Abel explode na net com mais de 1,3 milhões de seguidores
A 20 de outubro de 2020, Abel Ferreira, então o novo treinador do Palmeiras acabado de sair do PAOK de Salónica, tinha 50 mil seguidores nas redes sociais. Hoje, pluricampeão de um dos maiores clubes de um país, o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, soma 1,3 milhões de fãs, mais do que qualquer outro técnico do Brasileirão. O crescimento é fenomenal. Mas, dadas as circunstâncias, não espanta especialistas ouvidos por A BOLA.
«É natural, afinal estamos a falar de um técnico já internacionalmente reconhecido e de um clube com grande poder de envolvimento», afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing desportivo.
«É um típico caso de ganha-ganha: os treinadores aumentam a sua base, ganhando potencial para ações com o mercado publicitário, e os clubes passam a ter um grande ativo que aumenta o seu potencial de internacionalização e de relacionamento com novos mercados», argumenta Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa que conecta o adepto à paixão pelo futebol e atua no mercado desportivo.
«O Brasil figura nas primeiras posições de utilizadores e de envolvimento em todas as redes sociais, no futebol, o efeito multiplica-se e todos os protagonistas acabam por ganhar uma atenção ainda maior das torcidas, que, ávidas por acompanhar o dia a dia e todos os detalhes do clube de coração ou até mesmo dos adversários, passam a seguir jogadores e técnicos de destaque», explica Ivan Martinho, professor de marketing desportivo na ESPM.
Entretanto, se entre os jogadores de futebol a conexão com os adeptos via redes sociais já é hábito, entre os treinadores o fenómeno é mais recente. No Brasil, por exemplo, Tite, mesmo tendo treinado a seleção em dois ciclos de Mundial, nem Instagram oficial possui. Já Muricy Ramalho é o exemplo inverso, com 950 mil seguidores, mas mais por ter sido comentador do Grupo Globo do que pela atividade no banco.
CONTRATOS
O poder mediático de Abel Ferreira e outros, por outro lado, pode vir a influenciar contratos de trabalho de treinadores e clubes. É o que entende Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing desportivo, que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do desporto: «Vai chegar o momento em que no ato da negociação de contratos, estará na mesa o poder de crescimento das redes sociais, isso vale para uma instituição com forte adesão, assim como para os superatletas, que ao serem contratados mudam completamente o patamar da rede da instituição, é o novo mundo, onde a audiência vale ouro e vira um grande património das partes envolvidas.»
Já o especialista em negócios do desporto e sócio-fundador da Let’sGoal, Armênio Neto, que comandou o marketing do Santos entre 2010 e 2013, lembra alguns casos precursores deste período, uma época em que as redes sociais ainda engatinhavam e era necessário criar novos tipos de oportunidades para os negócios. Ele trouxe patrocínios para as camisolas de treinadores famosos, como o citado Muricy e Cuca.
«O número de seguidores é um bom termómetro de popularidade mas raramente vemos treinadores gerando receita com a imagem, obviamente falta tempo e, muitas vezes, disposição para isso, do lado dos clubes, treinador e equipas técnicas podem ser uma propriedade adicional no portfólio de ativos: dão muita exposição e podem ativar o patrocínio em eventos, palestras, entre outras coisas», rematou.
Os treinadores do Brasileirão
com mais seguidores
- Abel Ferreira (Palmeiras) 1,3 milhões
- Dorival Jr. (São Paulo) 1,1 milhões
- Renato Gaúcho (Grêmio) 717 mil
- Jorge Sampaoli (Flamengo) 714 mil
- Vanderlei Luxemburgo (Corinthians) 472 mil
- Mano Menezes (Internacional) 224 mil
- Luiz Felipe Scolari (Atlético Mineiro) 138 mil
- Luís Castro (Botafogo) 90 mil
- Fernando Diniz (Fluminense) 60 mil
Técnicos mais seguidos no mundo
- Carlo Ancelotti (Real Madrid) 12,1 milhões
- Pep Guardiola (Manchester City) 6,3 milhões
- José Mourinho (Roma) 3,6 milhões