Gyokeres não merecia isto
Gyokeres não merecia tal coisa. Já muito se falou sobre o assunto e não estou aqui a atribuir culpas, porque num divórcio esta nunca morre solteira, mas aquele que em duas temporadas se transformou num dos estrangeiros com maior influência num (bi)campeão português não deveria ficar com o seu nome ligado a tamanha confusão, às trapalhadas do diz-que-disse e a acusações de parte a parte, que não são mais do que a defesa de interesses próprios de curto prazo.
O avançado sueco mantém a confiança no empresário e tem um plano, logo não está inocente. Esse plano parece também não surgir só agora, dado que se enquadra no contexto do mercado. Arteta terá finalmente ficado convencido de que o seu Arsenal precisa de um 9 goleador e exímio a atacar a profundidade — aliás, o mestre Pep Guardiola foi o primeiro a colocar em causa os seus princípios no tema —, e os 60+10 andarão próximos do que pretende pagar por ele, aos 27 anos.
Nos maiores negócios de 2024/25, Jhon Durán, de 21, foi vendido para o Al-Nassr por 77 milhões, mais dois do que custou Julián Álvarez aos 24 ao Atlético Madrid e Marmoush ao Manchester City, com 25, e ainda mais cinco do que a verba que convenceu De Laurentiis a libertar Kvaradona para o PSG, ainda com 23 anos. Craques que, ao contrário do nórdico, já brilhavam numa Big Five e não numa liga periférica como a portuguesa e, ainda por cima, não passaram ao lado dos principais clubes ingleses quando andavam num patamar abaixo como aconteceu com o ex-Coventry no Championship.
Claro que é tudo relativo e podemos compará-lo com Galeno ou outros, mas no fundo o valor de mercado é simplesmente o que se paga por um jogador. E aquele leilão que provavelmente os dirigentes leoninos aguardavam e que faria disparar o valor da transferência não aconteceu. Os principais clubes viraram-se para outros alvos e mesmo o Arsenal tem andado à volta de Benjamin Sesko para garantir uma alternativa a um preço que considere mais inflacionado.
Varandas tem toda a legitimidade para lutar pelo melhor negócio possível. No entanto, se alterar a sua posição, se é que a alterou, mesmo que apenas assumida verbalmente, estará a cometer um erro e até a fragilizar a sua liderança. No fundo, é o jogador quem joga, quem marca e ninguém imagina que Viktor Gyokeres ficará algum dia em Alvalade contrariado. O negócio irá fazer-se sim ou sim ou tornar-se-á uma dor de cabeça. Até lá, justifica-se o silêncio. De todas as partes.
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