Inês Pereira falou na antevisão ao encontro da Seleção feminina com a Inglaterra, em Wembley

Inês Pereira: «Há uns anos nenhuma de nós pensava que poderíamos vivenciar coisas assim»

Guardiã lusa, que faz parte do onze do ano em Espanha, onde jogou ao serviço do Deportivo por empréstimo do Everton, mostra-se otimista quanto à manutenção na Liga das Nações. Jogo da próxima sexta-feira é contra Inglaterra, em Wembley

A duas jornadas do final desta edição da Liga das Nações, em que Portugal vai defrontar Inglaterra e Bélgica, as Navegadoras continuam de olho na manutenção, embora as contas não sejam assim tão simples. Recorde-se que Portugal ocupa o 3.º lugar (com 4 pontos), enquanto Inglaterra está na 2.ª posição, com 7, a Bélgica em 4.º tem 3 e a Espanha lidera com 9, sendo que o segundo lugar vale a manutenção direta e o terceiro posto joga play-off de manutenção.

Esta terça-feira, a guarda-redes Inês Pereira, foi a porta-voz do grupo, mostrado-se otimista quando aos encontros com Inglaterra e Bélgica.

«A Inglaterra é uma das melhores seleções tanto da Europa como do mundo, sabemos o grau de dificuldade que vamos ter no jogo de sexta-feira, mas estamos muito confiantes, estamos a trabalhar bastante bem e, certamente, que se fizermos, como fizemos na segunda parte do primeiro jogo contra a Inglaterra, que coisas boas surgirão e que no final do jogo iremos sorrir e, mais importante, continuaremos a depender só de nós», começou por dizer.

No passado sábado Lisboa foi palco da final da UEFA Champions League feminina, em que o Arsenal venceu o Barcelona (1-0), no Estádio José Alvalade, com lotação esgotada. Questionado por A BOLA sobre a importância do evento e de como pode ser uma motivação extra, a guardião, que ontem, segunda-feira, completou 26 anos, foi clara: «Muito importante, sem dúvida, ainda para mais para nós jogadoras portuguesas que já crescemos bastante no futebol feminino, mas continuamos em crescimento, acaba por ser uma motivação extra. E, se calhar, muitas meninas experienciaram algo que eu também experienciei, se não estou em erro, em 2012, 2013, quando se jogou no Estádio do Restelo. Acho que foi bastante importante, tanto para a federação como para os clubes portugueses, toda a envolvência que houve na final da Champions League. Felizmente correu tudo bem, foi um grande espetáculo de futebol. E acho que tanto meninas como meninos viram esse jogo como uma motivação extra e um sonho de um dia, espero ser eu, a estar aqui.»

Inês Pereira esteve cedida pelos ingleses do Everton ao Deportivo da Corunha, viu o seu nome incluído onze do ano de Espanha, instada a levantar a ponta do véu quanto ao seu futuro, a guardiã mostrou-se agora focada na Seleção: «Foi uma época, se calhar, das melhores que já tive nesta minha carreira ainda curta, mas que já parece muito longa [risos], mas sinceramente não estou a pensar muito nisso, estou muito focada nesta reta final da temporada que acaba por ser, se calhar, não mais importante, mas acaba por ser muito importante pela parte do Europeu. E eu quero estar focada nisso, focada nesta dupla jornada, focada em ganhar. E depois a seguir a isso veremos o meu futuro, tem quem me ajude com isso e cabe-lhe a ela gerir essa parte.»

O jogo com Inglaterra vai jogar-se em Wembley, em estádio mítico onde todos querem jogar. Francisco Neto tem feito alternância na baliza de Portugal, entre Inês Pereira e Patrícia Morais.
«Se perguntar a qualquer jogadora todas vão dizer que querem jogar, seja eu, seja a Patrícia, seja qualquer outra das minhas companheiras. Obviamente que vai ser um jogo especial, estádio mediático, acaba por ser um dos estádios mais importantes e mais especiais de jogar em Inglaterra, mas cabe-me a mim trabalhar para ser titular e se não for também aproveitar a experiência ao máximo porque se olharmos há uns anos nenhuma de nós pensava que poderíamos estar a vivenciar coisas assim e acho que é importante aproveitar este crescimento do futebol feminino e aproveitar também o crescimento da Seleção portuguesa feminina», reagiu.

Na mente dos adeptos ainda está bem presente o último resultado de Portugal com Espanha, a pesadíssima derrota por 0-7, mas Inês Pereira garante que isso foi um percalço: «O último jogo contra a Espanha não tem nada que defina o que é ser Portugal e sabemos, e queremos obviamente, sem dúvida, mostrar aos nossos adeptos que foi um percalço e que foi um jogo e que toda a gente, e é como na vida acontece sempre, nem sempre as coisas vão correr bem, mas lá está, estamos a trabalhar bem, estamos confiantes e queremos dar uma resposta positiva também para depois preparar para o que aí vem.

Galeria de imagens 10 Fotos

Inglaterra normalmente apresenta uma matriz de jogo bastante ofensiva, Portugal também sente-se muito confortável a jogar em posse, questionada sobre o que espera do jogo da próxima sexta-feira, a guardiã lusa respondeu: «Se nós conseguimos competir e se tivermos o nosso melhor, que certamente iremos estar, vai ser um jogo bastante disputado. Gostamos muito de ter posse de bola e vamos criar bastante perigo à Inglaterra e saber também que depois defensivamente também temos de estar no nosso melhor e temos de nos apoiar umas às outras, mas seguramente que irá ser um bom jogo.»

Inês Pereira falou ainda nas estreias na convocatória, nomeadamente Carolina Correia e a Samara Lino (ambas do Torreense): «Desde já felicitá-las, tive a oportunidade de fazer pessoalmente, mas também deixar aqui já os parabéns para elas. São jogadoras que acabam por trazer um ar novo, algo que se calhar as jogadoras que cá estavam, que infelizmente não podem estar [Kika Nazareth e Lúcia Alves], aportam-nos outras coisas e é incrível ver também o crescimento que o Torreense teve esta temporada e as coisas que conseguiram conquistar e há muito mérito das jogadoras e acho que a recompensa está à vista de todos e por isso hoje estão aqui neste estágio e espero que lhes corra bem e possam continuar a vir mais vezes.»

Numa altura em que algumas jogadoras passam por uma fase diferente na carreira, como são os casos de Ana Borges e de Diana Silva, cujo passado fala por si, terminaram ligação ao Sporting e podem rumar ao rival. Confrontada se é uma situação que é falada no seio do grupo, ou se as jogadoras em causa estão afetadas, Inês Pereira desvalorizou a situação.


«Não, a partir do momento em que nós decidimos ser jogadoras de bolsa, sabemos os riscos que há, não é o fim do mundo quando um contrato acaba, porque certamente irão ter outras oportunidades, irão ter outros clubes atrás delas. A verdade é que pouco falamos sobre isso, ou nada, e são jogadoras que mesmo estando nesta situação, que para mim acaba por ser uma situação completamente normal, que continuam a dar 200 por cento dentro de campo e certamente nos irão ajudar ao seu máximo para conseguirmos ser felizes», concluiu.

Sugestão de vídeo: