Adjunto dos Celtics: «Neemy vai estar preparado para a sua grande oportunidade»

Desde que os Celtics contrataram Neemias Queta, de 26 anos, no verão de 2023, depois dos Sacramento Kings, onde atuara as duas primeiras épocas na NBA (2021/22 e 2022/23), o terem dispensado, que Boston tem apostado no desenvolvimento do poste português.

Colocaram-no a jogar simultaneamente nos Stockton Kings, da G League, para que fosse tendo mais oportunidades de atuar ao mesmo tempo que treinava com a formação de Boston e ia sendo utilizado. Há duas temporadas ajudou a conquistar o 18.º título do clube e no defeso passado renovaram-lhe o contrato por três épocas e passou a estar exclusivamente vinculado à equipa da NBA.

Face à saída dos postes que estavam à sua frente na rotação de Joe Mazzulla: Kristaps Porzingis, Al Horford (ainda free agent) e Luke Kornet e depois de no campeonato anterior já ter sido chamado em 62 partidas da regular season e com média maior de utilização (13,9m), é grande a expectativa que a equipa tem no internacional luso. Contam que tenha um ano de «grande impacto». Neemias também.

A BOLA aproveitou a presença em Portugal de Taas Ridley, um dos adjuntos de Joe Mazzulla e chefe da equipa de treinadores encarregues de desenvolvimento dos jogadores de Boston e dos Maine Celtics, e que está a participar no 'Neemias Queta Training Camp' que decorre em Carcavelos, para saber o que pensa e espera de Queta em 2025/26, como tem sido o crescimento deste e a que podem aspirar os Celtics na época.

— Como é que surgiu esta ideia de vir ao campo do Neemy [Neemias Queta] e qual é a sua missão?

— Então, a ideia foi... na verdade, era suposto ter vindo no ano passado, para o primeiro campo, mas estava a viajar e a treinar com o Jaylen Brown [dos principais jogadores dos Celtics] e a comunicação entre mim e o Neemy falhou. Mas este ano fizemos com que isso acontecesse. O meu objetivo é vir aqui e ensinar os miúdos o máximo possível e também aprender com os muitos treinadores que cá estão, assim como partilhar o conhecimento que tenho com esses técnicos [vai também dar um clinic para treinadores promovido pela Hoopers]. Mas o objetivo é apenas ajudar os miúdos o máximo que consiga.

— Mas já tem ajudado um miúdo muito grande, o Neemy [2,13m]?

— [risos] Sim, sim, tenho tido a sorte de poder ajudar o Neemy. Já estou a treiná-lo agora há três anos. Tive a sorte de estar com ele nos Boston Celtics. Tem ótimo carácter, boa energia e é uma grande pessoa.

— Como é que tem visto a evolução dele nos últimos três anos? Como é que tem crescido no jogo?

— Bem, sinto que tem evoluído a cada ano. Está a ficar melhor nas posições em que precisamos dele para ficar melhor, em termos de nos ajudar em Boston, em ser capaz de defender, em defender [jogadores] de múltiplas posições, sejam bases ou postes. Ser capaz de ganhar ressaltos, defender sem fazer faltas, ficar sem problemas de faltas e ser um grande jogador de bloqueios. Alguém capaz de criar vantagens de dois contra um para ajudar a aliviar oportunidades junto ao aro.

— Na semana passada, o Brad Stevens [presidente para o basquetebol dos Boston Celtics] fez como que um desafio ao Neemy. Tem a expectativa de que possa ter um grande impacto na equipa na próxima temporada devido aos jogadores [Kristaps Porzingis, Luke Kornet e possivelmente Al Horford, todos postes] que se foram embora. E que tudo só depende do Neemy. Ele é que tem de...

— … querer!

— Sim. Também tem essa ideia, que ele pode ter um grande impacto?

— Sim, o Neemy e eu temos tido muitas conversas, com todas as transferências, contratações e connosco a perder jogadores. É uma grande oportunidade e um grande ano para ele. Sinto que vai estar preparado e vai estar pronto. Definitivamente, terá bastantes oportunidades para jogar esta temporada, para contribuir e ajudar-nos a ganhar muitos jogos. Por isso, acho que terá de encarar as coisas um dia de cada vez e focar-se em ficar na melhor forma possível, cuidar do corpo. E ficar 100 por centro saudável irá ajudar.

— Em que aspectos do jogo ele tem de crescer de forma a  poder dar o passo para enfrentar o desafio que lhe fizeram?

— Acho que o próximo passo para o Neemy é ficar na melhor forma possível. A sua condição física tem melhorado, pois assim pode passar mais tempo dentro de campo. E também, como disse, defender sem fazer faltas e expandir o seu jogo de forma a poder fazer lançamentos de três pontos, triplos do canto, triplos da cabeça do garrafão… Mas cada dia é um dia de desenvolvimento, cada dia é um passo para melhorar. O seu próximo nível de crescimento é ser capaz de fazer alargar o campo, marcar triplos de forma consistente e jogar sem cometer faltas.

— O Joe Mazzulla é um treinador muito duro?

— [risos] O Joe Mazzulla é um treinador único. É um grande tipo, ótima pessoa, bastante único, mas exige excelência. Vai puxar por ti para obter o que quer.

— E é assim apenas com os jogadores ou também com os adjuntos?

— O Joe é a mesma pessoa com todos. É o mesmo com os treinadores, com os jogadores, com as pessoas do departamento [basquetebol]. É sempre o mesmo.

— O que é que os Celtics podem esperar na próxima temporada sem o Jayson Tatum [operado ao tendão de Aquiles]?

— Acho que na próxima temporada — termos perdido o Tatum prejudica-nos muito —, na próxima época podem esperar muito dos elementos que faziam parte do grupo stay ready [estar pronto, suplentes que entravam ocasionalmente mas a quem era pedido bastante] e que não jogaram muito no último ano. Podem esperar que muitos desses estejam preparados e possam contribuir mais esta época. Irão haver bastantes nomes de que as pessoas, provavelmente, não conhecem, tão bons quanto as superestrelas, mas são tipos que investiram muito tempo no seu desenvolvimento e que trabalham no duro. Como viu, o Payton Pritchard [base dos Celtics] foi eleito Sexto Jogador do Ano [melhor suplente] e vai passar a ter um grande papel, Neemy, quando regressar, terá um papel importante, Jaylen Brown vai ter um grande papel, Anthony Simons, um novo jogador que chegou, Luka Garza, Josh Minott... estou entusiasmado. Estes indivíduos, todos novas peças, serão colocados todos juntos, sinto que Boston deve esperar um grupo que vai jogar muito duro.