«Cérebro de passarinho»: campeão do mundo pelo Brasil com opinião polémica
Muller, campeão do Mundo pelo Brasil em 1994, proferiu algumas opiniões polémicas e fortes, defendendo que o futebol atual já não produz jogadores como na época em que atuou como profissional, entre 1983 e 2004.
«Não vou falar só eu, mas vários contemporâneos com história lutariam como melhor do mundo. Lógico, desde que jogasse na Europa. O jogador brasileiro jamais, um craque, um génio, jamais foi, jamais seria o melhor do mundo a jogar no Brasil. Sabemos disso. Então teria de ir para a Europa disputar a Champions, jogar nas grandes ligas para tentar ser o melhor do mundo. Mas vários companheiros meus com certeza que lutariam para ser o melhor do mundo todos os anos, não só num», disse, em entrevista ao Abre Aspas.
«Quando comecei a jogar futebol, Oscar, Darío Pereyra, Careca, Pita, Serginho Chulapa, Waldir Peres sempre falaram a mesma coisa: ‘Olha só, você é bom e já subiu, mas o segredo não é esse, o segredo é permanecer lá em cima’. Eram frases que não conhecia até então, porque vim de uma família muito pobre, fui aprendendo com os mais velhos, porque eles eram mais experientes e sabiam mais da bola», acrescentou.
Segundo Muller, a força física substituiu a inteligência, fazendo com que muitos jogadores tenham «cérebro de passarinho».
«Tudo o que a gente vai fazer começa na cabeça. E o futebol não é diferente. Eu sempre uso uma frase que é: a cabeça joga tanto quanto os pés. Os jogadores hoje em dia têm muita força, mas pensam pouco. São dinâmicas diferentes. Hoje o jogador corre para chutar, antigamente ajeitava para bater», comentou, usando a seleção do Brasil como exemplo.
«Não dá para comparar, as individualidades de 94 não se comparam com nenhuma geração de hoje, esqueçam. Seja no titular, seja no banco. Vencemos Mundiais com individualidade, o Romário a ser protagonista em 94, em 2002 protagonista o Ronaldo e o Rivaldo. Individualidade. Os treinadores não tinham muito trabalho atrás, assim como as peças de reposição. Hoje não. O Ancelotti olha para o banco e vê quem? Ninguém», completou.