Habitua-te, Kokçu

Reforço vem para um clube maior mas para a liga líder nas faltas assinaladas

UM clube grande num campeonato médio ou um clube médio numa grande liga? É um dilema que se coloca a muitos jogadores na hora de decidir o futuro e recentemente vimos dois casos no Benfica em sentidos opostos: Grimaldo preferiu assinar por um emblema que não luta pela conquista da Bundesliga (embora seja muito promissor o que Xabi Alonso está a fazer no Leverkusen) mas disputa um dos quatro melhores campeonatos da Europa; Kokçu não hesitou trocar o campeão dos Países Baixos pelo campeão do futuro 7.º lugar do ranking UEFA. Fê-lo pela dimensão superior das águias relativamente ao Feyenoord e a muitos emblemas de ligas maiores que o desejavam.

Dá que pensar se à força gravitacional dos três grandes se juntasse a melhoria da qualidade do ar do nosso campeonato, mas dados como aqueles que foram ontem conhecidos não auguram nada de revigorante: segundo um estudo feito pela Lusa, a liga portuguesa é a que tem mais faltas por jogo dos dez principais campeonatos da Europa. Em média, são assinaladas 27,4 infrações por partida, contra 20 na Eredivise. O jogo pára mais e o espetáculo tende a ser pior. E o curioso é que o mesmo estudo aponta que os mesmos árbitros assinalam, em média, menos faltas nas competições europeias, decorrendo aqui uma conclusão: os juízes atuam consoante o contexto, protegendo-se na medida exata da pressão que sentem.

Enquanto continuarem a usar o apito como mecanismo de defesa a mudança de mentalidades nunca será uma realidade. Ganham no imediato  as classes envolvidas (o futebolista vê a trapaça recompensada e aproveita para descansar mais um pouco e o juiz que apitando a torto e direito agrada a todos), mas perde o futebol. Só que um árbitro é como um defesa: só os bons conseguem fazer fluir o jogo sem recorrer à falta. É bom que Kokçu se habitue.
 

GOSTAVA de acreditar que tradição de vitória das equipas da Liga 2 no play-off de subida/permanência com os antepenúltimos da Liga (exemplo recente do Estrela da Amadora) se deve à motivação, mas temo que seja por questões bem mais estruturais: não há muita diferença entre a segunda metade da tabela da Liga e a primeira da Liga 2. Mas tudo nivelado por baixo.