Francisco Neto não esconde ambição: «Queremos fazer história»
Francisco Neto contou com a ajuda de campeões para no Dia de Portugal divulgar a lista de convocadas para a presença da Seleção Feminina no Campeonato da Europa, que se realiza na Suíça, entre 2 e 27 de julho.
Diogo Costa foi quem anunciou as três guarda-redes, enquanto os restantes 24 nomes foram sendo pronunciados por João Palhinha, Trincão, Bernardo Silva, Rafael Leão, Vitinha e Nélson Semedo, jogadores que no passado domingo conquistaram a Liga das Nações de quinas ao peito.
De realçar que desta lista de 27 jogadoras há quatro que não seguirão para a Suíça, sendo que o selecionador Francisco Neto tem até ao próximo dia 25 para entregar a convocatória definitiva, com 23 jogadoras.
Questionado, em conferência de imprensa, sobre a disponibilidade física de Kika Nazareth, jogadora do Barcelona que, recorde-se, foi operada em março devido a uma rotura no ligamento lateral interno do tornozelo esquerdo, Francisco Neto foi claro: «Temos algumas jogadoras ainda em processo final de recuperação de lesão. Estamos em comunicação com os seus clubes. Teremos até dia 25 deste mês, a data final para anunciar as 23 jogadoras, e, por isso, ainda termos alguma margem para avaliar as jogadoras.»
Portugal vai marcar presença pela terceira vez numa fase final do Campeonato da Europa, após ter-se ficado pela fase de grupos nas edições de 2017 e 2022. No que concerne a objetivos para este ano, o selecionador pôs as cartas na mesa: «Aproveito para dar parabéns à equipa masculina, pelo muito que fizeram, para tudo o que nos orientaram, foi um momento incrível. E aproveito para estender os parabéns aos nossos sub-17 e desejar toda a sorte do mundo para a nossa seleção sub-21 que inicia amanhã a sua caminhada no Campeonato da Europa. Felizmente, estamos numa casa com muitas seleções nas fases finais. Nós, com muita ambição, queremos muito fazer as coisas bem e, como é lógico, aquilo que nos temos proposto ao longo dos anos, também fazendo jus ao nosso slogan, é fazer história. Queremos chegar ao último jogo e dependermos só de nós. No último Campeonato do Mundo foi por pouco, nos últimos campeonatos da Europa ficámos no último jogo a depender só de nós, e neste Campeonato da Europa não é exceção. Iremos fazer de tudo para passar à fase a eliminar.»
Perante os últimos resultados menos positivos da equipa lusa, com três derrotas nos últimos jogos, com Espanha (1-7), Inglaterra (0-6) e Bélgica (0-3), e ainda a despromoção à Liga das Nações B, Francisco Neto foi questionado sobre que impacto é que isso pode ter no seio do grupo.
Representar Portugal numa competição como esta nunca poderá abalar qualquer que seja o passado. Acima de tudo é o orgulho daquilo que fizemos, independentemente destes resultados, e a forma como aqui chegámo
«Acima de tudo, esta fase, ou estes jogos menos positivos, servirão sempre de aprendizagem. É um crescimento, é uma época na nossa temporada que não correu de acordo com aquilo que pretendíamos, percebemos, analisámos e tirámos as nossas ilações em função disso, mas também sabemos que uma fase final de um Campeonato da Europa é diferente. Temos mais tempo a trabalhar com as jogadoras, temos outro tipo de condições de continuidade, as jogadoras também tiveram o seu período de férias, por isso, acho que representar Portugal numa competição como esta nunca poderá abalar qualquer que seja o passado. Acima de tudo é o orgulho daquilo que fizemos, independentemente destes resultados, e a forma como aqui chegámos», realçou.
Sobre a presença de Lúcia Alves e Joana Marchão, que não estiveram nos jogos anteriores, Francisco Neto considera serem mais-valias: «Faz muita diferença, até para o nosso futebol mais fronteado, são elementos importantes. É importante contar com todas. O que queremos são aquelas que achamos que nos poderão ajudar mais neste campeonato de Europa, teremos mais armas. Ter a Lícia e a Joana dá-nos coisas diferentes, mas, como é lógico, estamos também contentes com o trabalho da Catarina, da Beatriz, da Ana Borges, que joga com a Capeta e também tem jogado nesses corredores. Agora, quanto maior for a diversidade do nosso plantel, melhor para nós, enquanto equipa técnica. E sabemos que, para competir ao mais alto nível contra as melhores equipas do mundo, precisamos do máximo de jogadoras preparadas.»
Quanto às quatro jogadoras que ficarão de fora, foi perguntado ao selecionador se Kika Nazareth terá mesmo condições para integrar a comitiva que no próximo mês ruma à Suíça.
«Iremos fazer uma avaliação, não só da Francisca como de todas as outras. A decisão que teremos que tomar, no dia 25, é quem são as jogadoras que nós, enquanto equipa técnica, sentimos e pensamos que estão aptas para nos poder ajudar. E, por isso, será assim em relação à Francisca, como será em relação a todas as outras, com atenções especiais para as jogadoras que vêm de lesão» respondeu.
Portugal fez uma fase de qualificação para o Europeu muito boa, tanto na Liga B como depois nos play-off, tendo encontrado seleções de outro gabarito. Apesar de alguns resultados mais pesados, será que as dores crescimento podem ser importantes agora no Europeu?
«Não vale a pena fugirmos às questões. Acho que é claro para nós, equipa técnica, que em seis jogos da Liga das Nações, conseguimos competir arduamente em três. E três deles não fomos tão competitivos como gostaríamos que tivessem sido. Por isso, não foi só coisas negativas que retiramos daqui, olhamos muito também para aquilo que foram os resultados não tão positivos fora de casa, principalmente com a Espanha e com a Inglaterra. Mas não deixa também de ter sido com eles que fizemos boas exibições e bons resultados, inclusive com a Inglaterra em casa. Por isso, estes jogos serão sempre de aprendizagem», afirmou.
Temos de melhorar aquilo que é o nosso momento sem bola. Sem dúvida nenhuma, principalmente nas primeiras partes do jogo. Dizemos muito às jogadoras que não se ganham jogos nos primeiros 15 minutos, mas podem-se perder jogos nesse período
Portugal sofreu 16 golosnos últimos três jogos e marcou apenas um. Facto que, obviamente, preocupa a equipa técnica, com o selecionador a enumerar as arestas que precisam de ser limadas: «Temos de melhorar aquilo que é o nosso momento sem bola. Sem dúvida nenhuma, principalmente nas primeiras partes do jogo. Dizemos muito às jogadoras que não se ganham jogos nos primeiros 15 minutos, mas podem-se perder jogos nesse período. Infelizmente tivemos essa experiência nesses dois jogos que tanta gente fala, Espanha e Inglaterra. Há que dar conforto às jogadoras, crescer na nossa ideia de jogo, voltar àquele registo que tivemos no passado, em que éramos conhecidos e reconhecidos por uma equipa que sofria muitos poucos golos. É certo que a nossa ideia de jogo tem crescido para outra dimensão, queremos assumir mais o jogo, queremos ter um bocadinho mais alguns comportamentos de risco, criar mais perigo com a bola às equipas adversárias e, se calhar, está-nos a faltar agora esse equilíbrio.»
Ainda sobre os muitos golos sofridos, Francisco Neto foi confrontado se isso poderá estar relacionado com as ausências de Diana Gomes e Ana Dias. «Na altura a Diana, infelizmente, devido à lesão não pôde jogar, é uma jogadora que tem muitos minutos connosco, é importante. No entanto, confiamos nas outras jogadoras e em todas as que entraram em campo, que procuraram fazer o seu melhor para aportar à equipa. Quanto às não convocadas, é uma questão de escolha técnica, como çé o caso da Ana.»
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