Francesco Farioli, treinador do FC Porto (Catarina Morais/Kapta+)

Com Francesco Farioli tudo faz sentido

Italiano segue uma ética de trabalho rigorosa e uma disciplina que exige dos seus pupilos. Este tipo de mudança é um passo essencial para qualquer organização que aspire a alcançar resultados consistentes e o sucesso. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

Nunca se pode celebrar o regresso à normalidade, porque, dizem, a normalidade é a meta dos fracassados. Claro que há diversas formas de analisar a questão: até onde podia ir a loucura experimentalista de Martín Anselmi no FC Porto? Por muito que nos seduza certos saltos no desconhecido, há momentos em que convém parar e, sim, normalizar as coisas e colocar as peças no seu devido lugar. Ser lógico, antes de ser atrevido. Avaliar o que está mal e corrigir. Comprar em função das necessidades imediatas, descartar ou vender em função das metas desportivas e financeiras. Nesse sentido, Francesco Farioli trouxe de volta uma certa normalidade que fazia falta ao FC Porto. Não no sentido derrotista do termo, mas no que respeita ao caminho estratégico que uma equipa com a grandeza dos azuis e brancos tem de trilhar para voltar aos títulos.

O resto, virá como consequência deste regresso progressivo a uma fórmula que não tolera erros de casting e muito menos aventuras de natureza tática que não combinam com a matéria humana à disposição. Reparem que até o entusiasmo à volta dos nomes que vão chegando ao FC Porto é moderado. Talvez por cautela, segreda-se que o FC Porto está a fazer um grande mercado. E está, de facto. Mas não ganhou nada com o que aconteceu na época passada, em que até o (ainda para nós) desconhecido Deniz Gul teve uma música que lhe foi dedicada que não entrou sequer no top 20 das mais tocadas. Farioli tem demonstrado uma capacidade notável de transformar a filosofia da equipa, substituindo uma certa ilusão que prejudicou os dragões em 2024/2025 por uma abordagem muito mais sólida e estruturada. Aposta numa ética de trabalho rigorosa e numa disciplina que exige dos seus pupilos.

Este tipo de mudança é, na verdade, um passo essencial para qualquer organização que aspire a alcançar resultados consistentes, sustentáveis, em suma, o sucesso. A audácia e a competitividade continuam a fazer parte do ADN da equipa, mas agora são complementadas por uma base sólida de princípios e valores que promovem o crescimento e a excelência. Finalmente, um 4x3x3 que faz sentido! Quem sabe, no futuro, um 4x2x3x1 que também faça? Quem tem saudades de ver Eustáquio (ou outro qualquer médio) enfiado entre dois centrais? Ninguém, a não ser os adversários do FC Porto.

PS: o vosso escriba vai tirar uns dias de férias! Precisa de recarregar baterias, apanhar um pouco de sol e, quem sabe, aventurar-se em novos petiscos (há rumores de que há um bacalhau num recanto minhoto que não foi devidamente explorado). Prometo voltar no dia 26, muito provavelmente, com uns quilos a mais.