Serena Williams a assistir a um encontro
Serena Williams a assistir a um encontro

Acusações explosivas de 'doping': «Serena Williams fazia isso há 20 anos»

Ion Tiriac, antigo tenista e bilionário romeno, disse que a norte-americana utilizou substâncias proibidas recorrendo a exceções terapêuticas, melhorando o desempenho nos 'courts'

Ion Tiriac, antigo tenista romeno, fez acusações explosivas acerca de Serena Williams no programa Prietenii lui Ovidiu, ao dizer que a norte-americana recorreu a «exceções terapêuticas» para utilizar substâncias proibidas que lhe davam vantagem desportiva.

Este é o mais recente capítulo de uma história de conflitos entre a antiga tenista e o bilionário de 85 anos, que agora em exclusivo no estúdio da Gazeta Sporturilor foi mais longe, colocando em causa o profissionalismo e a ética da atleta que se despediu dos courts em 2022, aos 40 anos.

«Serena Williams teve uma exceção terapêutica durante 20 anos! Que doping mais quer?», questionou o romeno, recordando as declarações do filho, que iniciou diferendo a respeito desta matéria, na sequência dos problemas de doping de Simone Halep.

«Há um medicamento, se me permitem, e até vos digo o nome, porque o meu filho informou-se muito bem quando a Serena disse à Halep... 'Parece que esse também é meu'. Parece que a Sereninha teve 20 anos de exceções na lista negra. Parece! Não posso acusar, não quero acusar! Nem devia ter dito... o médico de família», declarou.

«'Vasilica, anda cá escrever! Escreve aqui que eu preciso de Ritalin!' Há pessoas que nascem e precisam de Ritalin. É um produto que, se nasceres um pouco mais lento... [nota: usado em casos de défice de atenção]. Este Ritalin foi concebido para pilotos de caça. Quando se administra Ritalin a um piloto, algo que todos sabem, desde os russos aos chineses e americanos... Todos o usam porque melhora até 50% a visão periférica e em profundidade. Melhora também em até 50% a execução motora, a precisão das mãos. O que mais se pode querer além de uma substância com estes efeitos para um atleta? O que mais se pode querer?»

«Cerca de 1,2%, 1,3% da população mundial nasce com alguma doença. Mas no desporto, 40% são doentes, e não 1%! Começando pelo nosso querido alemão – ou russo, seja lá o que for – Alexander Zverev, que injeta insulina em campo. É por isso que digo, mostrem-me todos os que tomam… Dezenas de milhares de atletas, os da categoria C, os da categoria A, os da categoria B e, não sei, quem são?», questionou.

«Todos vão dizer: 'Bem, fazem-no por motivos terapêuticos!'. Então façamos um Campeonato do Mundo para 'terapêuticos'. Como fazemos para deficientes, fazemos também para 'terapêuticos'! Senão, tirem tudo o que é terapêutico da lista proibida e toda a gente pode tomar! Ou então, abolindo a lista proibida completamente, voltamos à situação de há 40, 30 anos, e cada um faz o que quer, viva a liberdade!», reforçou.

«Falo agora como antigo presidente do Comité Olímpico, como antigo atleta olímpico, como antigo tenista durante 25 anos, mas também como espectador. Um camarote em Roland Garros para 4 pessoas custa 125.000 euros. Durante todo o torneio. E eu estou nesse camarote e jogam dois atletas. E eu não sei quem tomou ou não substâncias proibidas. Mas quem ganha? Porque hei de ser enganado e não saber? Digam, senhores, publicamente. Não podem, porque cada um tem direito aos seus segredos», continuou.

Em setembro de 2016, hackers russos que se autointitularam Fancy Bears divulgaram 36 páginas de documentos confidenciais da Agência Mundial Antidoping. Nos documentos constavam informações confidenciais sobre três das maiores atletas americanas: a ginasta Simone Biles e as tenistas Venus Williams e Serena Williams.

Mais precisamente, três documentos comprovam que Simone Biles testou positivo para metilfenidato, uma anfetamina, nos Jogos Olímpicos do Rio. A ginasta norte-americana recebeu uma isenção médica para uso terapêutico da substância. No caso das irmãs Williams, os documentos apenas comprovam que realizaram diversos tratamentos com medicamentos que continham substâncias proibidas entre 2010 e 2015, tendo recebido isenções para tal.

Quando são concedidas isenções médicas para fins terapêuticos?

Os atletas, tal como todas as pessoas, podem ter doenças ou condições que exigem a administração de medicamentos ou a submissão a cirurgias. Se a medicação necessária constar da lista de substâncias proibidas, é concedida uma isenção para uso terapêutico, como consta no regulamento da WADA. Os critérios para que um atleta possa receber essa isenção são: o atleta sofrerá uma deterioração da sua saúde se não tomar os medicamentos incluídos na lista de substâncias proibidas; esses medicamentos não causam uma melhoria significativa no desempenho desportivo; não existe alternativa para resolver o problema; e o atleta não utilizou previamente a substância sem solicitar isenção.