Gilmar representou o Vitória de Guimarães entre 1994 e 1999 - Foto: A BOLA
Gilmar representou o Vitória de Guimarães entre 1994 e 1999 - Foto: A BOLA

Gilmar: «Os adeptos do Vitória pressionam, são muito inflamados»

O último grande 'matador' do Vitória de Guimarães dá a receita para deixar os adeptos contentes: obviamente… golos

Numa época em que o Vitória de Guimarães atravessa uma crise de golos, A BOLA esteve à conversa com um dos grandes goleadores da vida do clube: Gilmar.

É o nono melhor marcador na história dos vimaranenses e não há, no passado mais recente, quem marcasse tantos como ele.

O ponta de lança brasileiro, hoje com 58 anos, atuou com D. Afonso Henriques ao peito entre 1994 e 1999, tendo apontado 54 golos em 173 jogos.

No pós-Gilmar, o jogador que dele mais se aproximou, em termos de golos, foi André André, que marcou 39 em 232 golos.

Cinco golos no primeiro jogo (mas não contaram…)

Na conversa com A BOLA, Gilmar recordou com alegria os tempos em Guimarães e assumiu que, sempre que tem oportunidade, acompanha o clube.

Como não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão, Gilmar marcou cinco golos na estreia com a camisola vimaranense. No entanto, os golos não contaram para o registo supramencionado, uma vez que foram num amigável…

«Os tempos em Guimarães foram ótimos. Cheguei vindo do Chaves. No primeiro amigável que fizemos, contra o Moreirense, marquei cinco golos. Foi assim que começou a minha história no Vitória.» Tinha tudo para dar certo e deu: «Foi uma trajetória ótima, desde aí até ao nascimento do meu filho. Além disso, fiz amigos como o Paneira, Zé Carlos, Pedro Barbosa, Capucho e outros…» Como não podia deixar de ser, Gilmar recordou «Neno, que era também um grande amigo. Um grande parceiro».

De goleador, para futuros goleadores

Sobre a seca de golos que o Vitória vive, com o pior registo ofensivo à 11.ª jornada, desde 2015/16, Gilmar explicou que são coisas do futebol, admitindo, no entanto, que não é fácil estar em tal posição em Guimarães - especialmente quando se é ponta de lança: «os adeptos do Vitória pressionam muito, são muito inflamados, gostam que a equipa jogue sempre para a frente, com muita força. São bastante exigentes e nós sabíamos disso, então tínhamos de ajudar a equipa, fazendo golos.»

É isso, a receita para deixar os adeptos mais felizes parece mesmo ser… fazer golos: «Eu tinha um apoio muito grande dos adeptos, como de toda a cidade de Guimarães, porque fazia golos e lutava muito pelas vitórias da equipa.»

«Os avançados precisam de estar sempre a marcar para andarem confiantes. Graças a Deus, na minha passagem pelo Vitória eu fiz alguns golos decisivos. Lembro-me de um contra o Parma, em Itália, em que precisávamos de levar a decisão para Guimarães e acabei por marcar perto do final do jogo.» Nesse jogo da 1.ª ronda da Taça UEFA, em 1996, o golo de Gilmar não impediu a derrota (2-1) dos conquistadores; mas foi, de facto, fundamental na para a passagem à fase seguinte, já que o jogo em Portugal ficou 2-0 para os minhotos, que acabaram eliminados na ronda seguinte, frente ao Anderlecht.

Mas calma… os golos hão de aparecer

Apesar de se receitar sempre golos aos avançados, neste caso em particular, Gilmar não recomenda stress à dianteira vimaranense, recordando que, ao início, também não foi exemplo: «quando começaram os jogos oficiais, também demorei uns cinco seis ou jogos a marcar. O primeiro que fiz foi contra o Setúbal em casa. Só a partir daí é que comecei a fazer muitos golos.»

E foi assim - com os golos e com o tempo - que o craque brasileiro foi conquistando o coração dos vitorianos: «Quando eu ia passear, os adeptos falavam sempre e diziam-me - 'Gilmar, tens de fazer golos!'. A gratidão deles acho que era porque eu dei sempre o meu melhor. Eles sabiam que eu batalhava muito nos jogos, corria muito… às vezes não fazia golo, mas batalhava bastante pela equipa. Era por isso que os adeptos tinham esse carinho especial por mim e eu por eles.»

Gilmar também quis salientar algo importante, os amigos que tinha ao lado: «Eu marcava muitos golos, porque tinha jogadores de muita qualidade ao meu lado, como o Vítor Paneira, o Capucho, o Edinho, o Pedro Barbosa, o Zahovic, o Pedro Martins, o Ricardo, o Riva, o Edmilson…», lembrou o jogador que passou depois por Boavista, antes de regressar ao Chaves para findar a carreira em Portugal, em 2001.