António Miguel Cardoso: «Cláusula de Rui Borges paga as indemnizações»

Presidente do Vitória e candidato da lista B ao ato eleitoral no clube afirma que manter Daniel Sousa seria «alimentar relação tóxica»; treinadores têm de estar alinhados com o projeto desportivo; despedimento do português e de Paulo Turra teve custos, mas cobertos pela transferência para Alvalade do ex-técnico

Falou da estrutura que montou e que tem dado cartas. Essa estrutura prevalece sobre o treinador? Pergunto-lhe isso porque a saída do Daniel Sousa nunca foi plenamente explicada.  

— Acho que foi explicada e também não acho que se deva entrar em pormenores. O Vitória estrutura tem determinados pilares de que não abdica e quando digo isto quero dizer política de contratações, claro, mas o Vitória não contrata nenhum jogador sem ter o OK treinador. A estratégia tem de estar alinhada com aquilo que é o futuro do clube. Staff, corpo clínico, departamento de performance, atletas, toda a estrutura e no caso particular do Daniel Sousa, como com todos os treinadores, vincamos antes da entrada deles, quais são os pilares, o que é mais importante para nós. E para as relações serem saudáveis temos de seguir determinados padrões. Quando existe esse compromisso e depois as coisas não correm como estavam combinadas, percebemos que não existe caminho para continuar. Não queremos que as relações se tornem tóxicas. Para responder à sua pergunta, acreditamos muito na estrutura, por isso, quando as coisas não estão bem, preferimos tomar decisões porque não queremos comprometer o futuro e isso foi feito.   

Não queremos que as relações se tornem tóxicas. Para responder à sua pergunta, acreditamos muito na estrutura, por isso, quando as coisas não estão bem, preferimos tomar decisões porque não queremos comprometer o futuro e isso foi feito

— O candidato da lista A fala também de nove treinadores que passaram pelo Vitória entre interinos e efetivos. Se não estou em erro só Daniel Sousa e Paulo Turra foram despedidos. Mas isso comporta custos, certo?  

— Comporta. No Vitória não queremos comprometer épocas desportivas quando sentimos que as coisas estão más, mas acreditamos sempre no processo, acreditamos sempre que as vitórias apareceriam, como apareceram. Acreditamos que vamos ter estabilidade a partir de agora. É óbvio que quando fazemos acordos temos indemnizações para pagar, isso é indiscutível, não fugimos aos nossos compromissos. Se falarmos em matéria de treinadores só a cláusula que o Sporting pagou pelo Rui Borges, se calhar paga essas indemnizações todas, por isso acho que é uma não questão. Se olharmos ao todo, facilmente consigo explicar que essas indemnizações têm retorno por outro lado.