frigorífico. Passada larga e aceleração constante, mas no último terço esteve longe de tomar as decisões mais acertadas.

Kochorashvili (6) — O georgiano trouxe um pouco do critério do passe que estava a faltar.

Ricardo Mangas (5) — Disponibilidade física acima da média mas fica a pecha daquele falhanço em zona de privilégio (95’).

Flávio Gonçalves (5) — Um pouco para a frente, um bocadinho para trás e nada de especial.

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