Ríos festeja primeiro golo do Benfica em Faro, nos oitavos de final da Taça de Portugal. Foto Carlos Vidigal/KAPTA +
Ríos festeja primeiro golo do Benfica em Faro, nos oitavos de final da Taça de Portugal. Foto Carlos Vidigal/KAPTA +

E tudo ficou resolvido aos 11 minutos de cada parte (crónica)

Não há muitos jogos em que se tenha tanta certeza do desfecho desde tão cedo, o que só pode ter mérito do vencedor. Escapadinha algarvia deve ter sabido muito bem aos encarnados

Não é comum assistir a jogos como este, no qual a partir dos dez minutos (em rigor onze, mas dez é mais redondinho) não permanece qualquer dúvida quanto a quem o vai vencer, restando perceber por quantos. Esta primeira frase não pretende representar qualquer tipo de desrespeito para com o Farense ou para com o Benfica — trata-se apenas da constatação de que os algarvios, a perder tão cedo, não teriam capacidade de dar a volta, apesar das boas ideias que Jorge Silas tentou implementar. E que, por outro lado, há hoje em dia um Benfica seguro e confiante, capaz de ler os momentos do jogo e as necessidades que ele exige.

Até entrou afoito o Farense, conquistando dois cantos de enfiada e criando uma ligeira sensação de perigo no segundo deles, com cabeceamento para as mãos de Samuel Soares, que surgiu no lugar habitualmente ocupado por Trubin na baliza do Benfica. Sobre o guarda-redes escolhido para a Taça só voltaríamos a ter notícias, ainda por cima infelizes, perto do intervalo, quando se sentou no relvado com queixas musculares que o intervalo confirmaria, regressando Trubin ao posto de origem após o descanso.

Aos 11 minutos, foi assinalada falta sobre Prestianni na banda direita do ataque do Benfica. O especialista de A BOLA Pedro Henriques sobre ela falará com propriedade, mas trata-se de um daqueles lances que noutras circunstâncias ou com outros protagonistas poderia dar azo a vastos comentários sobre arbitragem e processos de intenção que vão crescendo como cogumelos (sem novidade de maior) no futebol português. O facto é que Sudakov bateu bem o livre, o Benfica fez funcionar os bloqueios na área e Ríos surgiu sozinho perto da baliza para fazer o 1-0.

Daí em diante só deu Benfica a controlar um Farense bem intencionado, mas incapaz de criar grande ou pequeno perigo. Os encarnados geriam os tempos e o espaço, sem grandes euforias ou correrias, mantendo o adversário bem longe da área que ainda era de Samuel Soares. Também não havia aproximações voluptuosas do Benfica à área algarvia, como não haveria de haver até final do jogo. Não era preciso, na verdade.

José Mourinho teve de lidar com contrariedades inesperadas, como as lesões de Samuel Soares (sairia no descanso, como já referido) e Sudakov, que teve mesmo de deixar o relvado antes do intervalo. Entretanto já Otamendi tinha falhado um penálti e Ivanovic tinha visto um golo anulado, adiando o carimbo para os quartos de final.

A segunda parte trouxe zero novidades: o Farense não tinha autocarro para estacionar (e ainda bem que não o quis fazer), mas também não tinha bólide com cilindrada suficiente para romper a organização encarnada. De novo aos 11 minutos, mas agora da segunda parte, surgiu o 2-0 que colocou o selo de naturalidade no jogo e no resultado.

Mais substituição menos substituição, de um lado e de outro, o jogo não mais mudaria de figurino. De tal forma que apenas nos minutos finais da compensação o Farense se aproximou finalmente da baliza encarnada, efetuando um remate perigoso e marcando um golo que acabaria por ser anulado via-VAR.

Mourinho via, com satisfação, a possibilidade de deixar Manu Silva jogar toda a partida. Não é um pormenor de somenos — trata-se de um jogador que acrescenta e a recuperação dele constitui provavelmente a melhor notícia encarnada deste final de ano. Prestianni deu bons sinais, Banjaqui estreou-se, Aursnes entrou antes do intervalo para mostrar que é superlativo.

Num mês difícil e intenso, esta escapadinha tranquila ao Algarve só pode ter sabido muito bem ao Benfica.

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