Foco no FC Porto, análise a tudo e não ficar 'fora de pé': tudo o que disse Lage
Após a vitória frente ao Farense, Bruno Lage, treinador do Benfica, fez a análise ao jogo com o Farense. Além de mostrar a satisfação pelos três pontos e pelo momento ofensivo, o técnico elogiou o adversário, o técnico Tozé Marreco e solidarizou-se com o treinador dos algarvios, que disse não admitir «faltas de respeito» após palavras de André Pipa, comentador da CNN.
— Uma análise ao jogo.
— Foi uma vitória importante, porque conquistámos três pontos e pela exibição, especialmente ofensiva. Marcámos três bons golos, entrámos muito bem na primeira parte. Permitimos que o Farense marcasse o golo perto do intervalo, numa bola parada. A equipa faz o 3-1, o Farense nunca desistiu. Os três homens da frente são muito fortes, o Rony foi meu jogador e tem enorme qualidade, muito virtuoso. Depois têm o Marco Matias para atacar a profundidade. Trabalhou comigo no Sheffield Wednesday e conheço a forma como ele ataca a profundidade. E uma palavra para o Tomané. Fez um jogo fantástico. É de enaltecer a exibição dele até porque é dos poucos pontas de lança portugueses. Há três: dois com mais de 30 anos, o Tomané e o Nélson Oliveira, e o Henrique Araújo. Foi uma exibição muito boa, ganhámos muitos duelos. O comportamento da equipa, quer a marcar golos, quer a agarrar-se ao resultado, foi muito bom. É uma vitória muito importante, perante um adversário que se bateu muito bem, mérito do seu treinador. Já agora, também conheço o Tozé desde há algum tempo, treinava no Oliveira do Hospital e percebia perfeitamente que qualquer dia ia chegar à primeira linha. Vitória justa, três pontos e seguimos em frente com foco no FC Porto.
— Fez cinco alterações no onze. Ficou satisfeito?
— Claro que sim. É isso que eu pretendo, que os jogadores me coloquem sempre este desafio. No último jogo, marcaram o Bruma e o Bellotti, hoje, foram Akturkoglu e Pavlidis. O que fazemos hoje foi escolher o melhor onze. Temos a possibilidade de depois escolher o melhor onze a cada momento e em particular nos três da frente. Mas foi uma exibição sómeda, praticamente, de toda a gente e fiquei satisfeito com a exibição de todos.
— Como entra o Benfica tão bem e depois sofre tanto? O que pode prometer para o jogo com o FC Porto?
— Não jogámos sozinhos e o mais importante é fazer a análise daquilo que aconteceu durante os 90 minutos. O Trubin analisou o tempo e o momento do jogo. Uma coisa é o primeiro minuto, outra coisa é o final do jogo. Todas as equipas fazem faltas táticas, nós nessa questão até temos, às vezes, permitido que os adversários saiam em transição. Eles decidem aquilo que têm de fazer a cada momento para a equipa ganhar. Por isso, o mais importante é a vitória da equipa.
— Bruno Lage ganhou no Dragão e foi campeão. Acredita que pode ganhar novamente?
— Fiz dois jogos no Dragão, primeiro ganhámos 2-1, depois perdemos 2-3. A certeza que tenho é de que vou jogar para a frente, para vencer o jogo.
— Conseguiu fazer a gestão que queria? O que espera do jogo no Dragão?
— São jogos diferentes. Eu também não vejo como vocês, vejo a análise do jogo, daquilo que nós fizemos. Observo também a forma como nós sofremos os dois golos, o volume ofensivo e as oportunidades criadas. Aquilo que temos vindo a fazer, independentemente de quem joga, toda a gente a marca golos e isso deixa-me realmente satisfeito. Sentimos que, principalmente pela forma como o Farense joga, de ter um homem na segunda bola, um toque a menos ou a mais poderia pôr em casa um amarelo para o Tino. Temos vários médios. O Renato fez um jogo muito tranquilo naquela posição. O Di María tem mais controlo, joga numa posição diferente, seguramente não iria ver amarelo e precisava de tempo de jogo. Correu tudo bem, os três pontos estão deste lado. Agora é olhar para o jogo com o FC Porto.
— Optou por Dahl a lateral-direito. Pode ocupar o lugar de Tomás Araújo?
— Não é o lugar de Tomás Araújo, é o lugar defesa-direito. Ainda temos de começar agora a preparar, a observar o FC Porto, a forma como joga e depois tomamos a melhor decisão. O Samuel [Dahl] fez um jogo muito bom. Temos o Leandro [Santos], que tem feito um trabalho fantástico. Começou a jogar nos sub-23, já fez alguns jogos na equipa B, já fez alguns jogos na equipa A. O Fredrik [Aursnes] também pode jogar naquela posição. Temos várias soluções para a lateral direita.
— Porque é que decidiu jogar de forma mais direta?
— Lá está... É um treinador que tem enorme qualidade. Fazemos análise de tudo. Depois do primeiro golo e sabendo que o Farense, quando perde, arrisca ainda mais na pressão, temos vindo a trabalhar com o Trubin nestas situações. Por isso, o mais importante é, a cada momento, os nossos jogadores interpretarem muito bem o momento do jogo. Há momentos em que têm de ser mais rápidos, há momentos em que têm de ser mais lento e nós fazemos isso muito bem. Somos uma equipa muito forte no ataque rápido, somos uma equipa que está a crescer no jogo posicional.
Resposta a comentários de André Pipa sobre o Farense, que afirmou que o clube algarvio iria «levar pancada»:
— Estou solidário com o Tozé. Uma coisa é não gostarem de nós, criticar a nossa forma de estar, de trabalhar. Outra coisa é passar para lá. Não levem a mal, porque vocês jornalistas têm feito um trabalho muito fantástico naquilo que é tentar as vossas perguntas, mas eu também estou a aprender a jogar o vosso jogo. Mas há uma coisa que é 'atirarem-se para fora de pé'. Esquecem-se que somos homens, somos profissionais, temos famílias. Acho que podíamos ter todos uma relação mais porreira, porque vocês têm família e nós também. Também somos homens e atirarem-se 'para fora de pé' não fica bem.