Camarões em ebulição: «Eto'o insultou-me desde o primeiro minuto»
Marc Brys quebrou o silêncio após a polémica saída do comando dos Camarões, lançando críticas duríssimas ao presidente da federação, Samuel Eto’o. Demitido esta semana pela Fécafoot - a Federação Camaronesa da Futebol -, a menos de um mês do início da CAN, o técnico belga descreveu um ambiente marcado por tensão constante desde o primeiro dia no cargo.
Em entrevista à VTM Nieuws, Brys revelou que a relação com Eto’o nunca foi funcional e que trabalhar na selecção tornou-se insustentável. «Tenho outras ambições para além de viver constantemente em alerta. É agressivo demais, enganoso demais. Muito negativismo para conseguir trabalhar em condições», afirmou.
«Desde o primeiro minuto que Eto'o insultou-me, e eu reagi. Era uma ameaça demasiado grande para ele», acrescentou. Recorde-se que Brys foi nomeado directamente pelo Ministério do Desporto dos Camarões em maio de 2024, contornando a Fécafoot — algo que desencadeou um conflito aberto de poderes que marcaria toda a sua passagem pelos leões Indomáveis.
A derrota frente à República Democrática do Congo, no play-off africano rumo ao Mundial 2026, serviu de justificação para a federação anunciar o seu despedimento. No entanto, Brys insiste que, tecnicamente, continua contratado. «O meu contrato vai até setembro. É um contrato com o ministro, e ele não me demitiu», sublinhou, deixando no ar dúvidas sobre a validade da decisão tomada por Eto’o e pela Fécafoot.
Apesar da turbulência, Brys diz que a experiência lhe trouxe aprendizados importantes. «Foi uma lição valiosa. Recomendo a todos, mas não deve durar muito tempo. Ou se fica com medo e não se quer entrar nesta luta, ou encara-se como uma experiência enriquecedora. Tornar-me técnico de Camarões foi um desafio para mim. Veremos quais serão as consequências», disse.
Enquanto o belga avalia o futuro, os Camarões seguem em frente com David Pagou ao comando e com uma lista de 28 convocados já divulgada para a CAN.
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