É para isto que o Benfica contratou Barrenechea
Enzo Barrenechea foi contratado pelo Benfica este verão ao Aston Villa por empréstimo, com uma taxa de cedência de €3 milhões, mas num negócio assinado com os ingleses que pode tornar-se compra definitiva se forem atingidos alguns objetivos, e que representará um investimento do Benfica de €15 milhões. Pelo que tem mostrado neste arranque de temporada, o médio argentino de 24 anos parece ser um tiro certeiro dos encarnados.
Barrenechea foi titular no primeiro jogo de 2025/26 e deu boas indicações nos 80 minutos em que esteve em campo no duelo da Supertaça, ganho ao Sporting por 1-0, golo de Pavlidis. Então, num meio-campo partilhado com Richard Ríos (outro reforço) e Leandro Barreiro, o argentino revelou argumentos para, partindo da posição 6, dar nova dimensão à equipa de Bruno Lage. O treinador deve ter feito análise semelhante, porque o lançou novamente de início na quarta-feira passada, em Nice, primeira mão da terceira pré-eliminatória de acesso à fase de liga da UEFA Champions League (2-0).
Desta, vez numa linha de quatro a meio-campo, com Aursnes, Ríos e Schjelderup, Barrenechea deu novamente boa resposta. «Competente, capaz de incorporar-se em tarefas defensivas, e muito preciso nos passes de curta e média distâncias. Importante para a forma como o Benfica controlou o Nice», escreveu José Manuel Delgado, jornalista de A BOLA, que pontuou o jogador com nota 6, de 0 a 10.
As estatística dos jogos com Sporting e Nice ilustram um jogador com qualidade de passe e conhecedor dos espaços que ocupa, a organizar e na pressão, a cortar linhas de passe. Perfil diferente de Florentino, o habitual titular (marcou grande golo no jogo com o Nice).
De acordo com dados do site Sofascore, na Supertaça, Barrenechea acertou 45 de 49 passes que tentou, um acerto de 92%. Fez cinco passes longos, acertou três. Ganhou dois de sete duelos no solo e um de dois pelo ar, cometeu duas faltas e sofreu outras duas; conseguiu duas interceções, mas registou seis perdas de bolas — foi primeiro jogo dele nas águias, o que justificará algum desacerto. Porém, frente aos franceses do Nice, o novo médio-defensivo das águias elevou o rendimento.
No jogo da Champiions, Enzo acertou 49 passes em 55 tentativas, uma taxa de acerto de 89 por cento. Neste domínio, Barrenechea fez sete passes para o último terço do meio-campo do Nice, sendo que dois podem ser considerados fulcrais para ataques perigosos e um deles foi mesmo, de forma direta, potenciador de lance de golo iminente.
Barrenechea fez o pleno nos duelos em que se envolveu, concretizou todos os desarmes tentados (3) e o único duelo aéreo que travou. Junto à relva, saiu por cima em seis dos sete duelos que assumiu. Fez ainda um cruzamento e apenas no capítulo da chegada à área, da finalização, em França como no jogo com o Sporting, não apareceu: um remate bloqueado frente ao Nice, dois remates não enquadrados com a baliza na Supertaça.
Pormenor: não fez faltas em Nice. O que pode ser interpretado como falta de agressividade, mas também revelador de boa ocupação do espaço defensivo, não precisando de recorrer à falta. Uma vez que contabilizou quatro recuperações de bola, mais os desarmes com êxito, ganha força a segunda hipótese.
Jovem e ainda com muito para provar num clube da exigência do Benfica, Barrenechea começou bem, não há dúvida, também pela aposta de Lage. Mais do que assertivo a defender, o argentino — que já foi convocado para a seleção principal, embora ainda não tenho feito a estreia — mostra ser capaz de assegurar um Benfica mais rápido a atacar.
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