«A integridade desportiva é uma preocupação transversal e global»

Balanço do Ética Summit, que debate a promoção da ética e da integridade no Desporto

O Ética Summit, evento internacional sobre a Ética e a Integridade no Desporto, promovido pelo Panathlon Clube de Lisboa, para toda a comunidade lusófona, terminou com muitas ideias debatidas e muitas mais por explorar. Num balanço da edição deste ano, e a lançar já a próxima, Fábio Figueiras, Presidente da Comissão Executiva do Ética Summit 2025, partilhou com A BOLA as vitórias e ensinamentos de um evento partilhado com toda a lusofonia.

Que balanço faz do Ética Summit 2025? Tanto a nível de temas como de número de participantes?

O balanço é extremamente positivo. Ao longo de três dias tivemos milhares de participações em conferências, mesas-redondas e workshops, o que demonstra que o tema da ética no desporto continua a mobilizar e a inspirar. Conseguimos reunir mais de 100 oradores em mais de 25 sessões, cobrindo uma grande diversidade de temas atuais e relevantes, sempre com uma abordagem prática e de reflexão crítica. Para além da forte presença portuguesa, voltámos a contar com participantes de toda a lusofonia – Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe – e, pela primeira vez, com um orador de Timor-Leste. Esse esforço da Comissão Executiva em integrar também os timorenses reforça a nossa visão de um Ética Summit global dentro do espaço lusófono.

Quanto tempo demora a preparar uma conferência destas?

Exige um planeamento muito detalhado. O processo envolve várias fases, desde logo a discussão em torno do financiamento, até à definição da composição do programa – quanto a grandes temas, oradores e sessões. Depois, existe todo um trabalho de validação e de alinhamento estratégico, quer na organização quer na comunicação. Isso implica múltiplas reuniões da Comissão Executiva e um esforço muito grande na identificação, contacto e formalização dos convites a todas as entidades que integram as diferentes estruturas do Ética Summit, como a Comissão de Honra ou a Comissão de Autarcas pela Ética Desportiva. Começa logo muitos meses antes do evento.

Foram tratados temas como o papel das mulheres, jovens, família, doping, boa governança, quais as principais conclusões?

As principais conclusões do Ética Summit 2025 mostram que, em várias áreas, o progresso tem sido real e efetivo, embora dependa muito do contexto e do país. O mais importante foram as pistas e ensinamentos que os diferentes painéis trouxeram. O papel das mulheres e dos jovens foi um dos temas que mais interesse gerou, sobretudo porque a mesa reuniu jovens de três continentes e países (Brasil, Guiné-Bissau e Portugal), que em primeira pessoa partilharam os desafios de ser jovem e, no caso das duas intervenientes, ser mulher no desporto e de ter que lutar ainda mais para alcançar posições de decisão. Em matéria de doping, explorámos o doping não intencional sob vários ângulos. Foi uma oportunidade para treinadores, professores e atletas compreenderem melhor fenómenos como a contaminação e acederem a ferramentas práticas para identificar substâncias proibidas que, muitas vezes, são até recomendadas pelas pessoas mais próximas.

Quão importante é a inclusão dos países lusófonos, dada a possível existência de diferenças culturais?

A inclusão dos países lusófonos foi, desde o início, um dos grandes objetivos do Ética Summit e continua a ser a sua essência. Acreditamos no valor da partilha e da troca de experiências entre diferentes realidades, porque é justamente nessa diversidade cultural e de desafios que se encontram as aprendizagens mais ricas. Já inspirámos a criação de um Clube Panathlon em Moçambique, onde os temas da integridade e da ética desportiva assumem uma importância central. Também incluímos na Comissão Executiva representantes de diferentes regiões da lusofonia, reforçando a dimensão verdadeiramente lusófona e internacional do Ética Summit. Somos um evento totalmente online, gratuito e em português, que garante acessibilidade e participação a todos, em qualquer lugar do mundo.

Que temas ficaram já pendentes para uma próxima edição ou gostariam de ver abordados?

Essa será uma parte essencial da discussão e do planeamento do próximo Ética Summit. Naturalmente, temos em mente alguns temas que possam ser interessantes mas queremos ouvir os participantes, recolher feedback e perceber quais os temas que mais valor acrescentam às comunidades envolvidas. A integridade desportiva continuará certamente a ser um eixo central, pois é uma preocupação transversal e permanente em todas as geografias. Para além disso, procuraremos identificar novos tópicos que possam responder a desafios emergentes e que façam sentido para todas as comunidades associadas ao Ética Summit.