Pablo Felipe marcou o primeiro golo do Gil Vicente. Foto: HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Galo matreiro voltou a cantar na Choupana (crónica)

Gilistas mais experientes aguentaram a entrada dos locais e dominaram depois para vencerem de forma tranquila. Nacional inoperante no ataque

Cinco em cinco, são os triunfos do Gil Vicente nas últimas vezes em que as duas equipas se cruzaram. Pablo Felipe voltou a cantar na Choupana tal como em abril quando os gilistas venceram por 3-0 e Luís Esteves não festejou contra o seu antigo clube, quando fechou o marcador ainda na primeira parte.

O galo de Barcelos não levou muito tempo para começar a cantar, apesar do melhor início da equipa madeirense que ameaçou por Witi, a definição foi muito defeituosa quando tinha tudo para fazer melhor, e por Matheus Dias num canto, com enorme defesa de Andrew, mas inválido face a posição irregular. Com João Aurélio e Paulinho Bóia, o corredor direito deu dinamismo à melhor entrada do Nacional.

Encontrado o equilíbrio na equipa e no jogo, dois tiros de Martín Fernández num espaço de quatro minutos, foram o clique que faltava para o Gil Vicente se soltar ofensivamente e encontrar o caminho da vitória. Surgiram na sequência de bola parada e o segundo bateu com estrondo nos ferros da baliza.

A equivalência desfez-se no marcador aos 35’ por Pablo Felipe, que na sequência de lançamento de linha lateral de Hevertton ganhou sobre José Gomes e colocou a bola no fundo da baliza.

Nos descontos da 1.ª parte Luís Esteves aumentou o avanço dos minhotos com um tiro no coração da área, dando sequência a um passe de Martín Fernández na esquerda. O médio marcou ao seu antigo emblema e não festejou e o uruguaio gozou de muito espaço para manobrar, após um lançamento longo de Buatu.

A vantagem caiu na perfeição e no momento certo aos gilistas, que mais experientes e matreiros souberam guardá-la sem correr grandes riscos, apesar do Nacional ter-se aproximado territorialmente da sua baliza e conquistado vários cantos.

O tempo correu depressa para os madeirenses, tal como o vento a seu favor e que quase foi um aliado num pontapé de canto de André Sousa, apontado de forma direta e que encontrou como destino final a barra. Seria um canto olímpico do médio, cuja entrada melhorou a produção da equipa. Foi o momento em que o Nacional esteve mais perto do golo, o que denota as dificuldades ofensivas que evidenciou neste encontro.

Ao invés, pragmático, quando se soltava no ataque, o Gil Vicente foi quase sempre perigoso e instantes antes da ocasião de André Sousa, também viu o ferro do poste esquerdo da baliza madeirense devolver um remate de Santí Garcia, com Luís Esteves, na recarga, a errar por pouco o alvo.

O melhor em campo: Martín Fernández (Gil Vicente)
O extremo uruguaio de 22 anos confirmou as boas indicações transmitidas na pré-época. Rápido e incisivo sabe o que faz com a bola nos pés e tem uma capacidade de remate muito boa, como ficou evidente em duas tentativas de fora da área, com a segunda a ser travada pelos ferros. E assistiu Luís Esteves no 2-0. Mostrou argumentos para se destacar na Liga 2025/26.

As notas dos jogadores do Gil Vicente: Andrew (6), Hervertton (6), Elimbi (6), Buatu (6), Konan (6), Facundo Caseres (6), Bamba (5), Sergio Bermejo (5), Luís Esteves (7), Martín Fernández (7), Pablo Felipe (7), Zé Carlos Gonçalves (5), Zé Carlos Ferreira (5), Santí Garcia (6), Rodrigo Rodrigues (5) e Gustavo Varela (-)

Destaque do Nacional: Paulinho Bóia
Foi o principal impulsionador da boa entrada do Nacional, explorando bem o corredor direito, encontrando espaço para cruzar. Depois mostrou intencionalidade e vontade em inverter a incapacidade ofensiva da sua equipa. Lutou, nunca desistiu e aos 52’ encheu o pé de fora da área, mas a bola – que levava a direção certa - foi desviada por um adversário.

As notas dos jogadores do Nacional: Lucas França (5), João Aurélio (6), Ulisses (5), Léo Santos (5), José Gomes (5), Filipe Soares (5), Matheus Dias (5), Liziero (5), Paulinho Bóia (6), Chucho Ramírez (5), Witi (5), Joel Silva (5), André Sousa (6) e Vallier (5)

O que disseram os treinadores

Tiago Margarido, treinador do Nacional

«Apesar da entrada na época, a entrada na 1.ª parte foi boa, estávamos a ter o ascendente e o golo surge contra a corrente do jogo oriundo de um lançamento lateral. Depois a equipa demorou um pouco a reencontrar-se e quando o estava a fazer, surge novamente contra a corrente o 2-0. Na segunda-parte, muitas situações e abordagens mais com o coração do que com a cabeça, a equipa de arbitragem também a permitir muitas paragens o que fez com que a nossa equipa quando ganhava um élan positivo e podia carregar e ir para cima do adversário, havia sempre uma quebra e criava essas oscilações no ritmo.»

César Peixoto, treinador do Gil Vicente

«Vitória justa num campo difícil. Soubemos agarrar-nos uns aos outros, à organização e ao grupo que temos, que é fantástico. As melhores oportunidades foram nossas. A equipa foi madura, soube quando deu para jogar e quando não deu, com este vento era quase impossível jogar. Não entrámos muito bem, a equipa esteve pouco proativa e muito reativa e não estávamos a conseguir encaixar. O Nacional entrava pelos dois lados, mas sem criar grande perigo, depois entramos no jogo e fomos criando oportunidades. Na 2.ª parte sabíamos que o Nacional iria entrara a pressionar e tínhamos de aguentar os primeiros 15 minutos e a equipa soube estar organizada»